Liguei meu carro puto da vida. Do jeito que eu estava era certo que logo sofreria um acidente, então era melhor me acalmar e pensar em como a trairei para minha teia. Estou pagando todos os meus pecados com ela e ninguém poderia dizer que eu era santo e que não merecia.
O trânsito estava tranquilo e cheguei rapidamente no meu apartamento. Entrei e peguei uma lata de cerveja na geladeira tirando minhas roupas e jogando-as no chão com raiva. Caí debaixo do chuveiro e já estava decidido a me aliviar sozinho. Nunca passei uma noite desacompanhado, não acredito nisso. O telefone tocou assim que saí do banho.
— Alô?
— Você está em casa?
Droga. Deveria ter olhado o identificador ao invés de atender distraidamente.
— Hoje não, Lory. Quero ficar sozinho.
Essa até eu me surpreendi.
— A pirralha te dispensou? — Gargalhou e acabei de perceber que não gosto nem mesmo do som da sua voz.
— Nos vemos amanhã.
— Não, meu amor. Irei passar aí pra te consolar...
— Qual a parte de que não te quero você não entendeu? — A interrompi alterado. Estou cansado dessa merda — Que inferno, Lory, tenha um pouco de amor próprio, pelo amor de Deus. Eu.não.te.amo.Me.deixe.em.paz — Berrei e desliguei.
Tenho total noção de que Lory não tem nada a ver com o meu mau humor, porém ultimamente se tornou irritante demais. Gostava dela antes que era exatamente como eu; descompromissada. Desde que se declarou apaixonada, está um poço de chatice. Me deitei na cama e olhei para o teto. Não sei como aconteceu, mas a imagem de Kourtney me veio a cabeça. Enquanto a gente não dormir junto e acabar com essa atração, não ficarei em paz. Peguei o telefone e fiz algo incomum para mim, para nós, na verdade. Atenderam no segundo toque.
— Fala irmão.
— Oi, irmão. Como está tudo?
— Uma eterna luta entre Kimberly e a amamentação. Acho que ela está mais conformada.
Sinceramente isso não me interessa. É estranho ligar para ele que nem sei o que dizer, dar continuidade a uma conversa. Meu padrasto é o único amigo que tenho, porém agora não posso falar com ele. É justo que ele e minha mãe curtam o casamento viajando e se amando já que todos oa filhos estão na faculdade. Meus irmãos caçulas estão bem longe, estão se formando em medicina, na Inglaterra.
— Aconteceu algo?
— Queria conversar — Respirei fundo e soltei — Eu estou me sentindo extremamente atraído por uma mulher e ela fica me fazendo de bobo.
— Daqui a uma semana, no domingo, farei um churrasco para o aniversário da Sophie e da Anne. Você é nosso convidado. Juntarei todos os manos para conversarmos e darmos conselhos porque se você não se cuidar, vai acabar apaixonado e sei que isso é a última coisa que quer.
— Exatamente. Sou feliz do jeito que sou. Não quero fortes emoções pra minha vida.
— Se você diz.
— Valeu, Christian. Gosto muito de ter você como irmão.
— Como ela é?
Sorri sem perceber. Pareço bobo.
— Linda.
— Loira também?
— Essa foi uma ótima alfinetada, mas eu mereço.
— Como ela é? — Parecia realmente curioso.
— Linda e... morena.
— Morena como a Tracey?
— Não — Silêncio até eu esclarecer — Como a sua mãe.
Muito tempo se passou e fiquei constrangido em chamá-lo. Julguei que algo aconteceu e já estava indo desligar o aparelho quando ele pigarreou.
— Caralho — Xingou sussurrando e soltei uma risada — Minha mulher me proibiu de falar palavrão por causa das crianças.
— Ah, esqueci de que abriram uma creche.
— Boa — Gargalhou — Fala isso para o Jonathan também porque não é só minha esposa e eu que somos coelhos.
— Eu vou dizer.
— Está tudo bem pra você quanto a cor dela?
— Eu não sou racista, Christian — Pensei em tudo que fiz — Me perdoa. Fiz tudo pra agradar nosso pai mesmo sabendo que estava errado. Hoje descobri as verdadeiras intenções dele.
— Então você leu o livro?
Respirei fundo.
— Ainda estou no começo e digo que aquilo está me saturando de cima a baixo lentamente.
— Sei o que quer dizer. Eu vivi muita coisa que está lá e pra mim está sendo ótimo ter as respostas que eu tanto procurava. Você não imagina como o Jon está aliviado.
— Eu imagino. Pelo menos o Martin pensou nos filhos uma vez na vida.
— Se cuida, mano. Depois conversamos melhor. Me liga na parte da manhã até de tarde porque depois que eu chego em casa, é complicado.
Ouvi Kimberly e os gêmeos os chamarem. Não invejo porque nunca quero isso pra mim.
— Vê se aparece.
— Eu vou. Até mais.
ESTÁ A LER
A REDENÇÃO DE UM HOMEM - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 3 (JEAN)
RomanceJean Charles Winsor é o meu nome. Sempre fui considerado a ovelha negra da família Winsor por causa das maldades que fiz. Meu pai Martin era tudo pra mim. Eu o amava e o venerava, fazia tudo que podia para deixá-lo orgulhoso e então, ele mentiu, me...