5 - CAPÍTULO

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   Subi ao palco travando meu olhar com a nova atriz e sorri sedutoramente, ela desviou para o diretor que fazia os últimos ajustes.
      — Pronto. Faremos a cena do primeiro encontro avassalador do pintor e sua amante. Lembre-se de que eles se apaixonaram à primeira vista.
     Depois que Carmo falou, ela me encarou rapidamente engolindo em seco parecendo nervosa e depois se manteve altiva.
      Me aproximei dela que também fazia o mesmo. A história dizia que assim que o casal se viram, se apaixonaram. Sério? De que planeta esse autor veio?
      Acredito em tesão à primeira vista, mas amor? Isso não existe. Talvez com anos de convivência sim, porém não do nada. Sou a prova viva de que existe tesão quando se bate o olho no corpo de alguém. A minha atração pela Kimberly durou anos e então, Luísa ficou nesse meio tempo e oferecia o seu corpo que eu desfrutava sem me fazer de rogado. Ela era ultra gostosa, mas eu ainda queria a Kim e provar seu aroma de menina ingênua.
     Fui apaixonado pela Luísa e por tudo que ela me dava. Várias vezes tive que ser o "Christian" para ela. Era frustrante e humilhante. Mais raiva fiquei dele por ter me tirado a oportunidade de convencer a Kim, na época que era minha namorada a avançarmos o sinal. Dei seu primeiro beijo e tive que ir com muita calma, nada de língua até ela se acostumar. Planejei introduzi minha língua em um desses beijos inocentes e sem graças e conforme ela se excitasse, eu a tocaria naqueles seios enormes e aos poucos avançaria mais, até me ver dentro dela.
     Nem acredito que aquela atração toda acabou. Hoje a vejo como minha cunhada, mãe dos meus sobrinhos sapecas e mulher da vida do meu irmão. Espero que um dia ela me perdoe.
      Estávamos bem próximos, quase colando nossos corpos e coloquei minha mão em seus cabelos passando pela nuca. Ela fechou os olhos e emitiu um gemido baixo que só eu pude ouvir. Trouxe seu rosto para mais perto e lambi seus lábios esfregando o seu braço suavemente com a outra mão livre. Chupei seu lábio inferior, superior e o gemido continuava saindo dela. Finalmente colei nossos lábios e senti uma descarga elétrica atravessar todo o meu corpo e a senti desfalecer em minhas mãos e mesmo assim não pude parar. Minha língua vagou, sugou por toda sua boca doce. Nunca beijei alguém dessa maneira. Trouxe minha mão para o rosto moreno e pequeno e com pesar separei nossas bocas e no fim plantei um selinho casto. Poderia passar horas me saciando desses lábios carnudos e apetitosos.
    Kourtney abriu os olhos aos poucos e nossos olhares se cruzaram. Algo acontecia ali. Tem algo esquisito acontecendo comigo. Meu olhar não saía do dela. Ela é linda, deslumbrante. Não se compara a nenhuma das mulheres nas quais tive e nas que me julguei apaixonado. Sua beleza é exuberante, diferente de tudo que já vi. Sorri e ela prendeu os cabelos nervosamente. Percebi o quanto a afeto, então, por que me despreza tanto? Nem sei o que fiz para ser seu alvo de raiva.
      — Foi fantástico — Eu disse entusiasmado e ela olhou para a nossa pequena plateia envergonhada — Nós temos uma química incrível.
     — Tenho certeza de que todos adoraram a sua atuação — Me atacou — Não é pra isso que você é ator ou... Espere, deve ser para ter uma por dia em sua cama.
      — Pare de me julgar, você nem sequer me comhece.
    — Conheço tipos como você.
    — Tipos como eu? — Franzi o cenho e ela não sustentou o meu olhar.
     As mulheres realmente são difíceis de entender, mas essa é a confusão em pessoa. Às vezes parece me corresponder, outra me repudia. Não entendo. Acabamos de nos conhecer, apesar de que ela me parece familiar. Não lembro de ter feito algo que a magoasse ao ponto de me olhar com raiva.
