Conflitos familiares.

Depuis le début
                                    

— O que foi querida?

Ângela com uma leve tremedeira apontou para a porta do quarto do qual saiu.

— Ali, tem um... Um. Um.

— Fala!

— Rato!

Núbia levantou uma sobrancelha, pois realmente esperava algo bem mais assustador e Iara revirou os olhos e caminhou em direção ao cômodo.

— Esse quarto estava fechado há anos, é claro que têm ratos — disse Iara com naturalidade.

— Não gosto de ratos, não gosto não — disse Ângela abraçando o espanador. — Gosto de animais, mas não ratos, ratos não.

Núbia riu e disse:

— Eu tinha um rato quando era criança, o nome dele era peste negra, mas eu só o chamava de peste _ ao ver os olhares de estranhamento que recebia de uma mula sem cabeça e de uma sereia sentiu-se realmente estranha, e constrangida mudou de assunto _ esquece isso —. A garota então olhou o corredor adentro mordendo os lábios de curiosidade. — Mas... O que exatamente tem naquele quarto?

— Bagunça, só bagunça — disse Ângela dando de ombros.

Iara analisou o interior do quarto e deu um assobio alto, seguido de um grito:

— Noite!

Em segundos o corvo surgiu num voo rasante pelo corredor e pousou no ombro de Iara que imediatamente deu a ordem.

— Hoje é dia de caça, meu lindinho. Pegue tudo que se mecha nesse quarto, quando terminar o trabalho eu te liberto — Iara apontou para o quartinho e Noite voou para dentro do cômodo. Em seguida Iara fechou a porta e fitou as outras duas no corredor. — Pronto, daqui uns trinta minutos o quarto vai estar limpinho.

Ângela assentiu satisfeita e Núbia arregalou os olhos mas não disse nada.

— Obrigada, muito obrigada senhora — disse Ângela com um sorrisinho.

Iara abanou as mãos.

— Por nada. Mas me diga querida, por que foi fuçar aquele quarto?

— O senhor Edgar que mandou, mandou sim, que eu limpasse o quartinho da bagunça e o quarto de Messias, não me pergunte o porquê.

Iara assentiu lentamente e Núbia contraiu os lábios ouvindo aquele maldito nome "Messias" conhecido pela garota como "o cara que eu quase matei".

— Bem, então enquanto Noite faz o serviço limpe o outro quarto.

— Ah, já limpei senhora, faz tempinho que comecei.

— Não fez o café então? — disse Iara franzindo os olhos e Ângela negou.

— Não, o senhor Edgar disse que queria fazer ele mesmo o café — disse ela dando de ombros.

Iara e Núbia se entreolharam igualmente desconfiadas.

— Hum. Ok então, faz qualquer outra coisa, sei lá — disse Iara e Ângela assentiu.

De dentro do quartinho da bagunça era possível ouvir coisas serem jogadas enquanto Noite piava e dizia:

—Morte, morte, ahhhh, morte...

— Apesar de que acho que Noite vai terminar a função dele rapidinho — disse Núbia com uma risadinha.

— Ele anda com bastante energia ultimamente — concordou Iara. — Bem, vamos, estou morrendo de fome.

Iara caminhou para fora do corredor de baixo e Núbia após acenar para Ângela a seguiu.

Folclore OcultoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant