Capítulo 20

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"Por enquanto não há notícias da aproximação ou do afastamento do furacão. Só sabe-se que a tempestade está cada vez mais forte, principalmente no litoral."— diz a jornalista trazendo as notícias de última hora.

Lis dá um soco na cadeira ao seu lado e levanta-se.

— É tão horrível assim ficar ao meu lado? — pergunta Felipe chateado.

Lis revira os olhos e sente falta de ar.

— Eu sabia que você tinha tinha claustrofobia, mas em um aeroporto?! — pergunta ele se levantando e segurando nos ombros dela.

— S-sim, a partir do momento que eu sei que vou ficar presa em um lugar. Sem poder sair. — diz enquanto abana o rosto com nervosismo.

Lis abre a bolsa e tira uma bombinha de dentro da mesma. Ela a usa e sente o ar mais tranquilo ao seu redor. Felipe a olha com curiosidade e tristeza, nunca a viu usando uma bombinha, isso, talvez, porque ela nunca tenha usado.

Eles mesmo não estando juntos causavam efeitos nostálgicos um no outro. Talvez ele pudesse usar isso ao seu favor, ou usar qualquer coisa ao seu redor para chamar a atenção da sua amada e consegui-la de novo.

Ele não tinha dúvidas quanto a isso: ele a amava e a queria, e também não desistiria tão fácil.

— Como foi a... sua vida até aqui? — ele pergunta envergonhado.

Felipe Soares.

Filho de um político.

Estava com vergonha de uma jovem que ele já conhecia há tempos.

Bom, as pessoas podem mudar, mas assim, tão de repente?

Talvez. Até porque Lis o olhou também incrédula por sua reação.

— Eu terminei a faculdade. — Diz orgulhosa de si. — Passei um tempo na Inglaterra, aprendendo mais sobre a minha profissão, até que finalmente consegui uma vaga como psicóloga na clínica que a... Milena viveu. — Felipe vê a luta no interior da jovem para continuar segurando essa capa de indiferença, mas é impossível não ver a tristeza que a atingi ao lembrar de sua falecida irmã.

Ele confirma enquanto tenta de alguma maneira consola-la. Felipe tenta segurar a sua mão, contudo ela a puxa imediatamente.
Lis para de falar, dando espaço para Felipe contar sobre si. Ele sabia que ela não iria ser direta e perguntar a ele como foi sua vida sem ela, então Felipe começou:

— Quando você foi embora eu entrei em depressão, bom... a filha do prefeito, Helena, ela foi uma grande amiga, mas não passou disso. — Ele respira fundo. — Fiz tratamento, já que não conseguia comer e nem nada... — quando ele viu a expressão de preocupação da Lis, ele tratou de mudar de assunto. — Fiz faculdade de mecânica, administração e advocacia que ainda estou terminando. E ajudo o meu pai na política. — Ele termina enquanto segura as mãos nervosamente.

Logo ele é surpreendido pelas palavras da jovem:

— Conseguimos viver um sem o outro. De forma quase perfeita... então por que insiste em voltar com toda a dor?, não acha que já sofremos demais juntos?! — ele sentiu seu corpo ficar rígido diante dessas palavras. — Desde o dia, em que eu olhei em seus olhos, eu sabia que nós juntos seríamos a junção das bombas nucleares dos E.U.A com as da Rússia, e assim explodiriamos a todos e a nós mesmos. — Lis levantou-se enquanto deixava o jovem pensando em suas palavras, e pegou um pouco de café em uma máquina.

Ele colocou um braço ao lado da máquina enquanto encarava a Lis. Uma lembrança bem no fundo de seu subconsciente a atingiu:

"Ela estava na faculdade, ia fechar o seu armário quando um braço apareceu ao seu lado a assustando.

Depois da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora