46. Uma noite

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Eram três horas da manhã e Corey estava sem sono algum, também não tinha conseguido dormir na noite passada. As mensagens de Sabrina não saíam de sua cabeça, a ficha ainda não tinha caído. Ele sabia que nada seria o mesmo novamente e isso deixava-o aterrorizado. Sentia-se como se tivesse pulado de um penhasco em câmera lenta, a sensação de ver tudo caindo não tinha fim.

Corey precisava sair de casa por alguns instantes. Precisava colocar tudo o que estava preso dentro dele para fora. Ele acaba decidindo ir para a escola, então pega o carro de seus pais e dirige até lá.

Andar por aqueles corredores trazia muitas memórias para ele, o moreno não conseguia concretizar o que estava sentindo. Lembrar de tudo o que tinha acontecido desde que isso começou era demais para ele. Seu medo de perder tudo o que ele e Rowan tinham ou já tiveram aumentava a cada passo. Até que seus pensamentos são interrompidos por um som distante. Era uma música.

Corey acelera o passo, conseguindo ouvir cada vez melhor. Era muito familiar, ele tentava lembrar de onde a conhecia. E, quando finalmente lembra, ele para. Não era possível.

Foi na festa de aniversário da Sabrina no ano passado, pouco mais de três meses antes de Corey começar a namorar Cecilia. Corey e Rowan estavam no jardim. Nada surpreendente, eu sei. A mesma música tocava alto enquanto eles dançavam e tentavam acompanhar a letra da música, mesmo não sabendo cantar por estarem a ouvindo pela primeira vez. Eles estavam rindo e tão felizes. Era um daqueles momentos que pareciam durar uma eternidade e, por poucos segundos, pareceu como tudo tivesse realmente parado. E nesse período, aconteceu.

Corey a beijou. E, naquele segundo, quando Rowan retribuiu o beijo, nada parecia mais certo. Entretanto, quando o relógio bateu meia-noite, a mágica tinha acabado. Rowan se afastou, confusa com o que tinha acabado de acontecer, disse que eles deveriam apenas esquecer e que ninguém nunca poderia saber. E de fato, ninguém nunca soube.

A verdade é que, Corey sempre teve sentimentos por Rowan, mas ela não teve certeza de sua reciprocidade até ele começar a namorar Cecilia. E então, Rowan só queria ser a garota de quem Corey tanto falava enquanto ele desejava esquecê-la, beijando a boca de outra pessoa.

Dando pequenos passos, ele percebe que a música vinha da sala de dança no final do corredor. Mas não era só isso: era Rowan, ensaiando para o Spring Dance. Dançar sempre foi sua forma de esquecer de tudo. Bem, naquele momento não estava realmente funcionando, já que ela não conseguia tirar o que tinha acontecido de sua cabeça.

Ela acaba tropeçando nos próprios pés e cai no chão. Rowan olha para o espelho que tinha na sala e vê pelo reflexo dele que tinha alguém a observando. Antes de poder reconhecer a pessoa, Corey se vira e anda para a direção oposta com passos apressados. Ela se levanta e sai rápido da sala na tentativa de descobrir quem era.

  — Quem é você e o que está fazendo aqui?! — ela pergunta e o puxa pelo moletom. Então, ele se vira.

A sensação de que tudo havia parado tinha voltado enquanto eles se encaravam. Os dois, que estavam tão perto, podiam ouvir a respiração alta um do outro. Seus corações batiam rápido.

Então, Corey interrompe o pequeno infinito daquele momento quando se vira novamente para ir embora. Porém, Rowan diz algo que o faz voltar. Algo que ele nem sabia de quanto precisava que ela dissesse. Algo que surpreende até a mesma. Não parecia ter saído da boca pra fora, mas do coração pra fora.

  — Espera — a voz doce da menina parece ter derretido seu coração, juntamente com o brilho do seu olhar. — É nossa música, lembra?

  — Como eu poderia esquecer? — responde com um sorriso leve.

  — Majestade, me concede essa dança? — ele oferece sua mão.

Ela ri, faz uma reverência e aceita logo depois, pegando sua a mão. Naquele instante, a música já havia acabado, mas quem precisava dela? A música de seus passos era suficiente quando os dois estavam juntos.

Corey canta um pedaço da letra, quase num sussurro. As mãos dela estavam em volta de seu pescoço e as dele em sua cintura. Os dois apenas balançavam de um lado para o outro. Eles ficaram daquele jeito por um bom tempo, não querendo ir embora.

Corey sempre teve uma mente barulhenta, mas, naquele momento, tudo ficou quieto. Foi como se encontrasse paz em meio a sua própria bagunça.

Antes de se separarem, eles se abraçam forte. Corey deseja nunca se esquecer da sensação de ter Rowan em seus braços. Nunca tinha sentido maior conforto, enquanto Rowan nunca tinha se sentido tão segura.

Por fim, Rowan pergunta se ele poderia deixá-la em casa e ele assente. A caminhada até o carro foi silenciosa, eles não sabiam ao certo o que dizer, mas nenhum dos dois queriam que aquela noite acabasse. De certa forma, o silêncio era sereno, a sensação era de não tê-lo ouvido de verdade há muito tempo.

A viagem de carro não demorou muito e logo eles estavam em frente à casa de Rowan. Um silêncio paira sobre o ar até Rowan o interromper.

  — Corey, nós vamos nos odiar de novo?

  — O quê?

  — Amanhã, eu quero dizer.

  — Eu não sei, Row — ele suspira. —, mas não se preocupe com isso agora, okay?

  — Okay — ela faz o mesmo. — Eu só preciso que saiba que, apesar de tudo, eu te amo e você ainda é meu melhor amigo.

  — Você também ainda é minha melhor amiga. E eu te amo.

Rowan sorri. Corey sente seus olhos lacrimejarem.

  — Por favor, saía do carro antes que eu comece a chorar — ele diz e eles riem.

Rowan dá um beijo na bochecha dele, sai do carro e fecha a porta. Antes de entrar em sua casa, ela acena e sorri, ele faz o mesmo. "Se ela soubesse do quanto eu preciso tê-la agora, aposto que não teria nem ousado em ir embora" Corey pensa, assistindo a cena.

Treat You Better ➸ Cowan [EDITANDO]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