Scarlet

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Quando saio da casa do pai do Jake não me vou embora, quedo-me pelo jardim da entrada da casa. Eu percebo que isto seja muito para o Jake, muitas informações ao mesmo tempo, mas não tem que afogar a sua raiva na bebida. Sei que me ia dizer coisas odiosas e vai ficar bêbado, não há nada que o detenha nisto, por isso saí.
Não tenho de ficar ali a vê-lo desperdiçar mais um dia da sua vida.
Ele estava uma pilha de nervos, uma bomba prestes a explodir, só porque estávamos a jantar com o pai dele, receber a notícia de que vai ter um irmão, quase ao mesmo tempo que a mãe vai voltar a casar, foi demasiado para ele.
Sento-me na relva fresca com as costas apoiadas numa árvore e solto um suspiro. Esta noite foi um fiasco, acho que não podia ter sido pior. O Jake até esmurrou o próprio pai, podia piorar? Acho que não.
Não quero deixar que ele se embebede e fique estúpido como ficou da última vez. Quero o Jake que amo, não o Jake bêbado revoltado.

Passada uma hora continuo sentada ao pé da árvore, imóvel. Ouço um grito seguido a um estrondo dentro de casa do pai dele, por isso bato à porta para entrar.
Quando a Loris me abre a porta, tem a cara lavada em lágrimas e vejo atrás dela, na sala, vidros estilhaçados ao longo do chão e o Jake a sair de novo para o pátio.
Vou até lá e quando transponho a porta da sala para o ar frio da noite, vejo-o a soltar uma data de palavrões aos gritos, abafados pelo vento.
Aproximo-me dele e sinto o cheiro do whisky já há distância. Nem quero saber quando é que ele bebeu...
Agarro-lhe as mãos e faço-o parar de andar.
-Larga-me, foda-se! - Vocifera, mas eu nem pestanejo.
-Não! Tens de te acalmar, estás muito bêbado, demasiado bêbado. Por favor, Jake... - Balbucio e ele revirar os olhos e levanta a mão. Por um momento pensei que ele me fosse bater, mas ele só fez este gesto para puxar o cabelo, hábito que tem quando está frustrado. No entanto, ele percebeu que eu me retraí, e a sua expressão muda de furiosa para com medo e aterrorizada.
-Pensaste que te ia bater? - Pergunta numa voz trémula e os olhos cheios de preocupação.
-Não... Eu... - Não consigo arranjar desculpas. Ele nunca foi violento comigo, não tinha razões para me retrair, mas mesmo assim fi-lo. - Olha estás muito bêbado, e a assustar-me, não pensei.
-Devias saber que bêbado ou não, nunca te bateria. - Diz.
-Eu sei. Por favor, podemos voltar para casa? - Peço. Está noite foi um terror, só quero que o Jake não se passe mais uma vez e ter uma boa noite de sono.
Ele debate-se interiormente, mas acaba por ceder.
Eu conduzo, visto que o Jake bebeu uma garrafa de whisky sozinho. Quando chegamos a casa, dou graças a Deus que o meu pai e a Leah saíram.
Levo o Jake até ao quarto e começo a vestir uma roupa confortável para dormir e, claro está, que o Jake nem tenta disfarçar o que está a pensar. Passa a língua pelos lábios, prendendo o piercing entre os dentes e olha ora para o meu corpo or para a minha boca.
É que nem pensar! Esteve a beber e ainda acha que vai ter recompensa por ter feito um escândalo na casa do pai dele?! Não, nem pensar.
-Vem cá. - pede numa voz arrastada e estende os braços para mim. Abano a cabeça negativamente e deito-me na cama. - Oh, vá lá, preciso de me distrair...
-Eu não sou uma distração. - Quando digo isto, ele sorri maliciosamente e deita-se na cama em cima de mim, com o peso apoiado pelo braço. A mão livre que tem percorre ao de leve a minha cintura. Sinto o meu corpo todo a estremecer ante ao seu toque. Ele sabe que tem este controle sobre mim, por isso é que o faz. Beija-me com ternura no pescoço e na linha do maxilar, até chegar à minha boca.
Tenho i corpo todo em chamas, mas não vai acontecer. Ele fez muita porcaria esta noite, nem pensar que vai chegar a casa e eu vou continuar a ceder.
Para não me envolver mais do que já estou, viro o meu corpo para o lado e o Jake começa a rir.
-Que teimosa! - Diz entre os risos, mas depois acaba por se deitar ao meu lado, puxando-me para ele. Fico com a cabeça deitada no seu peito tatuado e delineio as tatuagens com as pontas dos dedos. São quase indecifráveis, algumas.
-Desculpa. - murmura o Jake passado algum tempo. Mantenho-me calada. - Fiz uma cena enorme, embebedei-me, fiz merda, outra vez. É só que são muitas notícias ao mesmo tempo, e está merda de ter um irmão foi a última coisa que me passou pela cabeça. Só de estar na mesma saco o meu pai já foi agonizante, foi a gota de água. - Explica.
-Eu percebo. A sério que sim, só gostava que não descarregasses a tua raiva para o álcool e violência. Bateste no teu pai, Jake, não se pode repetir. - Digo, enterrando mais a cara no seu peito nu.
-Eu sei, tens razão. Ando a lutar contra isso, mas foram demasiados anos como cabrão. - Beija o cocuruto da minha cabeça.
-Só tenta não repetir, está bem? - Peço. Acho que não aguento mais um ataque de fúria do Jake.
-Viu fazer tudo por isso. Perdoas-me? - Pergunta numa voz esperançosa. Ainda tem de perguntar, sequer?
-Claro que sim. - Ao dizer isso, sinto o seu corpo relaxar debaixo do meu, deixo-me acomodar no seu peito e continuo a passar os dedos pelas suas inúmeras tatuagens.
-Amo-te. - Declara depois de algum tempo.
-Também te amo. - Repito. E é isso que me faz aguentar estes ataques de fúria, todos estes problemas, é o facto de eu o amar. - Ainda estás bêbado? - Pergunto.
-Um bocadinho. - Responde.
-Bebeste uma garrafa inteira e só estás um bocadinho bêbado? - Arqueio uma sobrancelha e ele ri.
-Discutir contigo põe-me sóbrio, querida. - Gosto quando ele me chama de querida. Eu e o Kevin nunca fomos muito adaptos a nomes carinhosos, mas quando é o Jake a dizê-lo, fica perfeito.
-Acredito mesmo nisso. - Rio-me e ele acompanha.
-És exasperante, metes qualquer um sóbrio! - Provoca.
-Eu sou exasperante? Tu é que estavas bêbado! Acho que o álcool ainda não te saiu do sangue, não estás com o juízo claro! - Brinco e ele solta uma gargalhada.
-Eu nunca tenho o juízo claro quando estou contigo. - Diz e vem para cima de mim. - Pões-me louco, Scar...-Murmura para o meu pescoço, causando-me um arrepio pela espinha. - Não dizias que não ias fazer nada comigo hoje? - Provoca, ao deixar um traço húmido da língua pelo meu pescoço.
Os meus músculos retesam e a minha respiração altera-se.
Ele começa a beijar-me lentamente, num gesto profundamente carinhoso e brinca com o seu nariz no meu.
-Amo-te tanto Scar...-Diz na minha boca. Fecho os olhos e deito-me no seu peito.

