Gêmeos.

C18

-- minha boca tem o costume de mentir as vezes - digo revirando os olhos e saio de lá rapidamente.

Desço até a sala, e a mesma já está cheia de pessoas, adolescentes da escola, meninas e meninos de quem eu evito contato físico ou visual todos os dias. Quando apareci na sala, todos os olhares foram pra mim, consigo até ler os pensamentos "coitadinha, perdeu o pai tão cedo", "soube que ela amava muito ele, deve ter enlouquecido", "nem parece que perdeu o pai, afinal de contas, quem perde o pai não dá uma festa logo em seguida".

- estão te olhando porque está linda - Mary me corta os pensamentos - e que colar é esse? Ele é fabuloso, foi David que te deu? Eu sabia que tinha bom gosto - apenas sorri e ela me puxou pra cozinha.

- ora ora, achei que estaria se cortando em uma banheira - Elizabeth e sua classe aparecendo novamente.

- Liz, para com isso, hoje é nosso aniversário, será que podemos ter uma noite sem brigas? - solta Mary, mas Elizabeth nem deu bola e simplimente saiu da cozinha - não liga pra ela ok? Pode pegar qualquer coisa de comer e beber, na verdade de beber acho melhor você só pegar da geladeira, já batizaram tudo que está do lado de fora.

- tá bom - sorrio e assisto ela se afastar, de longe avisto todos dançando e bebendo muito, Elizabeth com seu namorado e Mary com o dela, já vi que vou ficar nessa cozinha a noite inteira.

Sento no balcão da cozinha e brinco com um copo de plástico, a hora demora pra passar, vejo pessoas chegando, pessoas caindo, pessoas beijando, e eu ficando cada vez mais invisível a cada gole deles em uma cerveja. Uma hora e meia já se passou, e a única coisa que não mudou é a minha localidade, sou a única que não tomou nenhum gole de bebida alcoólica, a cada minuto que se passa cada uma pessoa dessa festa fica mais bêbada.

As pessoas iam chegando, mais e mais, com vários amigos, ou sozinhos com mais bebidas, eu já estava me cansando dessa farra toda, olhei para as gêmeas que estavam se divertindo, e com certeza não iriam notar ou ligar se eu fosse para o quarto, tentei procurar os gêmeos que não estavam com elas, não achei mas também não liguei, sai da cozinha passando por todos, subindo a escada, ainda no corredor dos quartos tinham pessoas conversando, bebendo, e casais se beijando por todos os lados, sem demora corri pro meu quarto, que graças ao bom senhor estava com a porta fechada e ninguém ousaria entrar.

Depois de já estar dentro do meu quarto, o tranquei e respirei aliviada, mas quando abro os olhos dou de cara com Grayson.

- mais uma vez, cara para com isso, sério, eu não aguento mais você - retruquei sem tempo de terminar.

Ele se levantou e veio correndo em minha direção, se grudou a mim e entrelaçou nossos lábios num beijo feroz, não parecia com o beijo de Grayson, mas imaginei que seria pelo fato dele estar bêbado, senti o alito de álcool ao chegar perto dele, o beijo continuou, sendo feroz, como se ele tivesse necessidade de me beijar, como se fosse a primeira vez que fizesse isso.

- Ethan por que você trancou a porta, eu peguei outra camisa pra você, Ethan abre aqui - escuto a mesma voz da pessoa que acabou de me beijar.

- Ethan - separo nossos corpos e o olho assustada.

- Kayla, me desculpa, eu não sei o que deu em mim - diz ao me soltar e leva sua mão a cabeça.

- loucura - digo, tentando pensar no que fazer agora que Grayson está na porta - o que você está fazendo com a roupa dele?

- ele derrubou bebida em mim, e só ele entre nós está sóbrio o suficiente pra procurar outra né - ele ri - me emprestou a dele e foi pegar outra.

- olha, você tem que prometer que nunca vai comentar sobre o que fez aqui, sério Ethan - me ajoelho na frente dele que está sentado na cama - é sério Ethan, você tá bebado, não queria ter feito isso, ama a Mary.

- estou bêbado, queria ter feito isso - diz rindo passando a mão em meu rosto.

- Ethan, xiu, olha, fica no banheiro, e não fala isso pra ninguém, promete - levanto ele e o empurro até o banheiro.

- tá eu, eu prometo Kay.

Fecho a porta do banheiro e ainda escuto Grayson atrás da porta preocupado.

- Cara me responde, abre aqui - sem deixar que ele fale mais uma vez eu abri a porta e ele me encara com surpresa - o que você está fazendo aqui?

- esse é meu quarto, o que você está fazendo aqui - cruzo os braços.

- cadê o Ethan? Ele estava aqui agora - ele entra e passa o olho pelo quarto.

- por que ele estaria aqui, se você não percebeu só eu estou aqui e agora.

- eu trouxe ele aqui para me esperar, ele não pode ter saído - Ethan bate na porta do banheiro roubando a atenção do irmão.

- agora achou, deve ter ido vomitar, quero meu quarto limpo depois, eu não lembro de ter permitido vocês usarem de base o meu quarto - me viro para sair.

- o que você estava fazendo aqui - ele interrompe minha passagem.

- como assim, já disse, esse é meu quarto, vim so pegar meu celular e você já veio me encher, não vi seu irmão aqui - bufo.

- precisa trancar a porta? - pergunta com indiferença.

- olha não interessa, licença.