C17

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Acordar com 17 anos, como me sinto? Normal, nunca fiz 17 anos antes e isso não muda em nada, ainda sou a esquisita esquecida. Logo ainda de manhã já escuto as gêmeas decorando a casa para a "grande festa" delas essa noite, só de pensar me dói a barriga, muitas pessoas, bebendo e quebrando coisas, não sei como aguentam isso, espero poder ficar no meu quarto com a porta trancada, evitando dar de cara com alguém que não seja do meu interesse, e que esteja bebado ainda. Tomo um banho demorado, e muito penso em tudo que aconteceu na minha vida até agora, saio do mesmo já trocada com pijama é claro, pois tenho a menor das intenções em sair desse quarto hoje. Me deito e fico por isso mesmo, horas e horas, durmo, acordo, durmo de novo, e em nenhum momento o barulho da decoração cessa.

Abro os olhos num pulo, com o susto que tomei, minha cabeça doi com o alto som que ouço vindo de baixo, bufo já imaginando que seja a festa, mas não escuto pessoas falando, nem nada, só a música alta, cubro meus ouvidos com o travesseiro mas é em vão, alguém bate na porta loucamente.

- Kayla vamos, já começou, está trocada? - ouço a voz de Mary ecoando sobre o som mais alto.

Levanto e rapidamente abro a porta e a puxo para dentro.

- mas o que é isso? Se esta pensando que vai ficar vestida assim está muito enganada - diz apontando para mim.

- o que? Olha eu não vou descer para a festinha de vocês, e esse som está muito alto, mal consigo lhe ouvir.

- você vai descer sim, a festa é sua também, vamos, eu te ajudo a procurar algo para vestir - me puxa toda entusiasmada, mas me solto de seu aperto.

- não Mary, pode sair - apontei a porta para a mesma.

- Kayla, eu sei que você não gosta dessas coisas, mas por favor, vai ser legal, nem precisa ficar muito, pelo papai, por mim, por favor Kayla - implora me fazendo ficar irritada, mas não demonstro apenas concordo, pela primeira vez, não sei qual o sentido, mas se ela ficará feliz, então que seja.

- ok, só meia hora e depois eu subo - digo revirando os olhos e ela simplesmente aplaude.

- ótimo, pode colocar aquele vestido seu, na verdade o único que você tem, te vejo lá embaixo - sem dizer mais nada, e sem permitir minha fala, ela sai sorrindo.

Resolvi fazer a vontade dela e usar o vestido que eu tenho, papai comprou pra mim quando fiz 16 anos, mas nunca o usei, nunca me senti a vontade de colocá-lo em meu corpo, hoje é o dia, que sorte a minha. O vestido era preto, curto, acima dos joelhos, as costas eram abertas, e manga longa, não era tão apertado mas favorecia as curvas de qualquer menina, até às que não tem, como eu, lavei meu rosto para dar uma acordada, soltei meu cabelo, como de costume estava ondulado, e por fim coloquei um all star branco. Não me senti confortável, mas também não me senti feia, respeirei fundo, quando a coragem veio até meu coração ela simplesmente vai embora quando ouço a porta se abrir.

- eu já ia descer Mary - digo me virando, e minha feição de infelicidade não se esconde.

- pra quem não gosta muito de se arrumar, você está linda - Ethan aparece entrando.

- Mary pediu para que viesse aqui? - sorrio com o comentário que me aliviou quando dei conta de que era o outro gêmeo.

- não, eu só, queria te dar os parabéns antes da loucura que vai ficar isso aqui - diz rindo meio sem jeito, o que também me deixou sem jeito e confusa por isso.

- então muito obrigada, agora estou parecida com elas? - pergunto sarcástica dando uma volta e rindo.

- nem um pouco - revirei os olhos com a sinceridade dele, porém me assustei a cada passo que ele chegava perto à mim.

- que modesto, estou lisonjeada - me curvo como reverência ainda na gozação.

- você na verdade está ainda mais linda que elas, então sinta se lisonjeada mesmo - meu sorriso cessa por um segundo, mas não o suficiente pra que ele percebesse minha complicação, quando já estava perto o suficiente ao meu corpo, ele tirou uma caixa de presente pequena do bolso de sua calça - espero que não se importe, ou jogue fora por birra, pensei que ia gostar - o olho sem muito entender, mas feliz por ele ter se dado ao trabalho.

- não precisava Ethan, não te prometo nada sobre jogar fora em um momento de birra - rimos com um tom de constrangimento e pura vergonha, que não saia somente de nossas bocas mas sim dos nossos olhos assim que se encontraram.

- se quiser eu abro - assenti e ele abriu a pequena caixa em sua mão, o presente era um colar, uma pedra de rubi preta totalmente arredondada envolvida em uma correntinha de prata brilhante, meu sorriso já deve ter mostrado pra ele o quanto eu gostei do presente.

- ele é lindo, muito obrigado de verdade - o abracei e peguei a gargantilha em minha mão.

- eu coloco em você, sabia que ia gostar.

Me virei para o espelho e coloquei meus cabelos de lado para que ele pudesse colocar, ficou absolutamente lindo, é um presente lindo, olhei bem para a pedra que brilhava tão lindamente junto com o sorriso de Ethan, não me contive e sorri de volta como um agradecimento.

- vocês não vão descer? - a voz de Grayson ecoa no quarto e claramente no tom de desaprovação.

- Mary deve estar me esperando, que bom que gostou, te vejo lá embaixo - Ethan diz todo sem graça e passa pelo irmão sem olhar em seu olho.

- bonito presente - Grayson diz sarcástico e dando risada.

- você é um escroto - passo por ele esbarrando de propósito, ele me segura pelo braço e me para em sua frente.

- não foi isso que sua boca me disse ontem.

Gêmeos.Where stories live. Discover now