7- CAPíTULO

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     Liguei meu carro puto da vida. Do jeito que eu estava era certo que logo sofreria um acidente, então era melhor me acalmar e pensar em como a trairei para minha teia. Estou pagando todos os meus pecados com ela e ninguém poderia dizer que eu era santo e que não merecia.
     O trânsito estava tranquilo e cheguei rapidamente no meu apartamento. Entrei e peguei uma lata de cerveja na geladeira tirando minhas roupas e jogando-as no chão com raiva. Caí debaixo do chuveiro e já estava decidido a me aliviar sozinho. Nunca passei uma noite desacompanhado, não acredito nisso. O telefone tocou assim que saí do banho. 
    — Alô?   
   — Você está em casa?
    Droga.  Deveria ter olhado o identificador ao invés de atender distraidamente.
   — Hoje não, Lory. Quero ficar sozinho.
    Essa até eu me surpreendi.
   — A pirralha te dispensou? — Gargalhou e acabei de perceber que não gosto nem mesmo do som da sua voz.
   — Nos vemos amanhã.
   — Não, meu amor. Irei passar aí pra te consolar...
   — Qual a parte de que não te quero você não entendeu? — A interrompi alterado. Estou cansado dessa merda — Que inferno, Lory, tenha um pouco de amor próprio, pelo amor de Deus. Eu.não.te.amo.Me.deixe.em.paz — Berrei e desliguei.
     Tenho total noção de que Lory não tem nada a ver com o meu mau humor, porém ultimamente se tornou irritante demais. Gostava dela antes que era exatamente como eu; descompromissada. Desde que se declarou apaixonada, está um poço de chatice. Me deitei na cama e olhei para o teto. Não sei como aconteceu, mas a imagem de Kourtney me veio a cabeça. Enquanto a gente não dormir junto e acabar com essa atração, não ficarei em paz. Peguei o telefone e fiz algo incomum para mim, para nós, na verdade. Atenderam no segundo toque.
   — Fala irmão.
   — Oi, irmão. Como está tudo?
   — Uma eterna luta entre Kimberly e a amamentação. Acho que ela está mais conformada.
    Sinceramente isso não me interessa. É estranho ligar para ele que nem sei o que dizer, dar continuidade a uma conversa. Meu padrasto é o único amigo que tenho, porém agora não posso falar com ele. É justo que ele e minha mãe curtam o casamento viajando e se amando já que todos oa filhos estão na faculdade. Meus irmãos caçulas estão bem longe, estão se formando em medicina, na Inglaterra.
   — Aconteceu algo?
   — Queria conversar — Respirei fundo e soltei — Eu estou me sentindo extremamente atraído por uma mulher e ela fica me fazendo de bobo.
   — Daqui a uma semana, no domingo, farei um churrasco para o aniversário da Sophie e da Anne. Você é nosso convidado. Juntarei todos os manos para conversarmos e darmos conselhos porque se você não se cuidar, vai acabar apaixonado e sei que isso é a última coisa que quer.
   — Exatamente. Sou feliz do jeito que sou. Não quero fortes emoções pra minha vida.
   — Se você diz.
   — Valeu, Christian. Gosto muito de ter você como irmão.
     — Como ela é?
     Sorri sem perceber. Pareço bobo.
     — Linda.
     — Loira também?
     — Essa foi uma ótima alfinetada, mas eu mereço.
     — Como ela é? — Parecia realmente curioso.
      — Linda e... morena.
      — Morena como a Tracey?
      — Não — Silêncio até eu esclarecer — Como a sua mãe.
       Muito tempo se passou e fiquei constrangido em chamá-lo. Julguei que algo aconteceu e já estava indo desligar o aparelho quando ele pigarreou.
       — Caralho — Xingou sussurrando e soltei uma risada — Minha mulher me proibiu de falar palavrão por causa das crianças.
     — Ah, esqueci de que abriram uma creche.
     — Boa — Gargalhou — Fala isso para o Jonathan também porque não é só minha esposa e eu que somos coelhos.
     — Eu vou dizer.
     — Está tudo bem pra você quanto a cor dela?
      — Eu não sou racista, Christian — Pensei em tudo que fiz — Me perdoa. Fiz tudo pra agradar nosso pai mesmo sabendo que estava errado. Hoje descobri as verdadeiras intenções dele.
      — Então você leu o livro?
      Respirei fundo.
      — Ainda estou no começo e digo que aquilo está me saturando de cima a baixo lentamente.
      — Sei o que quer dizer. Eu vivi muita coisa que está lá e pra mim está sendo ótimo ter as respostas que eu tanto procurava. Você não imagina como o Jon está aliviado.
      — Eu imagino. Pelo menos o Martin pensou nos filhos uma vez na vida. 
      — Se cuida, mano. Depois conversamos melhor. Me liga na parte da manhã até de tarde porque depois que eu chego em casa, é complicado.
       Ouvi Kimberly e os gêmeos os chamarem. Não invejo porque nunca quero isso pra mim.
       — Vê se aparece.
       — Eu vou. Até mais.

A REDENÇÃO DE UM HOMEM - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 3 (JEAN) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora