Capítulo 1 - Os cinco porquês.

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Victória Walker

Já se passaram seis meses desde minha formatura, hoje já tenho meu próprio apartamento (conquistado com muito custo), meu próprio emprego e sustento um relacionamento firme com Thomas King, meu ex professor de ética.

Falar sobre nós e como chegamos até a esse patamar é um pouco delicado. Não tivemos um inicio normal como todos os casais normais tiveram, muito pelo contrário, passamos por diversas turbulências. A primeira, sem sombra de dúvidas era a questão da diferença de idade, são doze anos de diferença, não que eu me importe com isso, mas a sociedade sim, e no inicio custamos a superar tal obstáculo.

A segunda coisa foi a nossa relação professor/aluna que estabelecemos a cinco anos atrás, nenhum tipo de instituição de ensino admite que um docente e uma discente sustentem relações afetivas tanto dentro quanto fora da sala de aula. Acho que essa foi a coisa mais difícil de burlar, pois quanto mais estávamos próximos, mais ficava difícil de esconder o que estava acontecendo entre nós.

A terceira coisa foram as intrigas, tínhamos combinado de não deixarmos que ninguém soubesse, ou pensasse em desconfiar que estava rolando alguma coisa entre ele e eu. Contudo, não tardou muito para que meu melhor amigo gay descobrisse o nosso envolvimento e me cobrou explicações. Não hesitei em contar toda a verdade para ele, afinal, ele era meu amigo e me apoiaria sem pensar duas vezes, e além disso, Thomas concordou em deixar ele saber contanto que não falasse com mais ninguém.

Oliver, de fato não deu com a língua nos dentes, mas nossa ex amiga Becky, esperta que só ela, juntos os pontos e descobriu tudo. De início não pensei que aquilo me traria problemas, achava que a garota era minha amiga e não faria nada que pudesse me prejudicar. Engano meu, a vadia foi a principal responsável por praticamente detonar quatro anos da minha vida, e tudo isso devido a uma falta de empatia pela minha pessoa.

A quarta situação foi com Derek Morgan, o arquiteto que conheci ainda na faculdade no inicio da mesma. Fomos amigos por uns bons meses, ele era uma pessoa doce, gentil e me amava. Acho que esse foi o pior erro que ele cometeu na vida, apaixonar-se por alguém que ele sabia que era quase impossível ter, mas mesmo assim não desistiu. Continuou insistindo mesmo depois de eu ter o acusado de ter feito algo que não fez, acho que na cabeça dele, assumir uma culpa que não era dele, iria me fazer sentir remorso por ter feito o que fiz. E de fato eu sentia.

Meu último contato com ele foi no dia da minha formatura, e ainda assim, através de um cartão que eu nunca cheguei a responder. Mas não vou negar, eu ainda guardo com todo o cuidado o delicado colar que ele me dera de presente (que Thomas não saiba disso!).

O quinto probleminha (problemão) que encontramos, foram meus pais. Eu sabia que não seria nada fácil eles aceitarem meu envolvimento com um cara que tem idade para ser meu irmão mais velho, por exemplo, mas eu não deixaria que isso interferisse ainda mais nas coisas, não podia.

Demorou um pouco para eles aceitarem e respeitarem a minha decisão, precisei sair de casa para eles notarem que não valia a pena perder uma filha somente pelo fato dela estar apaixonada por um cara que, no ponto de vista deles, estava longe de ser o príncipe encantado.

Minha mãe tentara diversas vezes me convencer de que eu deveria esquecer aquela ideia e procurar alguém da minha idade para me relacionar, contudo, ela viu que aquilo estava fora de questão no dia quem notou uma aliança de compromisso no meu dedo anelar direito.

—Você ainda vai acabar se machucando, Victória. Mas vou deixar que você quebre a cara sozinha, de novo. – Ela disse da última vez que discutimos sobre esse assunto.

Ela já sabia a história toda, do inicio ao fim, por isso sempre que tinha a oportunidade, ela me cutucava com essa frase. Eu sei, ela só está querendo me proteger, mas fala sério, eu já era de maior, já tinha meu emprego, meu apartamento, minha vida, ela não podia me tratar como uma criança de dois anos de idade que não sabia andar de bicicleta.

Enfim, esses foram os meus cinco porquês em relação a Thomas, foi por muito pouco que não ficamos separados de vez, e eu espero muito que isso não se repita nunca mais.

Neste instante estou ajeitando pela última vez meu vestido social, hoje eu teria uma reunião importante com os donos do escritório de advocacia pela qual eu trabalhava, estava ciente de que alguma coisa bombástica cairia nas minhas mãos, talvez seria mais um de inúmeros processos penais que eu havia ganhado em nome deles, ou até mesmo um corte de pessoal. Eu estava otimista e esperava de todo coração que fosse algo relacionado a primeira opção.

Reforcei meu batom vinho e arrumei os cabelos, peguei as chaves do carro de Thomas (ele havia me emprestado visto que, ele tinha dois carros, rico ele né?!), tranquei meu apartamento e segui até o elevador solicitando que o mesmo me deixasse no subsolo, onde era a garagem.

Entrei na caminhonete preta e dei a partida na mesma saindo da garagem logo em seguida. Era pouco mais de sete e quinze da manhã e eu decidi que queria ouvir músicas agitadas para que meu estado de espírito ficasse igualmente compatível.

Já estava na metade no caminho quando meu celular vibrou, era uma mensagem de Thomas. Aproveitei que estava parada no sinal vermelho e peguei o aparelho o desbloqueando logo em seguida.

Bom dia meu amor!

Passei somente para te desejar boa sorte na reunião, tenho certeza que não será nada demais.

Passarei no seu apartamento depois que eu sair do escritório.

Amo você.

Se eu suspirei com essa mensagem?! Claro! Aprendam uma coisa, se tratando de Thomas, eu sempre vou ser uma garota apaixonadinha.

Continuei o trajeto até o escritório e em pouco menos de vinte minutos eu já estava encostando o carro na vaga de funcionários.

Passei pela recepção, onde Lindsay me cumprimentou com um bom dia preguiçoso (sempre era assim). Peguei um café e deixei minha bolsa na minha sala, a reunião seria as oito, logo, estava no horário.

Adentrei a sala de reunião e dei de cara com meus chefes.

—Senhorita Walker, que bom que chegou. – O Sr. Belmont me cumprimentou.

—Bom dia, Sr e Sra. Belmont. – Sorri tímida me sentando de frente para eles.

—Não vamos tomar muito seu tempo, minha querida. – A Sra. Belmont disse com um sorriso simpático no rosto. – Queremos te fazer uma proposta.

—E qual proposta seria?! – Perguntei curiosa.

—Você gostaria de representar nosso escritório na nova filial em Roma?! – Ela perguntou.

Ah meu Deus, ah meu Deus!

Roma?!

—Uau...mas é claro que sim. – Eu disse rapidamente.

—Sabíamos que poderíamos contar com você, sempre foi muito dedicada, tenho certeza que irá fazer um bom trabalho. – O Sr. Belmont disse. – Amanhã começaremos a fazer os preparativos da viajem, está dispensada.

Após agradecer imensamente aos dois, sai da sala com um sorriso imensamente largo no rosto. Mas logo ele desapareceu no segundo que eu me lembrei de algo muito importante.

—Ah meu pai! Thomas!

A Escolha PerfeitaWhere stories live. Discover now