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-- Kayla, KAYLA. NÃO - ouso a voz de Grayson que gritava e corria em minha direção, mas a única coisa que eu consegui fazer foi, puxar o gatilho.

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Falhou,

Não escutei barulho, não senti dor, não senti nada, absolutamente nada, meu dedo estava pressionando o gatilho com toda a força que eu tinha, abri meus olhos e senti um odio me consumir por completo, cada veia, cada detalhe do meu corpo só contia ódio, eu senti minha morte, mas não como eu queria, meu coração não tinha parado de bater, só tinha terminado de morrer. Ainda com a arma em minha cabeça, abri meus olhos e a olhei inconformada por não ter tirado minha vida como tirou a de meu pai, o olhei ainda em meu colo e as lágrimas pararam de cair, coloquei a arma em meu bolso do casaco que estava vestida, me levantei sem esboçar expressão alguma, virei indo de encontro com Grayson que parou em minha frente sem reação e com lágrimas em seus olhos.

- Aí meu Deus, que bom - falou me tocando - Você está bem? - perguntou passando os olhos no galpão vazio onde só havia sangue.

- Muito bem, obrigado por perguntar - digo rindo e passando o dedo sobre seu rosto.

- Mãos pra cima - policiais entraram gritando apontando suas armas, achando que me fariam levantar as mãos.

- Eles foram por ali - Grayson apontou para a saída e metade dos que estavam ali seguiram o caminho mostrado.

- A quanto tempo ele está assim? - Um policial me questiona, mas eu não consigo segurar o riso -Qual é o seu nome?

- Quantas perguntas, eu quero ir para casa - digo sorrindo e indo para a porta.

- Espera, você não pode sair - ele me puxa.

- Você não manda em mim.

- Kayla, cala essa boca - Grayson me repreende.

- Eu não quero calar minha boca, eu quero sair desse lugar ridículo - digo apontando o dedo e muito irritada mas logo começo a rir - Vamos lá, precisam de mim para que?

- Você é uma peça da cena do crime - O policial indaga.

- Quem está ligando? Quer saber, pode perguntar pro meu pai - digo apontando - Ele que é a peça importante, talvez você tenha sorte dele lhe responder - Digo batendo em seu ombro.

- Já chega - segura meu braço e me vira para o mesmo colocando algemas em meus pulsos.

- Não precisa disso - Grayson entra na frente, achando que faria diferença então eu começo a rir.

- O que aconteceu aqui? - escuto a voz de Mary que entra no galpão junto de Ethan.

- Meu Deus, não por favor - Elizabeth corre até o pai caído no chão e fica chorando com a mão na boca, como se isso fosse trazer ele de volta.

- Vamos mocinha - o policial me empurra para fora.

- Ei calma, o que ela fez? - Ethan o segura.

- É o que eu fiz senhor policial - digo debochando e ele me chacoalha fazendo com que a arma caia do meu bolso.

- Mas o que é isso? - pergunta pegando a mesma do chão.

- Não sei, me parece uma arma.

- Não achamos ninguém - os outros policiais dizem passando pela porta suados por terem corrido.

- Que tal me dizer o que realmente aconteceu aqui? - um deles solta.

- Meu pai morreu, acho que nao viram ainda, tem sangue ali, essa cor é bonita não acham? - Elizabeth se levanta, caminha até mim ainda com lágrimas no rosto mas sua expressão é de fúria. Quando ela finalmente chega, ergue a mão me descendo um tapa no rosto, ele só ardia e ardia, a olhei sem reação nenhuma.

- Vadia - diz ela cuspindo.

- Acho melhor rever seus conceitos maninha - digo sorrindo.

- Vamos todos para a delegacia - disse o policial.

- Eu já disse que quero ir para casa - falei dando passos para trás, mas ele me segura.

- Relaxa, é obrigatório irmos agora? - Ethan o questionou.

- Ela está com uma arma no bolso, como vamos saber se ela mesmo não fez isso - apertou meu braço.

- Eu com certeza faria isso, olha la como ele tá lindo caído no chão - digo cínica o olhando com raiva.

- Kayla o que deu em você - solta Mary.

- Vamos deixar você em casa, mas não pense que vai escapar das perguntas - fala soltando as algemas.

- Sim Senhor - digo fazendo reverência.

Partimos para o carro, o casalsinho de gêmeos ficaram lá se lamentando pela morte o que é engraçado, são tão ignorantes que até me dói. Me deixaram em casa mas teria um vigia do lado de fora do meu quarto.

Já deitada na cama, escuto a chuva cair forte como nunca antes, um frio devastador entrava pela janela, fui até a frente da mesma só para sentir o gelo que estava. Fechei meus olhos e sorri quando o sentido do vento mudou para minha direção me trazendo os pingos da garoa até meu rosto, abri os olhos sem expressão, olhei para a porta e ja sabia que estava trancada. Coloquei uma perna entre a bancada da janela, e logo depois a outra, me deixando sentada somente na beirada, não era tão longe assim do chão então pulei, o gramado estava molhado e fez barulho como se eu estivesse pisando numa poça de água.

A chuva aumentava e aumentava a cada passo que eu dava para longe daquela casa, passando em frente à um rio e uma ponte no centro da cidade, me pousei lá mesmo, apoiei meus braços sobre o batente que separava o rio das ruas e só fiquei la com a água da chuva caindo sobre meu rosto.

- O que você tá fazendo na chuva gracinha? - uma voz fala atras de mim.

- Não é da sua conta - disse me virando e dei de cara com David, ele estava molhado da cabeça aos pés parado em minha frente - Oi gracinha - fui andando para perto dele - Acho que você não terminou o serviço da noite passada - falei sorrindo o estigando.

- Achei que não queria, seu protetor não está aqui Kayla, quer mesmo brincar comigo  - contribuiu o sorriso.

- Você fica mais bonito quando está calado - dei um selinho em sua boca, e por assim comecei a depositar beijos em seu pescoço - Que tal você me mostrar sua casa.

- E meu quarto? - me olhou.

- Principalmente seu quarto.

Gêmeos.Kde žijí příběhy. Začni objevovat