Academia de Heróis - Camren

Bad Things - Completo

Uma vez, há algum tempo atrás, decidi que precisava sair e esquecer todas as coisas que me tiravam a paz. Eu não tinha rumo, um caminho à ser seguido, a única coisa que fiz foi entrar na primeira casa noturna que encontrei e eu me lembro, pedi da bebida mais forte que eles tinham ali e afoguei todas minhas mágoas achando que elas iriam embora para sempre.

Sabe quando o "para sempre" de alguém dura apenas alguns segundos?

Então, o meu durou um pouco mais do que isso.

Eu me lembro, mesmo não querendo e nem entendendo o porquê, eu ainda me lembro de tudo sobre aquela noite.
Desde o copo deixado cair no chão sem querer, até mesmo ao garoto da camisa branca que estava sentado em um dos bancos olhando para uma garota que beijava um cara com um topete cheio de gel no cabelo. Eu me lembro que ele parecia sofrer por ver aquilo, eu quase gargalhei quando me toquei que ele amava alguém que não poderia ter, então eu fiquei na minha porque estávamos dividindo uma mesma situação mesmo que não nos conhecesse nos.

E então, depois disso eu paguei o que devia e sai dali com uma angústia que jamais serei capaz de descrever no peito. Eu me sentia sufocando, me sentia vazia e solitária. Sabia que ninguém conseguiria preencher o espaço vago no meu peito e que ninguém faria aquela sensação passar.

Eu continuei caminhando por um tempo até que decidir entrar em uma porta cheia de grade e enferrujada, devo ter xingando quando senti minha mão cortar no ferro, mas não liguei.

Ouvia meu celular tocando no meu bolso e quis jogar ele fora na primeira oportunidade que tive, mas então o wallpaper era uma foto bastante especial pra mim. E então eu me lembrei do que precisava fazer, continuei caminhando embora estivesse escuro, havia algumas luzes dos postes que clareavam um pouco. Até que depois de muito procurar - porque minha mente de bêbada estava fodida demais para compreender um metro na minha frente - eu acabei encontrando o que eu procurava.

A dor quase passou.

Eu quase me senti bem novamente.

Eu quase voltei a ser eu mesma.

Então eu olhei para a foto sobre uma pequena moldura e li o nome que estava ali, eu quis rir da minha desgraça, mais uma vez naquela noite, e acabei gargalhando quando ouvi um barulho em algum lugar no meio de todos aqueles túmulos, eu quase senti medo mais sabia que quando você tem a mente perturbada demais por demônios internos, os externos se afastam de você.

Eu xinguei em voz alta. Eu chorei e nem tinha notado isso. Eu me deitei ali e olhei para o céu estranho implorando para que tudo não passasse de uma brincadeira de mal gosto.
Eu quis quebrar aquela caixa de cimento que separava nossos dois corpos e eu te perguntei como você estava se sentindo ali, se sentia frio, fome ou se estava com medo. Eu me lembro de dizer que estava com medo de seguir minha vida sem você do lado. Eu então me toquei que não podia ser feliz daquela forma, porque eu havia atribuído minha felicidade à um fantasma.

É por falar em fantasma, eu desejei que você voltasse..

Então eu soquei aquela superfície plana com raiva de você por ter me deixado, embora não fosse sua vontade.

Eu queria qualquer coisa, qualquer coisa que fosse capaz de te trazer de volta por um dia, uma noite ou uns míseros segundos. Eu sabia que se isso acontecesse ou eu te amaria mais e mais... Ou ficaria louca, mas do que estava!