Capítulo 40 - Gilmar

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Angel foi o melhor presente que tão gentilmente a vida me deu. Agora eu apenas não devo cometer os mesmos erros. É só cuidar direito dela. E tudo será tão perfeito entre nós. É inexplicável o que sinto quando estamos distantes, é uma dor gelada no peito que me sufoca e me faz querer Angel, ainda mais. Eu sinto que falhei. Com ela também.

A única coisa ao meu alcance neste momento é levá-la para o hospital. O mais rápido possível. Imediatamente aciono José e Cristiano para fazerem a guarda no quarto. Dessa vez não vou deixar nada acontecer. Cuidado nunca é demais, melhor não arriscar e estar preparado.

Os poucos minutos que fiquei com ela, me fizeram sentir insignificante. Estar sozinho com meus pensamentos é um risco, ainda mais quando lembranças e sensações se chocam umas com as outras, formando assim um bomba de sofrimento que explode o meu ser. É doloroso o sentido, parece a borda de um precipício.

Refletindo sobre a vida, até mesmo lembranças do passado que tenho vontade de extinguir, mas sinto que é impossível as apagar sem antes eu me destruir.

Me sinto frustrado por estar vivenciado isso mais uma vez. Só que agora não mais em minha mente. Hoje, do mesmo jeito que o primeiro acontecimento, tenho sentimentos opacos como se fosse uma névoa cinza, me deixando em completo desconforto, angustiado, cansado e em prantos. Vê-la nessa situação faz meu coração apertar, algumas lágrimas rolarem. Ainda questiono os motivos que levam alguém agir de maneira imprópria e imoral. Eu deveria ter evitado essa situação.

Seria tão injusto isso acontecer com a gente agora. Queria desabafar mas não tem ninguém pra ouvir meu drama exagerado. Eu sinto nojo, pena e ódio de mim.

Ela está muito machucada. Perdendo muito sangue. Mão cortada. Olhos além de roxo, estão inchados quase fechando. Seus lábios estão o dobro do tamanho normal. Seu nariz está sangrando, e até arrisco dizer quebrado. Suas costelas estão machucadas. E o que me deixa furioso são esses chupões, e essas mordidas que aquele filho da puta deixou.

Eu poderia ir em qualquer hospital mais próximo, mas sabemos que a saúde pública aqui no país não é a melhor. Então vou para Santa Inês. É um ótimo hospital.

Logo ela é atendida e eu não posso acompanhar. Maldição!

Eu também sou atendido, pois preciso ver meu braço que na queda ficou doendo. Apenas uma luxação. Nada demais, apenas usar a tipoia por alguns dias e tudo fica bem.

Enquanto aguardava por informações, tirei um momento para pensar sobre ela. Agora refletindo, posso perceber que não sei praticamente nada sobre sua vida.

Não sei se tem pai, mãe ou irmãos. Não sei quem procurar, quem devo informar? Depois desse ex louco psicopata. Um filho que eu nem sabia que existia. O que mais falta descobrir? Uma família desequilibrada? Começo a acreditar que me meti numa furada, entrando num tipo de relacionamento não a conhecendo melhor. Eu quero mesmo ficar com ela. E depois do que aconteceu, não sei se ela vai querer continuar comigo. A culpa é minha. Eu deixei com que as coisas chegassem a esse ponto. E se ela não mudar de ideia, temos muitas coisas para acertar.

Os médicos demoram o que me deixa bem preocupado. Tento me distrair um pouco ligando para Gilbran para saber como estão se saindo em casa.

- Mano, eles estão um pouco assustados. Demoraram pra dormir. Mas não se preocupe porque agora eles estão seguros. - Sei que ele quer me deixar tranquilo. Mas não dá. E imagino como eles devem estar. Eles estavam lá. Viveram aquilo.

Chama do pecado - Em revisãoWhere stories live. Discover now