Esta manhã acordei eram nove da manhã, tomei o pequeno almoço, treinei durante uma hora e meia e tomei um duche.
Já são meio dia e o Jake ainda não acordou, mas deve estar d e ressaca, por isso deixo-o dormir. Deixo um bilhete na mesinha de cabeceira a dizer que fui comprar o vestido com a mãe dele e desço as escadas, encontrando a Leah muito sorridente ao pé da porta de entrada.
-Pronta? - Pergunta muito contente.
-Absolutamente.
-Muito bem, primeiro vamos almoçar com a minha amiga e depois vamos às compras do vestido! - Ela está muitíssimo feliz quando chegamos ao carro.

Chegamos à baixa de Nova Iorque, com o seu movimento impossível habitual e paramos no café com esplanada muito agradável.
-Mesa para três. - Pede a Leah à empregada de mesa. Ela acente e conduz-nos até à esplanada do café, numa pequena mesa com quatro cadeiras.
-A Deborah deve estar quase a chegar. Oh ali está ela! - A Leah aponta para uma senhora na passadeira a correr com uma mala castanha. Ao se aproximar de nós vejo que é uma mulher muito bonita, já com a sua idade, mas não por isso menos bela. Tem cabelos curtos castanhos encaracolados e uns olhos castanhos esverdeados muito bonitos.
-Desculpa, querida, pela demora, já estão há espera há muito tempo? - Pergunta, dando dois beijinhos à Leah e a seguir a mim.
-Não, acabamos de chegar. - As duas mulheres sentam-se nas devidas cadeiras.
-Deves ser a Scarlet, eu sou a Deborah! - Apresenta-se com um sorriso caloroso.

Depois de indicarmos os nossos pedidos à rapariga que nos atendeu, a Deborah estampa um sorriso enorme no rosto.
-Tenho lá uns vestidos que acho que vais adorar!- Os olhos da Leah estão a brilhar de felicidade.
-Confio em ti e no teu salão. Já só tenho dois meses e meio! - Exclama a Lea no seu sotaque inglês.

Chegadas ao salão de vestidos de noiva da Deborah, entramos num espaço acolhedor, cheio de vestidos de noiva em todo o lado.
Eu a Leah e a dona do salão começamos a percorrer os vestidos e a noiva escolhe um.
-Este é tão lindo! - Exclama, extremamente excitada. Escolheu um vestido com algumas pérolas e brilhantes no corpete e liso da cintura par abaixo, não muito espalhafatoso, um vestido relativamente simples, mas muito bonito.
Vejo um vestido branco marfim comprido, com uma renda simples e alguns brilhantes no corpete que se entendem para umas alças que cobrem apenas os ombros. O vestido não é nem largo nem demasiado justo na saia, estilo sereia, e o tecido é lindíssimo.
Mostro-lhe o vestido e o seu olhar quando o vê é radiante.
-Tenho que o experimentar já! - Ela pega no vestido e dirige-se para o gabinete de provas.
Quando sai de lá e vem ter comigo e com a Deborah, fico paralisada com a visão. O vestido assenta-lhe na perfeição, e quando ela se vira para o espelho, as lágrimas vêm-lhe aos olhos. Ela está absolutamente linda!
-Ai Deborah, é este! Este é perfeito! - Limpa as lágrimas com as costas da mão e eu sorrio. - Ainda bem que vieste, Scarlet! Escolheste o vestido perfeito! - Ela desce do pequeno palco que há para as noivas mostrarem o vestido é dá-me um abraço.

Chegamos a casa já com o vestido alugado, e com um sorriso de orelha a orelha.

STAY STRONGWhere stories live. Discover now