19 - CAPÍTULO

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    Dormi bêbado, chorando e sentindo pena de mim mesmo. O quão patético eu sou? Acordei não tão melhor. Me senti estranho, além de uma ressaca desgraçada que me impedia de abrir os olhos direito. Não tenho vontade pra nada, a não ser dormir e beber. Sinto falta dela. Ela me modificou pra melhor. Deixei de ser egoísta e egocêntrico. Passei a amar alguém além de mim mesmo. E tudo não passou de um plano sórdido quando ela nem ao menos me conhecia. Sua opinião de merda foi o que mais me deixou puto, mas também não posso culpá-la, ela ama o irmão e o defendeu. Kourtney tem muito caráter e é simplesmente incrível e a quero de volta. 
      O que estou dizendo? Eu não posso aceitar o que fez. Não posso. Isso é resultado daquele sonho bizarro que tive. Teve um momento que achei que fosse real, pois os toques estavam vivos e os beijos mais ainda. Pude me sentir todo dentro dela. Ela me beijava o tempo todo e minhas mãos estavam por todo o seu corpo quente e excitado. Como eu disse; bizarro. Essa foi a minha maior experiência em sonhos. Ela se embrenhou em meus lençóis e fizemos amor umas duas vezes e foi muito gostoso. Ela dizia que me amava como ninguém jamais o fez. O que era pura ironia, visto que deixou claro o quanto me odeia. O que ela queria que eu fizesse? Que fosse atrás e implorasse que me desse mais uma chance? Tenho amor próprio, mesmo não parecendo de tanto que me desesperei por ela. Esse tempo que ficamos separados foi bom, pois pude colocar a cabeça no lugar por uns momentos e perceber que uma separação não é o fim do mundo. Dói pra cacete. Parece que estão arrancando meu coração, mas não é o fim. Quando penso que o choro e o sofrimento cessaram, tudo recomeça. 
      O sonho foi maravilhoso e eu não queria acordar nunca mais e viver essa realidade que me corrói pedaço por pedaço sem me deixar respirar dignamente. Não posso evitar em pensar que deveria ir atrás dela, que deveria me ajoelhar e implorar que me perdoe por todo mal que fiz ao nosso irmão. Quero pedir que nos dê outra chance e que se case comigo porque a amo. Amo como nunca amei nenhuma outra. 
       Desci da cama e me espantei em estar nu. Não lembro de ter me despido, na verdade, não lembro de nada. Tudo são apenas vultos. Esse sonho deve ter me feito virar um sonâmbulo idiota. Fui para o chuveiro, mas antes me olhei no espelho. Estou horrível. Sempre prezei pela minha boa aparência e sem falso moralismo, sei o quanto sou bonito e o quanto as mulheres me querem, isso acontece por ser filho de Martin Charles Winsor, contudo neste momento pareço um fantasma e nem sequer me importo. A única coisa que quero saber é se Kourtney está bem e se ainda me odeia. 
      Por baixo dos meus olhos estão cheios de bolsas, minha barba por fazer pinicava e meu cabelo estava totalmente desgrenhado. E lá se foram apenas um dia que estou sem ela. Nem quero pensar como estarei daqui a uma semana. Me descuidei depois que ela desapareceu sem sequer retornar minhas ligações e mensagens. Entrei debaixo da água e tentei ao menos lavar meus cabelos que batiam na nuca e nos olhos de tão grandes. Pus os óculos por cima da cabeça depois que me troquei para ir para o ensaio que Carmo nos convocou. Os ensaios diminuíram porque a peça estava chegando. Talvez isso seja bom. Quanto menos eu vê-la será melhor pra minha sanidade. É melhor eu comer algumas coisa pra me sustentar por algumas horas. 
       — Bom dia. 
       Me sobressaltei ao ver Maximine na ilha da minha cozinha dando uma de cozinheira. 
      — O que faz aqui e como entrou? 
       Ela veio até mim sorrindo e me beijou roçando seus seios nus no meu peito e pondo minha mão no seu bumbum. Ela estava apenas de calcinha e eu não me excitei. Não me lembro de tê-la chamado. Ah, claro, agora, lembrei que aquele porteiro intrometido havia dito que havia ligado pra ela. Estou tão na merda que nem prestei atenção, pois a última coisa que eu queria era essa doida de volta a minha vida. 
       — O que faz aqui, Max? O que quer? 
       — Vim te ver, meu lindo. Sei que está sozinho e triste. Vi que terminou com a fedelha. Agora podemos ficar juntos. Você precisa de uma mulher de verdade, filhos e de uma família. 
        — Eu não quero nada com você. Que ideia é essa de filhos e família? Enlouqueceu? 
        Comecei a me dar conta de algo. Bebi tanto que não me lembro de absolutamente nada e, não, não pode ser. Ela não seria capaz, seria? 
       — Maximine, a gente transou? 
       — Sim, meu amor, transamos e foi incrível. 
       Passei a mão pelo cabelos nervoso. Isso não poderia ter acontecido. Não com ela. 
        — Não me lembro disso, Max. 
        — Eu sei. Você estava desmaiado e me chamava de Kourtney — Revirou os olhos. 
         Ela falava como se o fato de ter transado com alguém inconsciente não fosse nada. Meu Deus, outra Luísa, não. 
         — Merda — Pus os óculos no rosto. A claridade estava piorando minha dor de cabeça — Que merda é essa, Max? Eu estava bêbado. Será que vc entende o que fez? 
         Ela me olhou dando de ombros e se empinou no balcão e balancei a cabeça. 
       — Podemos repetir e aí você irá se lembrar de absolutamente tudo. 
       — Você é doente? Eu estava bêbado sua louca. 
       — Eu sei e não me importei em fazer tudo aquilo enquanto delirava chamando por aquela garota sem sal. 
        Enquanto eu acreditava que estava sonhando, era Max que fazia loucuras naquele quarto e minha mente se projetou na mulher que amo. 
        — O que você ganha com isso, Max? — De repente lembrei de algo e me desesperei — Usamos preservativo, você toma remédio? 
         — Não e não — Respondeu tranquilamente. 
         Perdi o pouco de paciência que me restava e comecei a gritar. 
         — Max. Enlouqueceu? 
         Ela riu e deu de ombros. Minha vontade é de enforcar essa mulher, porém tive uma ótima educação. 
         — Sabe, os livros da Susan Parker Winsor são bem interessantes, históricos. Todas essas vilãs dando ideias... 
         — Aprendiz de Elisabeth? Eu ouvi bem? Você quer engravidar pra me prender igual ela fez com o Jonathan e a Giulia fez com o Christian? Em que planeta você vive, sua louca? 
         — Eu amo você, Jean e não custava nada tentar — Ria — Não perdi nada. 
         Meu sangue ferveu. Sei que irei me ferrar com a decisão impensada, mas também não posso manter essa louca perto de mim. 
         — Está demitida. Quero que suma da minha vida agora. 
        — Não pode fazer isso. Você precisa de agente. 
        — Não se preocupe com isso. Dou um jeito. 
        Ela ficou bem séria e se aproximou tocando no meu braço. 
        — Posso estar grávida. 
        — Se tiver, irei assumir apenas a criança. Nada mais. 
        — O que? Achei que... 
        — O que deu em você, Max? Sério que achou que eu me casaria por você ter me drogado? 
         Ela arregalou os olhos, confirmando minhas suspeitas. 
         — Eu não te droguei.
         — Não insulte a minha inteligência. Já usamos esse tipo de droga na adolescência por curtição, lembra? 
         — Tudo bem, mas foi só um pouco de ecstasy. 
          — Você definitivamente não pensa antes de agir, simplesmente faz. Essa merda pode matar uma pessoa. 
           — Posso estar grávida, Jean. 
           São muitas informações e ainda estou processando sobre a droga. Da primeira vez que tomei o comprimido, não tive tantos efeitos colaterais. Espero que aconteça o mesmo agora. 
          — E se estiver, não sou obrigado  ficar com você independente de filho ou não. 
         — Se eu engravidar, abortarei e a culpa será somente sua. Não irei ser mãe solteira igual  minha foi de tão burra que era. 
          — O problema será todo seu. Agora suma da minha casa. 
         Ela jogou um prato em mim e me abaixei. É assim que Maximine é; se acha a dona da razão mesmo fazendo coisas erradas. Melhor que fique bem longe. Ela urro e saiu semi nua levando as roupas e bolsa nas mãos. Louca. Tranquei a porta e pedi ao porteiro para que não a deixasse entrar mais e joguei tudo que ela fez no lixo. Melhor não confiar. 
       A campainha tocou e achei que fosse ela novamente. Qual é o problema desse porteiro? Será que é surdo? Abri irritado e me surpreendi ao ver todos os meus irmãos, exceto Nathan e Casey. 
       — O que fazem aqui? — Pus meus óculos na cabeça. 
       — Espera, tem algo pra comer? — Brendan perguntou já entrando como os outros. 
        — Cara, você só pensa nisso? — Christian riu. 
        — Que nada, ele só pensa na Kerry. 
        Brendan olhou feio para Derek que o entregou. 
        — É verdade, porra, admite que está de 4 por ela. 
        — Do menos jeito que você está pela Jack? 
        — E desde quando isso é segredo? 
        Brendan bufou. 
        — Ela é minha cunhada. 
        — Que ainda não se casou. 
        — Mas vai e além do mais o David não sabe sobre o que aconteceu entre nós. 
        — E você acha que vai conseguir esconder que foi o primeiro homem da vida dela até quando?
        Eles estão brigando? Nem sei, porém estou adorando todos aqui. Isso é família. Christian se aproximou de mim e pôs a mão em volta dos meus ombros igual quando íamos a escola e ele fazia de tudo para ser meu amigo quando éramos crianças. Sorri de volta pra ele. 
        — Problemas lá no bar, bora? — Christian indagou me encarando. 
        — Tenho ensaio. 
        — Horas? 
