Por que Não?

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Depois dessa minha afirmação boba, eu ouvi:
— Pode entrar! Ainda bem que veio.
Então, meio sem jeito, entrei lá e me aproximei lentamente da mesa dele. A cadeira alta estava de costas para a porta, então ele não me viu. A sala era bonita, era toda branca, uma mesa de vidro grande como mesa principal, uma cadeira com um encosto enorme revestida de couro, dois sofás brancos no lado direito da sala, uma estante com alguns livros que eu tenho certeza que nunca foram sequer lidos à esquerda e logo na frente da porta, uma janela enorme substituindo a parede para fora dos muros.
Ao me aproximar, fui vendo tudo e quando cheguei, pus com certa força minhas mãos na mesa então...
— Jonas, estava te esperando amigo. — Uma voz vinda de trás daquele encosto, veio com um tom amedrontador.
— Denis, se for você mesmo, vire-se. Sou eu, Jonas John Rocket. — Disse um pouco apavorado, mas mesmo assim confiante. Até que o encosto começou a se mexer e virar. Pude logo ver a face de meu velho amigo e então...
— Você demorou, mas ainda sim chegou. Bom te ver Jonas. — Denis disse, mas não parecia ele. Esse não era mais o Denis que eu conhecia.
— Por que você se tornou o "Red"? Um vigarista que não liga para mais ninguém além de você? — Peguntei num tom arrogante.
— Uau, você encontrou aquele treinadorzinho de nada. Eu não me tornei nada, só deixei sair o que estava preso dentro de mim. Sinto que você também prende um outro Jonas aí dentro de você. Um Jonas que só quer saber de capturar todos os pokémon existentes sem pensar no fato de que alguns pokémon podem ser de outros treinadores. Confesse, Jonas, eu e você não somos muito diferentes. — Eu não pude dizer nada durante o discurso dele. Ele estava certo, eu só queria todos os pokémon para mim. Ou quase certo, eu fui a procura dele para que pudéssemos continuar nossa jornada juntos, eu, ele e minha naomrada, Tabita.
— Não! — Eu respondi, sabia que eu não era só isso. — Eu não vim atrás de você porque eu só quero todos os pokémon para mim. Eu vim atrás de você porque você era, é um grande amigo meu. Eu vim atrás de você para que possamos continuar nossas jornadas juntos.
— Errado. — Ele disse tentando me corrigir. Fiquei com medo da resposta dele. — Você veio atrás de mim porque sabe que eu sou muito melhor que você em batalhas pokémon. Você veio atrás de mim porque quer que eu te ajude a capturar pokémon, porque você não sabe qual pokémon é mais fácil de capturar. Você veio atrás de mim a fim de continuar com seu escravo para batalhar enquanto você captura. — Eu não pude refutar esse discurso dele. Estava certo, eu realmente queria continuar minha jornada com ele para ele continuar batalhando até que eu pudesse ser o maior colecionador que o mundo já viu.
— Mas pense junto comigo, Jonas. Está surgindo uma nova moda agora. Você abre uma empresa e contrata pessoas para fazer o que você tem preguiça de fazer enquanto você os paga uma merreca e ainda ganha com isso. Foi só disso que eu precisei para me libertar. Eu não preciso mais batalhar para ter bons pokémon e aumentar meu lugar no ranking de melhores treinadores até ser Mestre Pokémon. Eu só preciso que meus agentes vão e façam todo o trabalho para mim. — Denis então começou com um discurso para tentar me convencer de que o que ele fazia não era errado. Ele realmente conseguiu me convencer, até por isso sou o que sou hoje em dia.

Tabita Narrando

Eu esperei o Jonas lá em baixo junto com aquele treinador cujo nome não conhecíamos.
— Eu espero que o Red não esteja fazendo com o Jonas a mesma coisa que ele tentou fazer comigo. — O treinador comenta com um tom de preocupação.
— O que o Denis tentou fazer com você? — Perguntei para tentar passar o tédio.
— Ele tentou me convencer de que o que ele faz não é errado. Ele me fez um discurso me chamando de amigo e dizendo que se eu abrisse uma empresa, eu não precisaria mais fazer nada, só ficar sentado enquanto meus agentes faziam o trabalho sujo e me transformariam em um Mestre Pokémon de alto nível. — O treinador disse, tentando me explicar o que o Denis talvez estivesse tentando fazer com meu Jonas.
Eu fiquei olhando os olhos dele por uns instantes, olhos castanhos. Ele num todo não era feio, era até bonitinho. Então comecei a pensar se o Jonas se tornasse o que eu temo agora, o que eu seria sujeitada a fazer. Pensar nisso e olhar para aqueles belos olhos daquele garoto me fizeram tomar uma atitude meio inaceitável para alguém que namora. Eu quase saltei no pescoço daquele garoto e dei-lhe uns beijos longos e quentes. Na verdade eu fiz isso, mas não saltei. De início ele estava em recusa, mas depois de pouco tempo, ele se rendeu a mim. Foi aí que eu lembrei, eu namorava o Jonas, não podia fazer nada que não fosse com ele. Depois de lembrar disso eu tentei parar de beijar aquele treinador, mas ele me segurou e me pegou no colo...
Depois disso eu não lembro de muita coisa, só que na hora que ele me pegou no colo, estava quase anoitecendo e a hora que acordei estava nua em um lugar que não conhecia de manhãzinha.

Jonas Narrando

Depois daquele discurso e de passar uma noite jogando uns videogames que o Denis tinha em sua sala particular, minhas ideias de capturar pokémon foram se esvaindo. Logo de manhã eu acordei com o corpo coberto por salgadinhos sentado num pufe de bolinhas de isopor. Olhei para minha frente e vi a TV e virando para o meu lado esquerdo, eu vi o Denis nas mesmas condições. Decidi desistir de levá-lo comigo em minha jornada, mas a ideia da noite passada não saía da minha cabeça, eu precisava conversar com a Tabita para me livrar dessa ideia maluca. Então saí da sala do "Red", desci o prédio todo e cheguei no saguão onde deixei o treinador e Tabita na noite passada.

Pokémon: O Lado SombrioWhere stories live. Discover now