Capítulo 48

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Gilmar, com seu jeitinho especial me convence de ficar aqui mas eu preciso saber a verdade, preciso saber o que aconteceu .

- Amor, por que você tava tão diferente essa semana? Ele levanta e tenta disfarçar.

- Sabe como é, muito trabalho, muita coisa para resolver. Eu só não queria te dar mais dor de cabeça.

- Ai Gilmar, se você não quer me contar tudo bem mas não tente me enganar! Já emburro e viro para o lado, dormindo assim.

*

No outro dia, a mesma coisa. Parece que as coisas não mudaram e tudo vai continuar igual. Gilmar não está aqui mas ele tem razão o hotel está muito cheio e deve ter muito mais trabalho do que o normal para deixar em ordem.

*

A semana passa rápido e trabalho até demais, Gilmar teve que contratar mais quinze pessoas para o movimento que estava dando no hotel.

Hoje é a ceia na casa da família de Gilmar e nós tiramos a tarde para fazer as compras dos presentes. Eu achei em cima dá hora mas com o trabalho que temos o que faltou foi tempo, ele comprou tantos presentes que eu imagino um batalhão. Minha vez de comprar os presentes e numa dessas distrações eu me perco de Gilmar mas continuo ali, escolho um par de roupa, calçado para Joice e para David, também dois tablets, um para cada, para evitar encrenca. Pago tudo e quando to saindo Gilmar se aproxima.

- Amor tem que comprar roupas para frio, onde vamos viajar é muito frio.

- Gilmar, você ta louco? Estamos no verão. Ele ri como se debochasse da minha cara.

- Eu sei mas faça o que estou te pedindo.

Entramos em outra loja e compramos algumas coisas para inverno mesmo e eu muito curiosa para saber. Calças revestidas, casacos de pele, botas anti aderentes, luvas, toucas e cachecóis.
Estamos saindo do shopping e tem um quiosque de açaí, eu nunca gostei porque tem gosto de barro e parece areia. Mas me deu uma vontade de comer do nada.

- Amor, quero um açaí, com leite ninho, leite condensado, nutella e paçoca. Ele meio que me repreende por ser muito doce mas não me nega.

Eu tomo o açaí com tanta vontade, estava delicioso, se tivesse estomago e se pudesse pegava mais um. Depois que acabamos, voltamos para o hotel e vou para o banheiro me arrumar.

- Eu vou comprar um pote de açaí pra você, pra falar a verdade eu nem sabia que você gostava.

- Mas eu não gosto mesmo. Me dá uma coisa ruim, minha pressão baixa, meu estômago revira e eu vômito. É açaí puro.

- Amor tá tudo bem?

- Deve ser o calor. Não vejo outra justificativa.

Me arrumo, com um vestido longo, faço um olho delineado com batom vermelho, poucas jóias, principalmente o colar e o anel que é o simbolo do nosso relacionamento. Passamos na casa de Gilbran para pegar Joice e David que estão lindos.

- Aaaaah pega essa tia, tá lindona. Joice me beija e me cumprimenta como sempre.

- Eu em Joice, pegar o que? Eu que tô pegando aqui, e muito. Eles cumprimentam e sinceramente eu acho estranho, não é ciúmes.

- Aiii sim tio, pega mesmo.

A família dele mora em Joinville, chegando lá me deparo com a simplicidade da família dele, que apesar de serem bem estruturados são bem humildes. No mesmo momento que parece com a minha, não se parece também.

- Oi família, para poupar daquela coisa chata, essa é Angel minha namorada, esses são seu filho e sobrinha.

Realmente a família dele é muito grande, e me tratam muito bem, me sinto de casa. Mas em casa que na minha própria casa. Vou conversar com Mara, percebi que está triste, depois de muito insistir ela me conta que sofreu um aborto mas talvez fosse melhor assim pois o tal rapaz não queria compromisso. Eu sinto muito mesmo.
A mesa está posta e a família faz sua oração em agradecimento, eu fico todo momento só olhando a coxa daquele peru que parece estar ótima mas antes que comecem a se servir, Gilmar chama a atenção.

- Eu conheci Angel a alguns meses e ela foi capaz de me fazer reviver, ela já sabe dos meus sentimentos e tudo que aconteceu só nos uniu ainda mais. Quero fazer o pedido na frente de todos vocês, dessa vez decente, aceita namorar comigo? Ele puxa uma caixinha com duas alianças super grossas do jeito que eu sempre quis.

- É claro que sim! Ele vem me beijar mas o cheiro do peru invade meu nariz e meu estômago revira.

Eu me seguro, vou ao banheiro e vômito de novo. Ao voltar já estão todos se servindo, eu por não estar me sentindo bem como pouquinho, o dia não fui muito bom para mim. Resolvemos deixar Joice e David ali para poder viajar sem preocupações, dormimos aqui e de manhã voltamos ao hotel.

*

- Amor queria passar em casa para pegar algumas coisas para levar para viagem. A maioria das minhas coisas continuam lá.

- Quando for leva Cristiano com você. Ele entra em seu escritório e eu não o vejo mais.

Amanhã vamos viajar e vou passar em casa para pegar algumas coisas, não vejo necessidade de avisar, não aviso nem Cristiano e nem Gilmar. Até parece que virei criança que preciso de babá para estar me vigiando toda hora. Gilmar tem na garagem uma Hornet 600f, ele não me contou sobre ela mas vi em algumas fotos, a chave estava na gaveta, eu também não contei que aprendi a pilotar com 16 anos.

Vou até o estacionamento, subo em cima, coloco seu capacete preto com verde e já vou ligando a moto, até me arrepio com o barulho do seu motor. Vejo Cristian e Gilmar correndo ao meu encontro e eu dou a partida, nossa essa adrenalina é muito boa. Faz muito tempo que não sinto algo parecido. Sempre amei pilotar me sentia leve e livre, o vento na cara e ainda mais numa moto dessa.
Logo chego em casa, deixo a moto na frente e vou abrindo o portão. Quando entro em casa percebo algo diferente, algumas louças sujas, roupas espalhadas pela casa...

Vou para o quarto e sou surpreendida.

- Ai que susto, o que você faz aqui? Como você entrou aqui? Eu vou chamar a polícia.

- Você não vai fazer nada, você vai ir comigo. Tento correr mas ele me alcança, me coloca em seu ombro enquanto me debato.

- Eu esperei muito por isso. Estou com a chave da moto nas mãos e Roberto me coloca no carro.

- Se você não quer que eu te machuque, fique ai. Ele entra no carro e posso ver Gilmar chegando com Cristiano, solto a chave da moto e Roberto mete o pé no acelerador. Eu fico muito nervosa e coloco o cinto de segurança.

- Roberto vai com calma. Eu fico toda hora olhando pelo retrovisor, e tento me acalmar.

- Eu só quero que você fique comigo, nem que para isso seja preciso morrermos. O ronco da hornet soa em meus ouvidos, olho para traz e vejo Gilmar pilotando. Roberto acelera cada vez mais, meu coração bate descompassado, como se pudesse prever. Roberto passa no sinal vermelho e paammmm....

Chama do pecado - Em revisãoWhere stories live. Discover now