A História de Miriam Carter

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PERCY POV -

Assim que chegamos na praia, me afastei com Miriam para finalmente conversarmos.
- Então... - Comecei.
- Então, o quê? - Ela questionou, com as mãos nos bolsos do casaco verde escuro.
- Quero saber sua história. Como veio parar aqui e de onde você é.
- Ah, isso... Meu passado é um mistério, Percy Jackson. Não tenho um final feliz. - Miriam respondeu.
- Acho que o seu final está longe de acontecer. Você só tem 16 anos... - Ela me olhou, desmotivada. - Olha... - Apontei para Peter e Ally, brincando na beira do mar - Eles estão loucos pra se aproximar de você. Colocaram na cabeça que agora têm uma tia. Não é como Annabeth, em que os irmãos dela, filhos de Atena, nem parecem ser mesmo seus irmãos por ela não conviver tanto com eles, tirando o Malcom. Talvez, como só tenho você de irmã, eles pensem de um jeito diferente.
  Ela suspirou, o capuz do casaco dela estava erguido, sua cabeça coberta.
- Não estou em condições de me relacionar com crianças. - Ela falou.
   Assenti.
- ... Mas, vou te contar minha história. - Miriam suspirou, seus olhos verdes fixados no mar. - Sou Canadense. Nasci em Vancouver. Fui criada por minha mãe e meu padrasto perto da English Bay Beach. Eu amava passear por lá, visitar o Vancouver Aquarium, mas não imaginava que os deuses olimpianos fossem reais, mesmo tendo sido atacada por monstros algumas vezes enquanto passeava pela praia.
- E como você os enfrentava? - Perguntei.
- Bom, quando eu era pequena, minha mãe me mandava entrar na água e os monstros simplesmente iam embora. Quando cresci, achava que tinha sido coisa da minha cabeça. Que eram monstros fictícios que eu mesma criava, mas aos 8 anos minha mãe fez questão que eu entrasse no Kung Fu e na aula de esgrima. Aprendi a lutar cedo e a cada ano ficava melhor. Mas, quando completei 13 anos, um tridente apareceu na minha cabeça enquanto assistíamos televisão. Minha mãe começou a chorar desesperadamente. Eu não entendi nada. Perguntei a ela o que estava acontecendo e ela disse que não tínhamos mais tempo, que era para fazer as malas imediatamente. Depois disso meu padrasto sumiu.
- Ele foi embora? - Questionei, intrigado.
- Não... Eu descobri que... ele, na verdade, nunca existiu. Pra falar a verdade, até os 13 anos eu achava que ele era o meu pai. Mas, ele era apenas uma miragem. Um presente de Poseidon pra minha mãe.
- Um presente? - Perguntei.
   Ela confirmou com a cabeça.
- Quando minha mãe engravidou, Poseidon ficou desesperado. Falou que os deuses maiores estavam proibidos de ter filhos e prometeu que nos esconderia de Zeus e do mundo. Criou essa miragem em névoa para eu achar que os monstros eram coisa da minha cabeça e que enquanto eu achasse que a miragem do meu pai era real, eu estaria protegida. Minha mãe falava "sempre que estiver com medo, procure uma fonte de água ou algo que lembre o mar e estará protegida." E era isso que eu fazia sempre que via um monstro. No futuro, descobri que esse era um sinal que eu fazia indiretamente a Poseidon para ele saber que eu estava em perigo. Mesmo sem eu saber da existência dele, ele ainda me protegia, como tinha prometido.
- Sinistro... - Falei.
- Você vai me deixar terminar ou não? - Miriam perguntou, brava.
  Ergui as mãos.
- Desculpa.
- Mas a minha mãe sabia que algum dia eu iria descobrir que era filha de um deus. Então me colocou nas aulas de luta e esgrima, como já disse. Então, aos 13 anos, quando ela me disse que o tridente reluzindo na minha cabeça significava que Poseidon tinha me assumido como filha, tivemos que fugir. A miragem do meu pai desapareceu e foi uma dor pra mim, enxergar que ele não passava de uma névoa. Então, ela me arrastou para o carro com malas mal feitas e alegando que eu não estava mais protegida. Que tínhamos que ir para um acampamento. O único lugar em que eu estaria protegida, talvez. Ela nem sabia ao certo. Mas, ela tinha esperanças de que tudo fosse resolvido. Era melhor do que ficar dando sopa para os monstros em casa. Viajamos por dias e desviamos de muitos monstros. Eu também derrotei vários deles, antes de nos depararmos com um Ciclope em Detroit. Lutamos muito contra ele, mas ele era... muito poderoso. - Miriam abaixou o rosto. - Não consegui salvá-la. O carro havia explodido no meio dessa luta e eu não sabia como chegar em Long Island, tinha 13 anos e não podia trabalhar, só tinha uns 300 dólares e 3 dracmas. O que estava com a minha mãe foi destroçado, junto com o corpo dela. Os monstros não paravam de me perseguir... Foram quase 3 anos de luta até chegar aqui... Andando, pegando alguns ônibus, tentando arranjar comida barata... eu não sabia como os dracmas funcionavam .. A luta foi grande. Depois me encontrei com um sátiro em Washington e ele se tornou meu melhor amigo desde então.
- Espera, você disse que ele te deu os parabéns assim que o tridente apareceu na sua cabeça. - Lembrei do que ela disse no chalé.
- É, mas não foi assim... Eu quis esconder o fato de que o meu pai-miragem tinha falado isso. "Salve, Miriam Carter, filha de Poseidon. Você finalmente foi abençoada." Essas foram as últimas palavras dele, antes de desaparecer. Foi muito doloroso. - Ela explicou.
- Entendi... Bom, e depois?
- Depois, o sátiro chamado Brole me perguntou se eu tinha dracmas, pois ele estava indo numa floresta resolver alguma coisa para o conselho de cascos fendidos, mas que eu era um problema muito maior... Entreguei um dracma a ele e ele enviou uma mensagem de Íris para o acampamento, para Quíron, acho eu.
Viajamos por mais uns dias e chegamos aqui, com mais uns monstros de cortesia nos atacando. Mas, conseguimos chegar vivos. Clarisse La Rue já tinha sido convocada por ele para me proteger, antes dessa profecia. Desde então ela está meio que morando aqui no acampamento com seu marido e sua filha. Ela e outros semideuses estavam na entrada do acampamento aguardando minha chegada e ela tem me vigiado desde então. Nem quando descobriu que estava grávida de novo, ela parou de me observar.
- Mas, por que ela está te vigiando? - Perguntei.
- Você não sabe? - Ela perguntou, olhando pra mim e baixando o capuz. - Eu sei porque a profecia surgiu, Percy. Sei porque Zeus e Poseidon vão entrar em guerra. Eu sou o motivo de tudo. Zeus não perdoará uma quebra de promessa. Ele já desconfia da minha existência. Para falar a verdade, ele já sabe que eu sou filha de Poseidon e fui gerada no meio do juramento​ entre ele, nosso pai e Hades. O amanhecer está chegando. Eu sei o que Zeus quer. Ele quer me matar.

Percabeth: Cupcakes AzuisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora