CAPÍTULO 26

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Depois de tomar meu café da manhã, decido ir até o quarto da Vanessa, que até agora não deu sinal de vida. Ela sempre gostou de acordar tarde e agora que está grávida, não há quem tire a mulher daquela cama antes das dez.

Caminho com cautela até a sua porta, ela está entreaberta e quando meu olhar corre a procura da cama, percebo que ainda dorme feito um bebê. Ela sempre gostou de me acordar com barulhos ou pulando em cima de mim, mas não vou arriscar dar o troco e depois acabar com um olho roxo.

Meu celular vibra em meu bolso, e com rapidez me afasto do quarto para não acordá-la.

Certo, me diga que está voltando hoje ? — Collin diz com desespero.

— Collin, não posso voltar agora, você sabe, eu te disse que ela ainda não está bem.

O chefe está uma fera Léo. Você precisa voltar ou vou cometer um crime!! — Percebo a impaciência em sua voz.

— O que ? Pretende me matar ? — Solto um riso. — Você não sobreviveria um dia se quer sem mim.

Estou dizendo que estou prestes a matar seu chefe. Você eu posso deixar pra depois. — Responde com desdém.

— Ok, olha só, eu preciso mesmo que você segure as pontas por aí.

A grávida comilona não está bem ?  Ou ela está te mantendo como refém ? 

Collin, acredito que você têm coisas importantes a fazer, então apenas trabalhe. — Ignoro sua gracinha.

Chato como sempre! — Resmunga. — Ok, depois nos falamos.

Me despeço e desligo a chamada. Collin é maluco e baderneiro, mas não deixa de ser um ótimo amigo, ele está ajudando com os meus casos enquanto não posso estar por perto.

Escuto o som do chinelo barulhento que vem se arrastando desde o corredor, e quando se aproximam percebo que a dona deles está estranhamente sonolenta e com uma cara nada amigável.

— Bom, dia? — Meu cumprimento sai meio incerto.

— Péssimo dia!! — Resmunga e se joga em meu colo.

Tento controlar a cara de dor já que ela não está mais tão "leve" como antes.

— O que houve ? — Pergunto enquanto afago seus cabelos
bagunçados.

— A noite anterior não foi tão boa como eu pensei. Queria poder dormir mais um tempo e acordar quando não houver mais problemas. — Seu olhar fixa o chão e permanece assim por um tempo.

— Do que está falando ? — Me preocupo ao ver seu estado. — Do cara do buquê ? Quem ele é afinal?

A presença daquele homem me incomodou bastante, ele não me pareceu alguém confiável e isso me preocupou, principalmente quando levou a Vanessa para o quarto. Aquilo de certa forma me deixou nervoso, eu não consegui entender o que ele fazia aqui e o por que da Vanessa dar atenção à ele.

Ela se levanta do meu colo e senta ao meu lado. Seu suspiro sai alto e ela se joga para trás.

— Léo, eu não te contei mas... — Ela me olha. — Quando eu voltei encontrei o pai do meu filho, e agora ele está querendo se desculpar, por isso ele veio ontem.

Paro para pensar um pouco e acabo entendendo o que não me fez se sentir feliz.Não posso acreditar que estive tão próximo do canalha e nem tive a chance de quebrar os ossos dele.

— Você, está bem ? Parece nervoso. Quer uma água?

Me sinto impaciente e a olho com seriedade.

— Água ? — Solto um riso sem humor. — Por que não me avisou sobre isso ? Eu fiz você me prometer que me contaria caso aquele idiota aparecesse. — Bufo

Ela me olha assustada e se afasta um pouco.

— Eu não pensei que ficaria tão nervoso. — Diz baixinho.

Respiro fundo na intenção de me acalmar. Mas não tenho sucesso, apenas me levanto e vou até a cozinha preparar algo para ela comer, talvez isso ajude a me tranquilizar.

Enquanto preparo o suco ouço a campainha tocar, deixo o copo onde está e vou até a porta.

Ao abri-la vejo a pessoa que mais odeio no mundo. Não disfarço o nervoso em meu semblante.

— A Vanessa está ? — Pergunta sem dar importância.

Balanço a cabeça para os lados e solto um riso forçado.

— Como tem coragem de chegar perto dela novamente ?

Ele me olha com raiva mas logo disfarça com um sorriso falso.

— Você é o namorado? — Ele ri. — Se for eu preciso te explicar que não me importo se quiser ficar com ela, eu só quero ser gentil e ajudar com o garoto. — Completa enquanto dá de ombros.

.— Ser gentil ?. — Ele franze o cenho. — Isso é uma obrigação! Aliás se preocupe com a pensão que terá que pagar, afinal você deixou bem claro que não tem nenhuma afeição pelo bebê. Espero que entenda de uma vez que posso cuidar muito bem deles, mas não pense que vou aliviar as coisas para o seu lado. — Altero a voz.

—  Já terminou? Ótimo! Porque estou com pressa, onde está a Vanessa? —  Seus olhos vão para além de mim.

— Não estou a fim de conversar com você, Jacob.

Sinto uma mão sobre o meu ombro e percebo Jacob se assustar.

— Tudo bem. —  Tentou disfarçar seu nervosismo. —  Vou voltar outra hora, ou não.  —  Agora seus olhos estão cravados em mim, como se tentasse me intimidar. — Acho que seu filho tem um pai agora... —  Forçou um riso. —  Boa sorte com isso!!

Respiro fundo tentando mandar para longe a vontade de socar seu rosto.

—  Vá embora antes que eu faça uma besteira! —  Jacob finge não se abalar e olha para Vanessa, esperando por alguma reação.

— Você ouviu não é ? — Ela o olha com um sorriso forçado. — Então apenas suma, Jacob, e deixe a gente em paz.

Ela me puxa para trás e bate a porta com força. A olho surpreso e um sorriso vitorioso nasce em seus lábios.

— Somos uma dupla e tanto não é mesmo?!. — Diz com orgulho.

Balanço a cabeça para os lados e sorrio. — Somos sim — Concordo para que ela fique satisfeita.

A Vanessa é o tipo de mulher que tenta não se abalar com os problemas da vida, até deixa transparecer alguns sentimentos as vezes, mas nunca é de propósito , é como se isso fosse uma falha. Eu a conheço muito bem por isso não me engano com seus sorrisos e piadas despreocupadas, durante esses anos eu aprendi a desvendar seus "disfarces".

— Léo, por que eu não posso comer doces ? — Pergunta indignada com um bico se formando nos lábios.

— Porque a médica disse que você precisa comer coisas saudáveis e diminuir essas besteiras. Eu achei que tinha entendido isso! — Beijo o topo de sua cabeça e ligo a televisão.

Ouço seu grunhido.

— Quando meu filho nascer, vou comer todos os doces existentes na cidade. — Diz emburrada.

— Te deixarei a vontade, saiba disso. Só não ensine isso ao meu filho.

Eu deixei claro desde o inicio que ajudaria a Vanessa no que fosse preciso, e se depender de mim registraria a criança no meu nome, não sei ao certo como ela reagiria com isso, afinal somos apenas amigos e não um casal de verdade. Isso pode trazer um certo desconforto para ela.

Ao perceber que acabei de chamar o seu filho de "meu" me viro para ela preocupado com a sua reação, mas ela simplesmente sorri contente, o que me deixa muito mais aliviado e me faz sorrir também.

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Obrigada por ler❤

Cabem mais dois ? [SEM REVISÃO]Kde žijí příběhy. Začni objevovat