Scarlet

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Baixo o pé do colo dele e ambos nos aproximamos. As mãos enormes dele puxam-me pela cintura e acabo escarranchada no colo dele. Fiquei completamente inebriada pelo gesto dele de me massajar os pés e da maneira que olha para mim. Começamos a beijarmo-nos e sinto o frio do piercing dele na minha boca. O meu corpo entra em fogo e a minha anca mexe-se involuntariamente. Ele está com uma erecção enorme e isso só me põe mais excitada. A língua dele entra para a minha boca e eu acompanho os seus movimentos lentos e insinuantes. Estou completamente à mercê dele, o meu corpo está em brasas e a forma como as suas mãos me percorrem a minha coluna e cintura estão a deixar-me louca.
Sirenes e campainhas acendem na minha cabeça. Luzes fluorescentes e alertas vermelhos surgem quando me apercebo do que estou a fazer. O Kevin, oh meu deus, o Kevin. O meu namorado de três anos que eu acabei de trair. Quando me apercebo, saio imediatamente do colo dele e afasto-me o mais possível.
-Não posso, tenho namorado. - Digo enquanto a minha respiração volta ao normal. - Desculpa por te ter beijado.
-O quê? As pessoas beijam-se a toda a hora, não penses que isto foi alguma coisa. - Diz, completamente indiferente. A maneira como encolhe os ombros por desinteresse magoam-me e ao mesmo tempo enervam-me. Quer dizer beijarmo-nos não mudou absolutamente nada na forma como ele fala comigo. E eu a pensar que tínhamos feito progressos.
Sem dizer nada, vira costas e vai-se embora. Que raio? Saio do ginásio e vou para o meu quarto. Sei que o Jake está a tomar banho agora, por isso espero até ele sair para que não haja mais nenhum incidente na casa de banho. A verdade é que quando o vi naquele dia fiquei hipnotizada por causa dos seus músculos e das linhas de tinta que cobriam a pele.
Quando ouço a porta da casa de banho abrir e fechar-se, avanço e ponho a água escaldante a correr. Precisava mesmo disto, pôr os pensamentos em ordem. Tenho de ligar ao Kevin e contar-lhe tudo, sei que me perdoará. Podemos continuar a nossa relação como estava antes, sem segredos.
Saio para o corredor do meu quarto com a toalha enrolada à volta do meu corpo molhado quando acabo de tomar banho. Dou de caras com o Jake no corredor a sair do seu quarto. Lindo! Ele contém um sorriso quando me vê de toalha e brinca com o piercing do lábio entre os dentes. Está vestido com o que parece ser a sua única indumentária: t-shirt preta e calças de ganga pretas justas. Na verdade, ele fica lindo com esta roupa. Acredito que seja do tipo de rapaz que fique lindo com qualquer coisa que meta em cima.
Lembro-me, ao chegar ao quarto, que fiquei de ir ver a cidade com o Noah. A ideia entusiasma-me, mas depois uma coisa surge na minha cabeça. Em dois dias beijei o mesmo número de rapazes que beijei em toda a minha vida. Até há três dias atrás tinha beijado apenas o Kevin e um rapaz quando tinha treze anos. Agora, em dois dias beijei o Jake e... Bem eu não beijei o Noah, tecnicamente ele beijou-me e eu recuei, portanto quanto a isso, estou tranquila. Mas beijei o Jake, a sério.
Ligo o Skype e faço ligação com o Kevin.
-Hey linda! Como é que está a correr, estás a sentir-te bem? - Pergunta o Kevin com um sorriso de orelha a orelha.
-Sim, já estou melhor. É aí, como é que estão as coisas? - Não vou conseguir contar-lhe que beijei o Jake. Não sou capaz, não sei porquê.
-Sim é tenho boas notícias! Vou chegar a Nova Iorque uma semana antes do previsto, por isso para a semana podes contar comigo aí! - Diz e o meu coração dá pulos de alegria. Tenho saudades do Kevin, ele é família para mim.
-Isso é fantástico! - Exclamo.
Continuamos a conversa por mais uma hora até desligar.
O meu telemóvel vibra na secretária.
''Olá Scarlet, é o Noah. Que tal se te apanhar aí à uma da tarde e almoçamos na cidade?''
