Tentação Angelical

Olhos fechados

"— Decorou tudo Sophie?" — Seu pai falava a olhando desconfiado.

"— Entrar na igreja com o almofadinha e entregar só na frente para o titio Taylor. Decorei papai." — Ela falava carinhosa.

"— Está nervosa filha?" — ele disse vindo até ela.

"— Não papai, não sou eu quem está casando." — disse risonha sentada no sofá e com seus pequenos pés balançando.

"— Falando nisso... — ele disse sério se aproximando e sentando ao seu lado no enorme estofado branco. — Você tem que me prometer uma coisa muito importante Sophie, nunca vai se casar." — ele disse ajeitando os óculos quadrados no rosto fino.

"— Só quando eu crescer papai." — disse olhando para seus sapatinhos amarelos.

"— Nem quando crescer!" — ele disse nervoso e um pouco alto.

"— Se eu casar o senhor vai ficar triste?" — ela disse com medo.

"— Vou ficar muito, muito triste Sophie." — disse a encarando.

"— Não quero que brigue comigo papai ou que deixe de me amar." — falou com os olhos cheios d'água.

"— É impossível eu deixar de te amar meu amor. Já te falei isso milhões de vezes." — ele disse passando a mão no rosto dela e a abraçando forte.

"— Tenho medo de acordar e você não estar mais aqui papai." — disse chorando.

"— Sophie, se um dia eu for obrigado a te deixar, quero que saiba que vou te amar até seu coração parar de bater." — a apertou mais forte.

Sua menina era frágil e vulnerável. Seu abraço aumentou fazendo ele sentir uma pequena dor em seu coração. Ele estava bonito. De terno azul marinho e gravata preta. Um homem forte a vistas de outros. Alto, cabelos escuros e curtos. Olhos que Sophie havia herdado e rosto fino. Seu maxilar se destacava por ser exatamente perfeito. Seu corpo era forte e esguio. Um homem bonito ao ver das mulheres, mas que era entregue a sua mulher.

"— Não fala isso papai. Fica parecendo que eu vou embora logo e não quero ir."

"— Você não vai a lugar nenhum sem minha companhia Sophie. Nós ainda iremos nos aturar por muito tempo. Eu vou te ver moça e em cima dos palcos atuando. Vou te ver com seus filhos, que se Deus quiser será daqui a muito tempo." — disse com receio.

"— Jura que vai ficar pra sempre do meu lado papai? Até eu ficar velhinha?" — falou chorosa.

"— Se eu não ficar pra sempre, eu vou ficar em um lugar muito mais bonito Sophie, vou ficar aqui." — falou colocando a mão em seu coração.

"— Mas, não quero que fique no meu coração. Quero poder abraçar você sempre que eu quiser." — disse levantando a cabeça encontrando seu olhar amoroso.

"— Se tudo der errado meu amor, você pode olhar as estrelas e pensar em mim. Eu nunca deixarei de estar presente. Quando sentir dor eu te ajudarei a se curar, quando cair eu te levantarei filha e se você chorar eu secarei suas lágrimas. Por toda a eternidade vai ser assim Sophie. Até que seu coração pare de bater e sua mente não se lembre mais de mim. Se por ventura eu não estiver mais aqui vivo e saudável, eu ainda estarei em seu coração. Ai dentro meu amor é o melhor lugar que eu poderia querer morar." — disse apontando para seu coração. A abraçou mais forte e em seguida chorou junto a ela.

***

Ouvia o som abafado, mas não sentia nada. Seu corpo não se mexia e estava imóvel. Queria falar, chamou pelo pai. Mas sua voz nada disse. Não havia voz. Era só o som de seus pensamentos. Escutou barulhos seguidos, eram sons que pareciam como os dos filmes. Aparelhos, conseguiu distinguir pela sequência de bips.