— Até ficar sentada o dia todo lendo os prontuários não o convenceu — resmungo mais uma vez baixinho. — Pelo menos posso ficar de olho na dona Ana e assim tentar afastar aquela assombração que ela chama de neto.

— Safira, falou comigo? — pergunta, Alaric.

Fecho meus olhos e respiro fundo, o grito ficou preso na minha garganta ao lembrar que estou em um ambiente hospitalar. Merda. Tinha esquecido que ele estava atrás de mim. Quando Marcus saiu do consultório, e fiquei apenas com a enfermeira aplicando uma medicação para aliviar a dor, ele foi atrás do Marcus. Imaginei que não voltaria, estava saindo do consultório quando ele surgiu dizendo que iria me acompanhar até o quarto Diogo, mesmo que eu não tenha dito uma palavra que iria até ele.

— Não — murmuro, sem me virar para ele.

— Tudo bem — diz, e o ouço se afastar alguns passos falando algo que não compreendo.

Ao me virar noto que o mesmo está com o telefone no ouvido. Volto a caminhar e não vou muito além, quando esbarro em alguém. Ao erguer a cabeça sinto vontade de bater na pessoa com o meu braço imobilizado, para tentar arrancar esse sorriso irônico de seu rosto.

— Se machucou, Safira? — pergunta Lorenzo ironicamente.

— Não, Lorenzo, estou apenas testando como é ficar um tempo com tala e gesso para saber como os pacientes se sentem — respondo no mesmo tom, e seus olhos cintilam de raiva.

Idiota!

— Safira... — Estala a língua como se estivesse repreendendo uma criança. — Não sabe com quem está mexendo.

— Você que não sabe com quem está mexendo, Lorenzo — rebato. — Posso parecer ingênua, mas você não me conhece. Então faça uma coisa útil, me deixe em paz.

— Sua...

— Sua o que? — Minha voz se ergue alguns tons.

— Está tudo bem, Safira? — Uma voz forte ecoa perto de nós.

Ao me virar noto que Alaric encerrou a sua ligação, e com poucos passos chega perto de nós. Sua costumeira expressão séria que o deixa bem assustador, está em seu lugar. Quando volto meus olhos para Lorenzo sinto vontade de soltar uma gargalhada ao vê-lo engolir em seco.

Ora, ora... Onde está a coragem agora?

— Tenho que ir — balbucia, e simplesmente quase corre para longe de nós.

Babaca!

— Obrigada, Alaric.

— Não precisa agradecer, Safira. Esse homem é um idiota. — Aponta com a cabeça o quarto do Diogo. — Vamos?

Apenas afirmo com a cabeça antes de caminharmos os poucos passos que faltavam para chegar ao quarto do Diogo. Inspiro e solto o ar lentamente antes de abrir a porta, ao visualizar o interior do quarto, encontro Eleonor sentada na cama conversando baixinho com o filho, no canto do quarto um homem estranho está parado que nem uma estátua.

— Sean, irei assumir o posto agora, pode vigiar o corredor — ordena, Alaric.

Ao ouvir sua voz, Eleonor e Diogo notam a nossa presença, e ante seus olhares me sinto imensamente tímida.

— Oi. — Abro um sorriso amarelo.

— Safira. — Eleonor sorri ao se levantar da cama e caminhar até mim. — Como está se sentindo?

— Cansada e com dor — respondo sinceramente. — A medicação que Marcus prescreveu para a dor após a enfermeira aplicar aliviou muito, mas ainda está aqui me incomodando.

Uma Chance para Amar (01)  | ✓ Where stories live. Discover now