Capítulo 16

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Calum beijou-me.
Uma e outra vez e mais uma vez e ... digamos que não parámos durante bastante tempo, não me estou a queixar, como poderia? Não vos consigo contar como me sinto porque, sinceramente, não faço ideia do que se está a passar aqui dentro, tenho imensas emoções a passarem por mim. Acho que ainda não processei esta "informação", meu deus do céu eu preciso de ajuda, a sério, não consigo pensar em mais nada.

"Mia!"- ouvi a minha professora chamar-me, oh não.

"Desculpe"- olhei á minha volta e reparei que a sala já se encontrava vazia.

"Já pode ir embora sabe, a não ser que queira guardar o seu lugar para amanhã"

"Sim, quer dizer não, desculpe eu vou já"- disse a pegar nas minhas coisas e a sair da sala o mais rápido possível.

Bem, isto foi embaraçoso, agora deve pensar que sou uma atrasada mental. Se não o pensava antes, pensa agora de certeza. Mas pronto, não há nada que eu possa fazer agora, vou mudar de assunto. Quero mudar a rotina de sair da uni e ir direta para casa, então em vez de ir para casa vou para a biblioteca fazer um trabalho... Com o Noah. Visto que o Calum está com os amigos, não vou ficar sozinha, certo? E não conheço ninguém para além do Noah, portanto, ou era ele ou era ficar sozinha. E eu até gosto dele, não vai ser mau, pode ser que até me ajude a concentrar.

Meti-me no metro e aventurei-me no caminho para a biblioteca, não estou a ser irónica, quase me perdi da última vez, talvez seja por isso que Calum estava tão relutante a deixar-me vir sozinha. Mas bem, não me perdi e já estou a ver o Noah.

"Olá"- disse quando me aproximei de Noah para o cumprimentar.

"Então, tudo bem?"

"Sim"- sorri.

"Nota-se"- riu levemente-" Vamos para dentro?"

"Sim, senhoras primeiro"- dei-lhe espaço para passar.

"Muito obrigada"- fez uma espécie de vénia e riu-se.

Sentámo-nos o mais longe possível das outras pessoas, porque eu sei que vou acabar por falar e não quero que me batam na biblioteca... Nem em lado nenhum!

"Estás mais sorridente comparada com ontem"

"É verdade"- sorri e voltei a olhar para o computador.

"Queres partilhar?"

"Não é nada de especial"

"Tudo bem"- voltou a escrever no seu caderno.

"Digamos que resolvi as coisas com a minha boleia de ontem"

"Muito bem, espero que lhe tenhas dado um raspanete, não se deixa um troll á espera"

"Nunca viste tu um troll tão giro"

"És o primeiro que vejo, não posso concordar"

"Ofendes-me"

Piscou-me o olho e voltou a olhar para o seus apontamentos e eu voltei a olhar para o meu computador, onde eu devia de ter um trabalho quase feito e ainda só escrevi uma frase. Sabem para quando é o trabalho? Para daqui a dois dias, e eu ainda não fiz nada. Cada vez que penso na data de entrega o meu estômago fica ás voltas, não sei o que fazer. Quer dizer, sei. Tenho de parar de ser uma galinha mal cheirosa, focar-me e deixar que as palavras me venham á cabeça para acabar este maldito trabalho, mas neste momento não consigo.

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Acabei por me conseguir focar, depois de ter tomado um café, e ainda escrevi um bom bocado. Mereço uma bolachinha.

Estou com o Noah á espera de Calum, que insistiu em me vir buscar porque não quer que eu seja raptada, pffff como se isso fosse possível, quem quereria raptar uma batata destas? Avistei o seu carro a chegar e a estacionar, então preparei-me para me despedir de Noah até que vi o meu companheiro de apartamento a sair do veículo e a dirigir-se na nossa direção. Isto vai ser lindo.

"Olá"- beijou-me a bochecha.

"Oi"-sorri-lhe.

"Olá, sou o Noah"- estendeu a mão ao meu companheiro, que hesitou em apertá-la.

"Calum"

"Então eras tu a boleia de ontem?"

"Huh sim"

"Então obrigada, deu-me oportunidade de conhecer a Mia"- Noah disse, aw.

"É, não te habitues á ideia"

"Não te preocupes, tenho namorado"-riu. 

Engasguei-me na minha própria saliva e comecei a tossir que nem uma perdida, isto é uma ótima maneira de morrer. Sou tão discreta e subtil que dói.

"Estás bem?"- Noah riu.-" Sei que pode ser um choque mas"

"Estou ótima, não te preocupes"- tentei disfarçar, mas falhei claramente.

"Eu apresento-te amanhã, ele também sai á mesma hora que nós"- pôs-me a mão no ombro.

"Isso seria ótimo, fico feliz por ti"

"É"- sorriu que nem um tolo.-"Bem, tenho de ir embora antes que ele mande a polícia atrás de mim."

"Nós também, obrigada por me teres ajudado com o trabalho"

"Não há problema, os amigos são para isso"- disse ao ir embora.

Calum ainda estava no mesmo sítio, eu acho sinceramente que ele congelou ou assim, não sei se deva acordá-lo do seu transe e arriscar-me a levar uma chapada ou não. Felizmente, não tive de tomar uma decisão porque ele "acordou" mesmo antes de eu fazer alguma coisa, e o mais estranho foi que ele estava a sorrir.

"Ele é gay"

"Quer dizer, pode ser bi, não há maneira de teres a certeza"

"Ele tem namorado"

"Pois tem"

"Eu acho que vou gritar"- guinchou. Repito, ele guinchou.

"Calum?"

Ele abraçou-me e começou aos saltinhos. ELE COMEÇOU AOS SALTINHOS, ALGUÉM ME AJUDE.

"Awwww já podemos ficar juntos para sempre!"

Quem é esta criatura e o que fez ao Calum?

"Oh meu deus, enlouqueceste"

"Vamos casar-nos, Mia"- disse a rir-se ao aconchegar a sua cara no meu pescoço, ele enlouqueceu. 

Eu apenas ri, isto está a ser engraçado.

"Não achas que nos vamos casar?"

"Calum, vamos para casa"

"Oh Mia, tu vais ver um dia"- disse aos saltinhos a ir para o carro, onde acabei por me sentar com o louco do Calum.

Encarou-me e passou a mão pela minha bochecha, como sempre, e sorriu para mim.

"És linda"

"Eu sei, sou Deus"

Riu e beijou-me, nem uma nem duas vezes acreditem. Mas hey, não me estou a queixar.


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