Olhos fugitivos

168 20 26
                                    

Sophie olhava desesperada pela janela. Adam havia pulado da mesma e estava cercado por dois homens. Rebekah tinha trancado a porta do quarto e arrumava rapidamente uma mochila marrom que encontrara de Sophie. Ela a via colocando roupas, lençóis, cremes e sabonetes. Parecia até que alguém faria alguma viagem. Na mesma hora seus pensamentos foram em direção à Kiara e Maya.

— Minha irmã. Minha irmã está lá fora junto com Maya, Rebekah! — Sophie correu até a porta e quando começou a destrancá-la, sentiu alguém puxando seu braço.

— Nem pense nisso! — Rebekah falou decidida.

— Nada que você pegue nesse quarto é mais importante ou necessário do que a minha irmã e Maya! — Sophie tentou puxar o braço, mas ela a segurava com uma força genuína.

— Se você sair, é suicídio! Adam está lá embaixo. Você vai pular pela janela e iremos sair daqui, agora! — ela disse firme.

— Eu não vou à lugar nenhum sem minha irmã e minha amiga!

— Se não for por bem, eu te jogo pela janela por mal.

— Eu te mato antes disso. — Sophie forçou seu melhor tom ameaçador e a encarou.

— Eu só saio daqui, quando minha irmã estiver lá fora. Ai eu deixo você me jogar da janela se preferir, mas antes eu vou buscá-la. — Sophie tirou o braço, dessa vez com sucesso, da mão esquerda de Rebekah.

— Mas, era só o que faltava. De âncora, eu fui promovida a babá! — ela revirou os olhos indo até a porta e a destrancou. — Eu vou buscar sua amada irmãzinha. Se eu voltar e você ainda estiver nesse quarto, eu te mato com ou sem permissão de Adam. Espero que esteja claro. — ela lhe lançou o melhor olhar gélido. — Leve a mochila e pule pela janela. Tranque a porta quando eu sair. Não se preocupe, se Maya estiver lá eu tiro ela também. — Rebekah arrumou o cabelo loiro e saiu pela porta.

Sophie respirou aliviada. Nunca imaginou que precisaria que Rebekah salvasse as únicas coisas realmente importantes para ela. Pegou a mochila que estava no chão e foi até a janela. Adam estava lutando com um homem. Ele dava socos e golpes precisos, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. Olhou para janela e pulou. Não era alta. Olhou assustada para frente quando passou pela janela e viu Adam a olhar com aflito.

— Corre! ele disse alto e desesperado.

Sophie correu pelo gramado verde escuro enquanto não parava de pensar em Kiara e Maya. Não sabia para onde estava indo, não queria ir muito longe. Precisava estar próxima. Como Adam a acharia se ela se perdesse? Como ele a encontraria se ela fosse muito longe? Parou e colocou as mãos nos joelhos. Olhou para a rua vazia em sua frente e respirou o ar puro. Estava à três quarteirões de casa e não aguentava mais correr. Seus pulmões se recusavam a se esforçar mais. Eles precisavam descansar. Ela era sedentária, vivia deitada ou no sofá. Nunca imaginou que precisaria um dia, correr pela sua própria vida.

Estava encostada em uma casa azul com telhas e janelas brancas quando sentiu que algo a observava. Olhou para os lados e só viu uma brisa calma passar por ela. Era como se nada tivesse acontecido. O tempo estava perfeitamente equilibrado. A rua estava deserta e típica de uma manhã de domingo. Feiches de sol eram vistos atrás de uma nuvem negra. Um jornal rolava calmo e silencioso por um gramado perto de uma caixa de correios. Estava tudo muito silencioso e calmo.

Calmo demais.

Pensou enquanto olhava para frente. A sensação de ser observada voltou e ao olhar para seu lado esquerdo avistou uma casa diferente. Tinha uma varanda rústica e o que chamou sua atenção, foi uma senhora de cabelos brancos e com óculos redondos. Ela saía da porta andando lentamente com um regador de plantas azul marinho em suas mãos. Chegou até uma planta que estava no muro da varanda e a regou. Sophie balançou a cabeça.

Tentação AngelicalWhere stories live. Discover now