Frigideira, Um Clássico

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RACHEL POV -

Observava tudo por trás de minha cortina rosa e transparente. Era o fim do mundo. O Acampamento estava virando pó. Ao longe, conseguia ver os dois deuses mais poderosos, ambos com 3 metros de altura disputando. Cada choque de suas armas era um tremor na terra. Três pares de olhinhos me encaravam, inocentemente, meio perdidos. Um par de olhos verdes, iguais aos olhos que me apaixonei uma vez, outro par era de olhos tão cinza que ganhavam facilmente de uma nuvem de chuva forte e os outros olhos eram de um azul extremamente elétrico.

- Tia Rachel, o que a gente faz? - O pequeno Peter Jackson perguntou.

- Só nos resta esperar essa guerra acabar, pequeno Peter. - Respondi.

Me sentei de frente para eles, em um dos meus puffs. A Sra. O'leary estava de guarda lá fora. Alguém teria que passar por ela, para poder mexer conosco.

- Não se preocupem, crianças. Esse é o lugar mais isolado do acampamento. As pessoas quase não aparecem por aqui. Foi por isso que o Percy os mandou para cá.

- Então, ninguém vai nos achar aqui?

   A Sra. O'leary começou a latir loucamente do lado de fora.

- Isso deve ser um "não". - Ally falou, se levantando.

   Me levantei às pressas, olhei pelas cortinas. De fato, alguém se aproximava.

- Vamos, se escondam ali! - Apontei para algumas caixas aonde eu guardava livros e pergaminhos importantes, como antigas profecias, estudos sobre oráculos, algumas pinturas e coisas mais.

   As crianças obedeceram e correram para trás das caixas. O desconhecido, quase imediatamente, entrou na caverna.

PETER POV -

- Bom dia. - O homem estranho falou, sorrindo. Ele usava jaqueta e óculos escuros. - Seu cachorro me incomodou um pouco, então tive que dar uma pequena lição nele.

Ele mostrou a coleira da Sra. O'leary e a jogou nos meus pés. Ally sufocou um grito ao meu lado. Tapou a boca com as duas mãos.

- Quem é você? - Tia Rachel perguntou, em posição de defesa.

  Ele sorriu.

- Só estou de passagem. Vim ajudar meu amigo, Zeus.

- Então, você é aliado de Zeus. - Tia Rachel concluiu.

- É uma bela caverna. - O homem observou cada detalhe do lugar e parou em frente as caixas em que estávamos.

Prendi a respiração. Jacob me olhava assustado.

- Zelos, Hércules está com a filha de Poseidon. É a nossa vez. - Algum outro cara falou, da porta da caverna. - Vamos! - Chamou.

- Calma, preciso dar um fim na aliada de Poseidon. - Falou.

   O outro cara apareceu à porta. Tremi ao olhar para ele. Era muito parecido com Ares, o deus da guerra. Mas o primeiro homem era muito mais assustador.

- Estamos com pressa, Zelos. Alguns semideuses estão tentando nos atrapalhar. - O segundo homem falou.

   O primeiro homem suspirou.

- Tudo bem, vamos. - Falou, dando um passo para a saída. Um barulho surgiu ao meu lado. O pé de Jacob havia escorregado e derrubado um balde de tinta vazio.

   O homem se virou, procurando de onde surgira o barulho. Andou novamente, perto das caixas. Ally me olhou, assustada. Prendemos a respiração.

O homem sorriu e se afastou.

- Você é mortal. Não é grande coisa, tenho certeza. Vou deixar um amiguinho cuidar de você. - Falou para tia Rachel, saindo da caverna. - Τελειώστε το!* (Acabe com ela!*) - O ouvi gritar de fora da Caverna. Alguns segundos segundos depois, ouvi um rosnado. Me inclinei para ver melhor.

- Um manticore. - Jacob mexeu os lábios, sem emitir som.

   Tia Rachel pegou uma lança que estava encostada na parede da caverna.

- Para trás! - Ordenou. - Mas, o manticore continuava avançando.

   Ele a empurrou para longe, fazendo-a bater a cabeça na parede.

- Ela vai morrer. - Sussurrou Ally. O manticore avançou de novo.

- EI! - Gritei, saindo do esconderijo.

- Peter! - Rachel exclamou. Passou a mão na cabeça e observou o sangue que jorrava dela.

O manticore se virou e rugiu.

- Tudo bem, povavelmente vamos morrer, mas vamos lutar juntos. - Jacob falou. Ally concordou.

  O manticore correu em nossa direção. Jacob pegou a primeira arma que encontrou e bateu na cabeça do monstro: uma frigideira.

- Frigideiras são um clássico. - Ally disse, sorrindo. Mamãe tinha razão. Ela tinha mesmo o senso de humor do papai.

  O manticore ficou tonto, porém logo avançou jogando Peter pra longe. Ele bateu em um barril, o quebrando e fazendo alguns litros de água se espalharem pelo chão.

  Ally se concentrou e usou a água para acertar o monstro, mas ela não conseguiu controlar tanta água como da última vez. Só foi o suficiente para molhar o manticore, sem nenhum outro efeito. Ele correu e a atacou com suas garras. Ally gritou. Seu braço agora tinha enormes arranhões fazendo-a sangrar. Ela também caiu no chão.

Tia Rachel ainda estava meio tonta, tentando se levantar, com um corte na cabeça. Permaneci paralisado, até que algo vibrou no meu bolso. Minha mão se dirigiu pra lá.

Peguei a caneta do papai. Ela pulsava na minha mão e brilhava. "Não" pensei. "Não mesmo."

- Peter! - Ally gritou, segurando seu braço jorrando sangue. - Use-a!

  Eu só tinha 4 anos. Não podia usar uma arma cortante. Não mesmo. Então, lembrei do que o papai havia dito: "Peter, você é inteligente e muito responsável para sua idade. Isso não é brinquedo. Use apenas se for necessário."

E era necessário, mas minhas mãos tremiam. Eu não tinha coragem. Tive o flashback de outra lembrança, dessa vez mais antiga: "Ela não é linda, Peter?" Ano passado, enquanto Ally dormia, minha mãe havia perguntado isso. Apenas balancei a cabeça, concordando. Mamãe a segurou melhor em seu colo. "Ela é sua irmãzinha. Seu dever é protegê-la, não importa o que aconteça e nem a idade que tenha. Você é o guarda-costas dela, Peter, entendeu?"

Conseguiria? Eu era apenas uma criança de quase 5 anos. Mas, meus pais confiavam em mim. Tentei soltar a tampa da caneta, mas o medo ainda me consumia. Então o manticore pulou em minha direção. Puxei a tampa.

  

   


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