      Por mais que tentasse fugir, o olhar dela se prendia ao meu por muito tempo como agora. Eu a quero, quero seus beijos novamente. Isso é insano porque geralmente beijo e logo esqueço e tenho a facilidade de cair em camas diferentes todas as noites.
      Não vai ser essa pirralha saindo das fraldas que irá me tirar dos eixos, por favor. Ela ainda fede a leite e biscoitos de um jeito gostoso e obsceno.
     — Ficou perfeito. Amamos o beijo — Carmo disse entusiasmado falando ao telefone, certamente com o diretor — Vocês serão os protagonistas.
    Encarei Kourtney que desceu do palco pisando duro me ignorando. Agora que me dei conta do resto do elenco. Eles me olhavam admirados e no  fim bateram palmas, mas Kourtney estava bem longe para apreciar o resultado de sua performance.
     — Que palhaçada foi aquela?
     Lory interceptou meu caminho quando tentei seguir a nova atriz.
    — Lory — Falei com desgosto passando a mão pelos meus cabelos loiros — O que você ainda não entendeu?
     — Entendi que você estava nervoso, queria espaço pra dormir com mais uma vadia — Tocou no meu peito e fez círculos por lá — É sempre assim. A gente sempre volta um para o outro, qual é a dificuldade?
      — Tudo bem — Segurei a mão dela que me olhou irritada — Entenda como quiser.
     Essa não é a resposta que eu deveria ter dado, pois sei que ela não irá desistir. No fundo a quero por perto. Eu sou egoísta e não nego.
       Consegui chegar ao camarim da nova atriz. Kourtney. Não bati. Nunca bato. As portas não têm trancas. Coisas de seguranças, eu acho. Entrei sem ser visto porque ela estava em frente ao espelho passando a mão pelo rosto parecendo transtornada, abalada. Algumas lágrimas caíram e ela limpava furiosamente.  Me aproximei com cautela e a abracei por trás que gemeu e depois praguejou um palavrão.
       — Me larga, Jean.
       — Você me quer o tanto quanto eu te quero. Vamos resolver isso e seguir nossas vidas, com o roteiro da peça.
      Ela me deu uma cotovelada e riu na minha cara.
      — Você resolve sua vida assim, eu não. Jamais dormiria com um egocêntrico feito você. Se olhe no espelho e enxergue que você não é nem a metade do que se acha.
      — Eu sou feio? — Franzi a testa porque sei que isso não é verdade. Sou um Winsor, afinal.
     — Qual é o seu sobrenome?
     — Darwin — Respondi prontamente, pois eu usava o sobrenome do meu padrasto que autorizou emocionado. Ele é meu melhor amigo e meu pai. Sempre foi o melhor pai que eu poderia ter, nada mais justo.
     — Darwin — Repetiu — Você não tem cara de Darwin.
     — Mas é o que eu sou.
     Não costumo falar sobre meu pai biológico,  não mais. Quero apenas esquecer tudo de ruim que fiz no passado. Quero esquecer como me deixei manipular não somente por ele, mas por Luísa. Deixei meu orgulho e raiva me dominarem. Eu sempre vivia ferido emocionalmente e queria ferir aqueles que não tinham culpa. Me odeio por isso e nem sequer posso voltar atrás e apagar as maldades que fiz.
     Eu ainda amo meu pai biológico. Isso não é algo que tirarei da noite para o dia do meu coração. Me iludi demais, criei expectativas e fui ferido inúmeras vezes. Esse sentimento não sumirá. Talvez nunca mais.
      A observei que me analisava. Desisti de lembrar de onde a conheço. Geralmente não esqueço das mulheres com quem faço sexo. Então, ela não foi uma. Além do mais ela é muito nova. É de longe o tipo de mulher que não costumo ficar. A toquei no rosto que fechou os olhos. Passei os dedos pelos seus lábios que logo foram entreabertos. Minha língua traçou sua boca carnuda, bem desenhada antes de entrar e sugar sua língua a trazendo para mim. Mais uma vez tive que segurá-la que desfalecia em meus braços. Sinais clássicos de inexperiência. A pus sentada na cadeira e fiquei entre suas pernas pressionando minha ereção sobre seu ponto sensível coberto por uma calça jeans.
      — Jean — Gemia.