        — 15.
        — Dá tempo. Podemos almoçar por lá mesmo. 
        — E as esposas de vocês? Achei que só saíssem com suas famílias. 
        — Uma vez por mês fazemos questão de nos reunirmos pra preservar nossa amizade e você está convidado. Iremos te batizar hoje. 
         — Eu não tô bem pra sair. 
         — São 8 horas da manhã, Jean. Seu ensaio é só de tarde — Jon disse — Não deixaremos você curtir seu sofrimento sozinho. 
        O que eu posso dizer? Meus irmãos mais velhos são 10. Jogamos beisebol depois de um senhor café da manhã e cá estamos no bar ouvindo os desabafos uns dos outros. Derek começou falando sobre seu drama com Jacky que estava apenas começando. O problema que o atormentava antes dela ter escolhido seu pai ao invés dele, é o fato de ter escondido sobre a filha que tiveram juntos. E pra completar o drama, Derek está casado com uma linda mulher que perdeu o filho deles. Ele não se separa porque a esposa não aceita ser divorciar e ele se acomodou em não mágoa-lá por conta da perda do bebê. 
      — Ela vai superar. Talvez até encontre alguém que a ame. 
       — Também pensei assim, mas ele tentou contra a própria vida e tenho medo de arriscar. 
        Brendan finalmente falou sobre Kerry e o quanto se sente culpado por ter transado com ela na festa de noivado. Ela se entregou a ele pela segunda vez. Pelo que ele falou, ela só teve ele como homem, pois seu irmão dizia que a queria casta e pura para a noite de núpcias. Então, por que ele não luta por ela? Que tipo de homem entrega sua amada de bandeja para outro? 
      — David tem uma doença terminal, então não posso machucá-lo assim. 
       — Sinto muito, Brendan — Eu disse e os outros me olharam sério — Eu disse algo de errado? 
       — David e Brendan não se dão bem — Derek explicou — Ele já aprontou muito com ele e agora que é a chance dele se vingar, é todo bonzinho. 
        Brendan bebeu um copo de cerveja de uma vez só e bateu o copo na mesa balançando a cabeça. 
        — Só vou ficar por perto caso ela precise de mim. Ela está grávida, então vai precisar de toda ajuda possível. 
          — Espera — Eu disse — Me atualize porque me perdi. 
          — É isso que entendeu. O filho é meu, mas David não sabe sobre a gravidez de poucas semanas dela. Ele vai morrer e... 
         — Está abrindo mão da mulher que ama e do seu filho por causa da doença do seu irmão? 
         — Fiz algo com ele na adolescência. Devo a ele. 
        — E o que você fez de tão grave pra brincar com duas vidas assim? 
         Ele me olhou severamente. O olhar dele é assim mesmo, duro. Sua história de vida é realmente impactante, por isso ele é assim. 
        — Eu tinha uma namoradinha que era melhor amiga dele. Fomos o primeiro um do outro. Nos descobrimos juntos e meu irmão ficou furioso porque ele disse que a amava, mas eu não sabia e ele veio me atacando. 
       Olhei para os outros que também prestavam atenção. Brendan riu com sarcasmo e depois continuou. 
       — Ela engravidou porque eu não usava camisinha. David mentiu dizendo que eu não iria assumir. Conversamos e ela entendeu que iríamos criar o bebê juntos e ele ficou mais possesso quando ela lhe agrediu com palavras e terminou a amizade. Ele rompeu comigo e disse que nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela. 
        — E o que aconteceu?    
        — Joanne abortou sem a minha autorização. Então quando eu soube, fui embora porque nem consegui olhar pra cara dela. Resumindo. David não teve a chance de reconquistá-la porque decidi ficar com ela ao invés de assumir somente a criança. 
       O clima ficou pesado. Todos nós consolávamos Brendan que parecia incomodado. 
         — E então? — Chamei a atenção pra mim — Christian e Brendan se adoram, mas Derek e Brendan parecem cão e gato. 
       Eles riram e começaram a zoar. Ri também até que comecei a tossir e minha boca fechava sozinha por causa dessa dor de cabeça que meio que triplicou alterando meus sentidos. Bati a mão na mesa e me levantei atordoado, visão turva. Isso deve ser o resultado da droga que Max me deu. Mal vi quando meus irmãos correram até mim que desabei no chão meio desmaiado e meio acordado. 
        — Me ajudem aqui — Christian falava — Vamos levá-lo ao hospital. Fique calmo, irmão. 
        Sorri internamente. É tão bom ouvir ele dizer isso. É bom demais poder conviver com todos eles sem disputar território. Fui um idiota no passado, mas agora estou tendo minha tão sonhada redenção
          — Ecstasy — Consegui dizer e ele assentiu e depois tudo escureceu. 

NOTA: AMANHÃ TEM MAIS. TÔ TERMINANDO DE PASSAR PARA O CELULAR.
SEM PÂNICO QUE JEAN VAI FICAR BEM.

A REDENÇÃO DE UM HOMEM - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 3 (JEAN) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora