A controvérsia de Edgar

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Na hora do jantar, Noite voava pela casa revigorado, e Núbia deixou escapar um sorriso ao sair do quarto e ver o corvo tão feliz.

Edgar, na sala, notou Núbia no andar de cima e fez sinal para que ela se aproximasse.

— Gosta de picanha? — perguntou ele

— Gosto — respondeu Núbia descendo as escadas.

— Ótimo — concluiu Edgar, caminhando em direção à sala de jantar e Núbia foi logo atrás.

— Noite parece realmente bem melhor.

— De fato — disse Edgar convencido e Núbia revirou olhos. — Meu feitiço foi obviamente bem sucedido.

Ele puxou a cadeira para Núbia e só depois se sentou. Núbia estranhou a gentileza, mas ao lembrar-se que Edgar tinha mais de um século, considerou que aquilo devia ser natural para ele e assim sentou-se também.

Na mesa havia peças de picanhas bem temperadas e uma vasilha com Arroz de Carreteiro. Núbia sentiu sua boca salivar e qualquer receio que tinha até então sobre a comida feita por Edgar, passou.

Os dois começaram a jantar e logo Edgar fez algo que era raro da parte dele, puxou assunto.

— Tu me disseste que queria fazer perguntas _ lembrou ele.

Núbia o fitou, lembrando-se de Thayna e do pedido que fizera sobre nunca comentar com Edgar sobre ela, e agora que Núbia tinha uma fantasma para mostrar cenas passadas, achou que sequer seria necessário tais questionamentos.

— Ah, não é nada.

Edgar a observou e Núbia tentou comer e evitar olha-lo, mas notou que ele não esqueceria aquilo tão rápido, então decidiu seguir com outro assunto.

— O prefeito e o filho dele não vão mais vir aqui, vão?

Edgar pareceu estranhar a pergunta.

— Não sei, por quê?

Núbia cogitou se devia ou não falar o que ocorreu naquele dia.

— Hum... Nada de mais, eu só não gosto daquele André.

Núbia fez cara feia e Edgar passou a mão no queixo, pensativo.

— Ninguém gosta, para dizer a verdade; mas o pai dele, apesar de impertinente, é muito útil.

— Imagino, deve ser bom poder fazer o que quiser numa cidade, sem ninguém poder falar nada porque o prefeito é seu fantoche — murmurou Núbia.

— Exatamente — concordou Edgar, natural. — Então, infelizmente, devemos tratar bem os Montes. São fantoches valiosos.

Núbia baixou o olhar.

— Não me peça para tratar bem o André.

Edgar franziu os olhos e perguntou:

— O que está escondendo? — Núbia iria falar algo, mas Edgar a interrompeu — Lembre-se, se não me contar agora, mais cedo ou mais tarde vou descobrir de qualquer forma.

Núbia suspirou.

— Quando eu estava voltando da vila, depois de ter visitado a Ângela, encontrei André, ele veio com aquele papo idiota, de que devíamos ficar juntos, fez várias insinuações. É um narcisista chato, mas eu o ignorei, tentei me afastar. Ele me perseguiu e eu perdi a paciência, o xinguei e ele não gostou.

— O que ele fez? — questionou Edgar mantendo a voz tranquila, porém firme.

Núbia desviou o olhar, mas mesmo constrangida, prosseguiu:

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