       Capturei seu pescoço deixando beijos molhados por toda a extensão.
      — O que você quer de mim? — Indagou gemendo contra meu ombro.
      — Você. Apenas você.
       A olhei que mantinha os olhos fechados e as mãos apoiadas em meus ombros os apertando. Pus suas pernas sobre meus quadris e comecei a me movimentar enquanto a beijava. Minha mão capturou seu seio avantajado e deslizei uns dedos sobre o mamilo enrijecido. Ela estava prontinha pra mim. Iria fazer o último teste e me certificar o quão molhada estava, mas infelizmente estragaram meus planos.
      — Kourtney, posso entrar?
       Era Carmo, diretor da peça e tio da minha primeira conquista. Nunca tive que correr atrás de mulher, mas para tudo se tem uma primeira vez. Fiz sinal para ela ficar em silêncio. Queria terminar nossa travessura prazerosa, mas pra isso ele teria que ir embora. 
      Ela me empurrou como se voltasse de algum tipo de transe, se olhou no espelho e se ajeitou. Desnecessário se irei bagunçá-la outra vez.
      — Pode entrar, tio.
      Não acredito nisso. Nos encaramos e ela deu um sorriso debochado.
      — Está me dispensando? — Arqueei as sobrancelhas — Por que?
      — Vai embora.
      Balancei a cabeça irritado. Foda-se não vou me humilhar pra mulher nenhuma, mesmo que seja gostosa até na forma de beijar.
      Carmo entrou me olhando feio.
      — Já está dando em cima da minha sobrinha, Jean?
      — Não mais — A encarei que abaixou a cabeça.

    Fui até o camarim da minha companhia de hoje e ela abriu apenas de calcinha sorrindo com malícia. É disso que eu preciso. Desde quando Jean Charles Winsor corre atrás de mulher? Nunca na minha vida fiz isso. Ok. A Kimberly não conta porque o que fiz foi parte de um plano maquiavélico. Era Luísa que me satisfazia todas as noites e manhãs, exceto quando estava correndo atrás do Christian. Tentei ajudá-la quando percebi que sua obsessão era mais do que patológica. Ela exibia os sinais de que queria ir às vias de fato e eu os ignorei acreditando que ela jamais mataria qualquer um dos 2. Me senti culpado pela suposta morte do meu irmão. De verdade eu quis cuidar da minha cunhada, mas ela me dispensou e agradeci por isso.
      Não irei deixar uma pirralha de 19 anos me tirar dos eixos. Ela me quer, é óbvio. Não entendo porque se faz de inocente. Gosto muito mais das mulheres experientes como essa morena na minha frente louca pra me deixar fodê-la a noite toda. Sinceramente, do que mais eu preciso?
       — Ainda não estou pronta.
       — Pra mim está perfeita.
       Fechei a porta e a beijei que me derrubou no chão e montou. Gosto disso, garotas selvagens que pegam o controle nas mãos.
       Minutos depois estávamos no apartamento dela. No camarim fizemos uma rápida preliminares. Ela é muito boa com a boca, agora só precisávamos finalizar. Teremos a noite toda para isso. Amanhã já tenho meu próximo alvo. Kourtney. Ela é linda. Vou tentar uma segunda vez porque é nítido como está atraída por mim. Não posso desperdiçar essa oportunidade. Quem me vê interessado por ela, se espantará depois de tudo que fiz e falei ao Christian. Só eu sei o quanto me doía falar aquelas coisas. Fiz tudo por amor ao meu pai. Mendiguei cada chance que ele tinha de me amar e enfim, entendi que fui um nada para ele. Não vou negar que ainda nutria esperanças de que ele mudasse um dia. Apesar de tudo, ele era meu pai e o amei independente de qualquer coisa. Ainda não li o livro referente a sua biografia porque não tive coragem. E se ele realmente me odiava como demonstrava? Acho que não posso superar isso.
    Me joguei na cama e ela veio pra cima com tudo me deixando louco de tesão.
    — O quanto você me quer, Jean?
    — Muito.Você nem tem ideia. 
    — Então diz.
    — Que tipo de jogo você quer jogar?
   





A REDENÇÃO DE UM HOMEM - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 3 (JEAN) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora