Capítulo 35

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Eu acho que estou feliz. Não é uma felicidade daquelas que parece que vou subir e flutuar como um balão de gás. Mas uma alegria sólida, como se eu olhasse para a estrada e visse que o pior ficou pra trás.

Gilmar saiu bem cedo, eu aproveitei o momento para ligar para Joice.

Havíamos combinado que chegariam hoje. Ela disse que vão chegar próximo ao almoço. Eu deveria buscá-los, mas não posso. Não tenho carro, e não posso abusar da vontade de Gilmar. Então passo o endereço de casa para ela pegar táxi ou uber. Eu mal posso esperar. Foram tantos dias. Agora são apenas algumas horas.

Eu volto a dormir mais um pouco, afinal é minha folga e quero estar bem para quando meu filho chegar.

Sou acordada por um beijo de Gilmar que traz café pra mim. São 11 horas e estou com o coração na mão. Acho que vou explodir de tanta felicidade, nervosismo e coração a mil.

Ele parecia ansioso e nervoso. Talvez algo aconteceu e ele não quis me contar. Me apurou para tomar o café

Em seguida, saiu me arrastando pelos corredores até chegar na garagem e me mostrar seu novo brinquedo.

Uma BMW X6 toda preta, com teto solar, bancos de couro e um cheirinho maravilhoso de carro novo. O carro é gigante e muito lindo, acho que um dos mais lindos que já vi. Pelo jeito ele aproveitou a situação para adquirir um novo bem. Seria esse o motivo de tanto nervosismo?

- Entra. Quero te levar a um lugar. - Ele diz sorrindo, mas seus lábios tremem. O que tem de errado?

- Tem que ser rápido! Preciso ir para casa. Preciso falar com você! - Não quero correr o risco de eles chegarem e eu não estar lá. Não quero que ele chegue sem conseguir contar.

- Seja o que for, pode esperar um pouquinho! - Ele é bem persuasivo quando quer. E ultimamente...

Ele para em uma praia bem deserta. A vista é magnífica. As pedras, a areia branquinha, as águas claras quase transparentes. O vento e o ar fresco. Aqui é um lugar perfeito.

Saímos do carro para caminhar um pouco, realmente é de tirar o fôlego. Poderia ter avisado que iríamos à praia. O que não faz muito sentido. De repente, ele me surpreende com uma caixinha.

- Eu não sou o cara que sua mãe sonhou em ter como genro. Eu não presto. Definitivamente. Sou frio, grosso e estúpido. Eu não sei tratar bem as pessoas. Eu machuco quem amo, afasto as pessoas. Sou mal educado. Eu não sei demonstrar afeto, embora eu queira. Eu não queria, mas sou assim. Já tentei mudar, te juro. Mas não consegui. Não consigo fingir ser quem não sou. Sou apenas isso. Esse trapo em forma de gente. Vai em frente, pode me chamar de sem coração, eu aguento. Mas a questão é que você fez em segundos o que outros levariam meses para conseguir. Acho que apenas uma pessoa conseguiu. Ao seu lado consigo ser totalmente diferente, você derreteu toda a camada de gelo que envolvia o meu coração e fez eu me apaixonar por ti, pelo teu sorriso, pelo teu olhar, pela tua boca, pelo teu toque e até mesmo pela sua mania. É... Você transformou o insensível aqui num adolescente apaixonado. Então, meus parabéns. Porque você conquistou o meu amor e todo o resto. Agora se prepare, porque eu vou te amar em dobro. E eu to falando isso com uma puta medo de perder você, aliás eu não consigo nem pensar nisso. Me apeguei a você muito rápido e me apaixonei rápido demais também, mas é real, é verdadeiro. Por favor, fica, fica comigo, na minha cama, fica na minha vida. Não me deixa, não desisti de mim, promete? Eu sei que eu não sou o cara mais lindo do mundo, nem o mais legal, ou o mais fofo. Sei que estamos nos conhecendo agora e é muito cedo para isso, mas quero te mostrar o quanto você é diferente e especial para mim. Tenha um relacionamento comigo? - Ele abre a caixa e tem um solitário prata com uma pequena pedrinha em cima. Eu fico sem palavras, apenas piscando os olhos. Quero entender o que está acontecendo aqui. Como chegamos nisso.

Chama do pecado - Em revisãoWhere stories live. Discover now