Respondo que sim é verifico as horas. Já é quase meio dia, por isso apresso-me a vestir. Decido usar umas calças de ganga azuis justas e uma t-shirt branca. Não costumo usar roupa assim, mas com este calor, as minhas saias compridas tornam tudo ainda mais quente. Maquilho-me levemente e ondulo o cabelo liso em ondas largas.
Quando desço ao ouvir a campainha, o Noah já está dentro de casa. Com o Jake.
Quando me vê, os dois olham para mim a descer as escadas. Sinto-me demasiado observada, desconfortável até. Os olhos do Jake seguem cada movimento que faço e o Noah está com um sorriso enorme. Quando chego ao andar de baixo, ele envolve-e num abraço.
-Pronta para conhecer a tua nova cidade? - Pergunta o Noah ao tirar os braços da minha cintura.
-Sim, prontíssima! - Respondo com um sorriso e sinto o Jake a revirar os olhos.
-Bem, vejo-te logo, Jake! - Despede-se o Noah é eu limito-me a ignorar o Jake. É o que ele tem feito comigo desde que nos beijamos.
-Então, primeiro podíamos ir almoçar ao centro. Tens fome? - Pergunta o Noah quando entramos na carrinha vermelha.
-Sim, estou cheia de fome! - Respondo e ele ri-se.
-Então sei um restaurante perfeito para irmos. - Diz é começamos a andar de carro.
Quando chegamos mais perto do centro, fico pasmada com a beleza desta cidade. Já tinha visto em fotografias Nova Iorque, mas isso não descreve de todo a paisagem que tenho diante de mim. Já tinha passado de carro por Nova Iorque antes, de táxi, mas agora estar a andar a pé aqui é completamente diferente. Sinto-me especial ao andar por estas ruas e sorrio ao ver que está cidade vai ser a minha casa pelo menos nos próximos anos.
-Vejo que estás a gostar da cidade!- diz o Noah com um sorriso quando vê que não me mexi desde que saímos do carro, limitei-me a contemplar a paisagem.
-É lindo! - Digo e o Noah pega-me na mão e gentilmente me puxa para o meio da confusão.
-Não largues a minha mão ou ainda nos perdemos um do outro. - Instrui o Noah quando andamos pelo meio da multidão de gente nas ruas desta cidade. Não largo a mão dele, aperto-a mais, a quantidade de pessoas concentrada aqui está a assustar-me.
De repente, o Noah entra num compartimento pequeno e puxa-me com ele. Suspiro quando vejo que já devemos ter chegado ao restaurante. A sala é pequena, mas muito acolhedora e com ótima decoração.
-Este restaurante tem uma comida ótima e fica a um quarteirão de Times Square. - a O Noah olha para a empregada de mesa com cabelo branco e ela apoxima-se. - Mesa para dois. - A senhora de idade acena com a cabeça e conduz-nos até ao fundo da sala, numa mesa mais reservada e dá-nos duas ementas.
Depois de almoçarmos, o Noah conduziu-me de novo para o meio da multidão e começou a andar depressa até chegarmos a uma praça enorme com placacares enormes iluminados. A cidade está cheia de luzes e gente e é uma paisagem absolutamente magnífica.
-Durante o dia é bonito, mas à noite é lindíssimo! - Diz o Noah e paramos de andar no meio daquilo tudo, num lugar com menos gente. Ele continua com a mão agarrada na minha e eu agradeço, porque se não a tivesse, provavelmente estaria perdida por aí no meio da multidão.
Não consigo parar de olhar em redor, até os meus olhos pararem nos olhos castanhos esverdeados do Noah. Ele sorri-e e eu retribuo. Ele é realmente gentil e acho que nos podemos tornar amigos, mas não mais. Amo o Kevin e namoro com ele já há três anos, não é assim tão facilmente que se abdica de uma relação tão duradoura como esta.

Depois de termos andado a tarde inteira em Nova Iorque, o Noah leva-me a casa.
-Obrigada, a sério, foi ótimo conhecer a cidade contigo. - Agradeço no carro antes de sair.
-Não foi nada, também gostei imenso de te acompanhar. - Diz é dá-me um abraço. - Vejo-te depois, sim?
-Sim.  - Concordo. Gosto muito do Noah, não é como o Jake, mal educado e temperamental. É gentil e divertido. - Adeus! - Despeço-me e ele acena-me. Entro em casa e vejo a carrinha vermelha a afastar-se.

STAY STRONGOnde histórias criam vida. Descubra agora