Conflitos familiares.

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Ele a colocou contra a penteadeira enquanto subia as mãos pelo corpo dela e a beijava, depois cerrou seus lábios pelo pescoço de Iara, que sorriu.

— É. Você pode tentar — concluiu ela.

Edgar soltou sua risada rouca, mas logo Iara o afastou, tentando se manter firme.

— Mas depois, agora precisamos ver como vai nossa vingança contra Jorge. Sim?

Edgar assentiu mesmo com desânimo.

— Claro, Jorge, ainda tem isso — resmungou ele.

Iara soltou uma risadinha, chegava a achar engraçado o jeito ranzinza dele. Ela voltou a dar-lhe um longo beijo como despedida e dessa vez Edgar não evitou sua saída, somente permaneceu pensativo se perguntando como a convenceria a esquecer aquele maldita ideia de divorcio, pois Iara estava certa, ele de fato era dependente dela.

...

Núbia amanheceu sem dor de cabeça, ou cansaço, ou mau humor, ou quem sabe um machucado enorme na testa, pela primeira vez em muitos dias, ela acordou sorrindo e com o toque de notificação do seu celular, que aliás, era a música tema de "A Família Addams", algo original e diferente, ela adorava.

Pegou o celular do criado mudo e sentou-se vendo que a notificação não passava de uma mensagem da operadora. Núbia, porém não ligou, estava feliz de mais para se irritar com aquelas promoções idiotas. Ela pegou o diário de estudo de Edgar que também estava no criado mudo e foleou as páginas, logo achou o que queria, um papel solto com o número de Cícero. Ela salvou o número entre seus contatos como "Cissa<3" e tratou de mandar uma mensagem de bom dia, logo após enviar, notou o quão curioso foi aquele ato vindo de sua parte.

— Você não é dessas coisas Núbia — disse ela para si mesma.

Não demorou muito para que houvesse resposta e logo ela e Cícero começaram uma conversa por mensagens, falaram sobre a noite interior e sobre o decorrer do plano, logo, no entanto, aquela conversa repleta de romance teve que ser interrompida, pois Cissa citou ter recebido mais cedo uma ligação da pensão Fim do Mundo, havia serviço para ela lá e mesmo tendo muitos assuntos para resolver, Cícero aceitou a proposta, pois realmente precisava de dinheiro. Núbia entendeu claramente o dilema de Cícero, agora ela morava num casarão e era herdeira de uma fortuna, mas antes morava num apartamento pequeno com infiltração, problemas costumeiros na energia e de dois quartos com tamanhos de banheiros.

Cissa logo despediu-se, pois queria começar cedo seu trabalho, para assim também terminar cedo e Núbia lhe desejou sorte e fez o mesmo.

Ela suspirou com o fim da conversa, mas logo tratou de se arrumar e encarar aquele dia da forma mais natural que conseguisse.

Ao sair quarto encontrou Iara no corredor, com cabelos molhados e um vestido azul bem simples.

— Bom dia mocinha — disse Iara com um sorriso mais alegre do que de costume e Núbia decidiu retribuir igualmente.

— Bom dia... — ela pausou ao escutar móveis sendo arrastados logo abaixo de seus pés e Iara olhou em direção ao chão, também igualmente confusa. — Está vindo dos quartinhos lá de baixo, ne?

Iara assentiu.

— Sim, é o que parece.

As duas começaram descer as escadas e logo um estrondo seguido de um grito agudo de susto foi ouvido. Iara e Núbia aceleraram o passo e ao descerem as escadas, foram direto ao corredor de baixo e viram Ângela saindo do ultimo quarto à direita, com espanador de pó na mão e teias de aranha no cabelo.

— Senhora Iara — disse Ângela indo em direção de Iara como se ela fosse uma heroína que chegou na hora certa. — Graças a Deus, preciso da sua ajuda! Preciso sim.

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