Capitulo 12

23 1 0
                                    

Acordámos ás 8:00. Bem, eu acordei ás 8:30, não sou muito boa com manhãs mas a Jill, pelo contrário, sempre foi muito motivada para acordar. Costumávamos acordar ás 6:30/6:40 para ir correr um pouco, era um bom hábito, mas com o passar dos anos acabei por ficar demasiado cansada para me conseguir pôr a pé (depois de não dormir basicamente nada) tão cedo. Passámos a ir ao fim da tarde, depois das aulas, para aliviar o stress.

Jill já estava vestida e a acabar de preparar a sua mochila para se ir embora, mas eu demorei o meu tempo. Talvez por achar que se demorasse mais tempo ela não ia embora tão depressa.

"Vamos lá dorminhoca, ainda me vais fazer perder o autocarro"

Se calhar não é má ideia.

"Já vou já vou"

Vesti apenas umas leggins, uma camisola branca qualquer que encontrei no armário e calcei umas sapatilhas pretas. Peguei na minha mochila pequena onde levo as chaves e a carteira e dirigi-me á cozinha, onde a minha melhor amiga se encontrava a comer-me os cereais quase todos. Decidi não me chatear com isso, posso fazer o Calum ir ás compras mais tarde. Espera, O CALUM? ELE ADORMECEU. Corri até ao quarto do meu companheiro e abri a porta do mesmo. Aw, ele ainda está a dormir e agora? Devo conduzir o seu carro sem permissão ou acordá-lo? Voltei á cozinha, estou com um dilema.

"Jill?"

"Diz-me que ele já acordou"

"Hm, sobre isso..."

"Mia! Estás á espera do quê para o ir acordar? Tenho de sair de casa daqui a meia hora"

"Eu sei e eu compreendo, mas eu não consigo acordá-lo"

"Como assim não consegues? Ele morreu?"

"Não estúpida, mas mas mas"

"Mas??????"

"Mas ele está tão fofo ali a dormir e só me apetece apertar-lhe as bochechas e não consigo e"

"Ai por amor de deus Mia, estás a gozar"

"Não estou não, eu a sério que não consigo"

"Vou ter de ir lá eu?"

"Sim?"

"Porra Mia"- levantou-se e saiu da cozinha. Só consegui ouvir um estrondo e suponho que foi alguém a cair no chão, e já sei quem é. Digamos que a Jill não é a pessoa mais fofa para acordar alguém... Falo por experiência.

Voltou para o seu lugar na cozinha e continuou a comer enquanto que eu ainda estava á espera das minhas torradas que, agora que penso bem, ainda não pus na torradeira. Muito inteligente realmente. 

Passado talvez 15 minutos, Calum entrou na cozinha já vestido mas ainda com os olhos quase fechados, que adorável eu acho que vou explodir. Não se preocupou em compor o cabelo, o que me agradou bastante porque fica tão atraente. Não percebo como é que ele consegue ficar assim tão giro logo de manhã, eu juro que me olho ao espelho e só vejo um orangotango. 

"Bom dia"- deu-me um beijo na bochecha, isto é uma rotina que ele criou pouco tempo depois de nos conhecermos.-" Bom dia, Jill"

"Bom dia feio"- Mas qual é que é o meu problema afinal?

Temos menos de dez minutos para sair e como sei que o Calum também não funciona bem de manhã, dei-lhe as minhas torradas e peguei numa maçã ( demoro menos tempo a preparar e a comer do que ele). Fui procurar as chaves do carro e ver se ninguém se esqueceu de nada. Claro que o Calum nem a carteira tinha ao seu lado, então fui buscar as coisas que eu sei que vai precisar ou que me vai pedir. Saímos de casa por fim e fomos deixar a Jill, com muita dificuldade por causa do trânsito, ao terminal. Calum ficou no carro encostado ao vidro a questionar a sua existência e eu fui com a minha melhor amiga comprar o seu bilhete e levá-la ao respetivo autocarro. Quero chorar.

"Odeio estas coisas"- ela disse.

"É, eu sei. Eu também"

"Só tenho de pensar que te vejo daqui a pouco tempo."

"É, nós vamos arranjar solução J"

"Arranjamos sempre"- pus-lhe a mão no ombro.

"Oh anda cá"- abraçou-me durante uns minutos até que o motorista avisou que iam sair dentro de dois minutos.

"Cuida-te idiota"

"Tu também mal cheirosa"- ela riu.-" Vai-me atualizando com a tua vida okay?"- acenei.

"Vá, mete-te dentro desse autocarro de uma vez já não te posso ver á frente."

"Sempre ás ordens."- e lá foi ela.

Esperei que o autocarro saísse do terminal para voltar ao carro, sinto-me bastante emocional. Custa-me muito ver alguém que eu costumava estar comigo todos os dias a toda a hora ir embora e saber que só a vou ver dentro de um mês ou mais. Isto acontecia-me com o meu irmão quando ele foi para a universidade, mas eu ainda o via todos os fins de semana ao menos.

Dirigi-me ao carro e Calum estava encostado nele, deve estar calor.

"Pronta para ir?"

Acenei.

"Aw anda cá"- ele abraçou-me. Mas será que ele não percebe que me vai pôr a chorar?

Sinto-me muito triste de momento.

"Vamos almoçar fora e depois vamos fazer as coisas que temos de fazer para a uni no teu café preferido"

"Quero enrolar-me numa bola e não sair deste chão"

Ele riu.

"Vamos lá, não há nada que pizza não resolva."- disse ao abrir-me a porta do carro depois de me encher a cara de beijinhos. 

Ele sabe marcar pontos caramba.





InsomniaWhere stories live. Discover now