Jake

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Acordo de manhã com a Scarlet enrolada à minha volta. Foda-se está um calor insuportável. O cabelo loiro escuro dela cola-se-lhe à cara por causa do suor. As suas pernas estão entrelaçadas nas minhas e um dos braços em volta do meu tronco. Porra ela é linda, as suas pernas são macias, e ela com a minha t-shirt fica espetacular. Parece que ambos gostamos que ela use as minhas blusas.
Fico a observar o rosto dela por uns bons vinte minutos, até ela abrir os olhos lentamente e dar comigo que nem um idiota a olhar para ela.
-Hei, bom dia. - Digo e ela faz um sorriso ensonado.
-Bom dia. Está tanto calor aqui! - Exclama o que pensei quando acordei.
-Pois está. - Concordo.
-Que horas são? - Pergunta.
-Sei lá. Devem ser uma dez da manhã ou assim, não vi as horas ainda. - Estava demasiado ocupado a olhar para ti... Ela vira-se na cama e vê no relógio em cima da mesinha de cabeceira as horas. O rabo dela fica encostado mesmo ao ponto que anceia por ela. Foda-se.
-Nove e quarenta. - Diz e roda outra vez para me olhar nos olhos. Levanta os braços e espreguiça preguiçosamente. -  Bem, temos de nos levantar.
-Porquê? - Por mim ficava na cama com ela o dia todo, imagine-se as coisas que poderíamos fazer...
-Olha porque... Não sei. - Sorri e eu também.
-Então está decidido ficamos na cama. - Ela ri ainda mais, quero ver este sorriso mais vezes.
-Que desperdício... - Murmura, mas aninha-se mais a mim, prova de que não vai tentar ripostar mais uma vez.
-Amo-te. - Digo do nada. Preciso que ela saiba que a amo e preciso de a ouvir dizer que me ama. Podem achar psicótico, mas eu não quero saber. Quero que ela me ame, e também quero ser digno disso. Estou a tentar, mesmo muito, mas sei que quando as aulas começarem as coisas vão ser diferentes. Por mim ficavamos sempre nesta casa, no nosso mundo, no nosso próprio livro. Sem os meus amigos a chatearem ou as galdérias que já comi a relembrarem-me constantemente que sou um pulha. É a verdade, mas a Scar tem um coração de ouro, e não sei como aceitou o meu passado.
-Também te amo. - Diz e sorri. Os seus olhos azuis estão a brilhar ante a luz da manhã. Passado um minuto de silêncio, ela decide falar, com o que não podia deixar de ser, uma pergunta. - Que tipo de livros é que gostas de ler?
-Que tipo é livros tu gostas de ler? - Inverto a pergunta.
-Perguntei primeiro. - Diz num tom desafiador.
-E eu em segundo. Agora, que tipo de livros tu gostas de ler? - Ela revirar os olhos num falso exasperamento e depois sorri.
-Clássicos apenas. Detesto livros contemporâneos. - Afirma. Concordo plenamente com ela, os meus gostos por livros também são só clássicos, estes muito variados, claro, mas nada de leitura contemporânea. Por isso é que quando trabalho para a editora me farto facilmente de alguns livros que me apresentam. As mesmas histórias, os mesmos romances, os mesmos estúpidos e insignificantes problemas.
-Ah é? Eu também penso assim. - Concordo e ela parece ligeiramente surpresa.
-Bem, isso explica a tua coleção. - Aponta para a estante cheia de livros gastos e antigos que tenho ao fundo do quarto.
-Pois explica. Também já vi a tua coleção, nada má. - Replico.
-O quê? Estiveste a mexer nas minhas coisas enquanto eu não estava? - Sorri surpreendida.
-Bem, não me deixaste ir para o duche contigo, por isso... - Ela começa a rir e eu também.
-Não precisavas de ir às escondidas, eu própria te mostrava os meus livros. - Rio-me com ela. Não estava à sucapa, estava à espera dela.
-Claro... Acho que te sentirias um bocadinho envergonhada, tendo em comparação com a minha coleção. - Provoco-a. Tenho a perfeita noção que os livros dela são basicamente todos os que tenho, em número e qualidade, mas só de ver a cara dela indignada já sei que valeu a pena.
-Ai é? Tu deves te ter sentido um bocadinho envergonhado quando te dei uma coça no ringue. - Desafia. Estou a adorar isto, porra e sei que ela também.
-Tu não me deste uma coça, eu deixei-te ganhar. - Replico. É uma meia verdade, não a deixei ganhar, porque ela não é nada má naquilo, mas também não a queria magoar.
Ela dá-me uma palmada no braço e quando afasta a mão eu pego nela.
-A verdade é que aposto que ainda tens mais truques para me ensinar... - Provoco é puxo-a mais para mim. Estou teso como tudo, e ela aqui a provocar-me... Ela engole em seco quando eu me ponho em cima dela, uma das minhas mãos a acariciar-lhe o rosto suave e a outra a apoiar o meu peso.
Começo a dar-lhe pequenos beijos na linha do maxilar e sinto a sua pele a estremecer ao meu contacto. Adoro a maneira como o seu corpo responde ao meu.
A minha respiração altera-se automaticamente ao ver as costas dela arquearem-se e o meu cara lho mexe-se nas calças. Foda-se eu tenho de me controlar , ir com calma, esta mulher é virgem. É preciso muito autocontrolo para não me perder completamente nela agora mesmo, mas quero ir com calma. Calma Jake, tem calma.
A verdade é que não consigo, continuo a percorrer o seu corpo com a minha língua, tenho de ter autocontrolo suficiente para não a comer agora mesmo.
No entanto, controlo-me e limito-me a observar-lhe o corpo, a sua fina película de suor que se vai formando na pele macia dela, os olhos azuis grandes a brilhar. Ela é linda foda-se, é impossível não estar louco por ela fisicamente.
Mesmo assim, é muito mais que físico, ela é espetacular, e eu amo-a.

-Estou cheia de fome. - Queixa-se a Scar quando são uma da tarde.
-Eu também, é o que dá não tomar pequeno almoço. - Digo enquanto sinto a minha barriga a dar voltas de fome.
-Vamos lá para baixo, tenho de comer! - A Scar levanta-se.
-Está bem, tenho a certeza que a minha mãe já está a fazer a merda de um banquete. - É verdade, ela faz sempre refeições enormes.
-Pois é. - Ela ri-se e sai do quarto em direção ao seu.
Quando a vejo sair do quarto continua com a minha t-shirt, mas agora tem uns calções curtos de algodão largo vestidos.

Descemos até lá embaixo e, como previsto, a minha mãe está a pôr a mesa para o almoço.
-Também comem? - Pergunta a minha mãe com o seu sorriso caloroso habitual. Sei que ela está muito mais feliz agora, porque eu já não estou sempre bêbado, ou pedrado, ou na pancadaria com toda a gente, isto tudo por causa da Scar.
O George entra na sala já vestido e dá um beijo na bochecha da minha mãe. Nem quero acreditar que eles se vão casar, é marado, e para além disso, em três meses. Quem é que se casa em três meses? É lixado, e também é lixado que ninguem ache bem que eu e a Scar andemos. Não percebo a nóia, não partilhamos qualquer sangue, foi pura coincidência que os nossos pais andem juntos.

STAY STRONGWhere stories live. Discover now