Capítulo 33

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A verdade é uma coisa bela e terrível, por isso deve ser tratada com cautela.

Contei praticamente toda minha história com Roberto para o Gilmar. Deixei de lado a parte mais importante. Meu filho.

Não tenho vergonha dele, mas meu filho é algo muito bom para se falar em um momento tão caótico.

Me sinto aliviada por ele ser a primeira pessoa para quem eu posso contar toda a verdade. Quase toda. Sem ser julgada ou mal interpretada. Ele me olha sem entender. Talvez no fundo, ele saiba que ainda tem uma parte oculta.

- Amor, eu não me importo com o seu passado. Tudo que passamos tem um propósito maior, e não conseguimos entender, não naquele momento. Você tem o seu e eu tenho o meu, é normal. Sinceramente, o que aconteceu não vai mudar o que sinto por você. Todo passado tem uma história, boa ou ruim. E são exatamente essas coisas que nos trouxeram onde estamos hoje. - Muito bonito as coisas que ele diz, mas acho que ele não entendeu nada.

- Acho que você não entendeu! - Na verdade, ele não entendeu o tamanho do problema que Roberto pode ser.

- Então me explica exatamente o por que tá me contando isso? Porque não faz sentido falar de seu relacionamento abusivo. Eu não serei assim. Eu não sou assim! - É como eu imaginava. Ele não entendeu, mas me conforta saber disso.

- Algumas coisas do meu passado me trazem lembranças boas e algumas nojo. Eu posso estar errada, mas fiquei quase quatro anos ao lado dele, sei exatamente como ele é e acho que quem fez aquilo com seu carro, foi ele. Se for ele mesmo, eu não consigo imaginar o que ele é capaz de fazer. - Tentei ser o mais clara, no entanto, não sei se sou eu que to exagerando, mas ele parece não se importar.

- Para sua segurança e minha tranquilidade, amanhã mesmo vou dar um jeito, não quero que você corra nenhum perigo. Se você precisar de alguma coisa, eu posso comprar ou se você preferir, eu vou até a sua casa pegar. Quero que entenda que agora você não está mais sozinha, não precisava mais se preocupar com isso. - Ele beija minha testa e eu logo dormi feito pedra, dormi muito bem ao seu lado. Gilmar trouxe novamente a paz.

*

Hoje tudo o que eu queria, era não precisar levantar da cama. Mas não dá para fugir, eu preciso. Tenho um filho para sustentar e não posso me dar ao luxo por estar com o meu chefe. Que merda, isso parece tão errado.

Acordo com uma dor de cabeça horrível, acordar assim significa apenas uma coisa. Eu vou ficar doente. Eu preciso de remédios, chás, o relógio marca 9:30 da manhã e o Gilmar não tá mais ali.

Levantei, fiz minha higiene pessoal e desci para tomar meu café. Eu pediria para Gilmar, mas como ele não apareceu me vi na obrigação de ir à farmácia e depois no mercado.

Já que eu ia ficar confinada, precisava comprar umas coisinhas para mim. Enquanto caminhava percebi dois homens grandes e fortes que me seguiam, me senti muito perturbada com isso, por isso voltei rápido ao hotel.

Tudo isso me agonia. É uma sensação estranha. Preciso de algo para ocupar a mente.

Preciso recuperar as horas que eu perdi ontem. Não sei o que é isso que estou tendo com Gilmar, mas não vou me folgar. Eu dependo desse emprego para trazer meu filho pra morar comigo.

O dia foi sossegado. Na verdade a semana aqui no hotel foi assim e pude então trabalhar na tranquilidade. Conseguia ocupar minha cabeça para não pensar apenas na ameaça que Roberto pode ser.

Chama do pecado - Em revisãoWhere stories live. Discover now