Depois da Meia-Noite

Capítulo 10

Felipe estava sentado a mesa com a sua família. Impaciência era o que o dominava. Assim que chegou a sua casa, nem teve tempo de dizer que queria conversar com a sua mãe, simplesmente foi empurrado para dentro e convidado para o jantar já que teriam visitas "mais que importantes" como dizia sua mãe.

   Ele estava sentado a mesa quando ouviu a voz da sua mãe o tirando de seus devaneios:

— Não é, querido? — pergunta e todos olham em sua direção.

— Desculpe, estava distraído — diz aos convidados com tédio.

— Eu disse: Querido, você não acha a Helena linda? — repete sua mãe querendo empurrá-lo para a filha do prefeito.

Ele respira fundo tentando não surtar ou revirar ou olhos:

— Com licença, preciso ir ao toalete — diz jogando o seu guardanapo na mesa.

Ele não sabia explicar porque sentia tanta repulsa ao elogiar outra mulher que não fosse Melissa. Ele não queria assumir, mas sabia que estava ali, bem dentro do seu coração. E o pior era saber que ela estava presa e ele não podia fazer nada, nem ao menos vê-la.

Pois só a família era autorizada a ver um "doente".

— O que você está fazendo? — indaga o seu pai puxando o seu braço. — Você sabe o quanto isso é importante para mim, para nós. Eu só preciso que saia com essa garota para conquistar a confiança do pai dela, ai sim eu entrarei na política brasileira — era óbvio que o jovem não iria ajudá-lo.

— Eu não sou seu prostituto — rebate enojado enquanto se tranca no banheiro.

Ele ouve batidas fortes na porta que logo param.

— Não esqueça que eu tenho você bem no meio da minha mão, Felipe. Nunca vou esquecer o que você fez, nem você — responde com mistério.

Felipe tapa os ouvidos na tentativa de não lembrar, contudo era impossível, ele não tinha direito sobre a sua própria mente quando ouvia falar sobre o que aconteceu. Ele lembra das sensações e de tudo o que aconteceu depois daquilo.

"Ele estava no banco do motorista com o seu primo Jonas. Eles estavam conversando animados com o som bem alto.

— Cara, você viu aquela gatinha? Ela estava super na minha. — seu primo comenta rindo. — Oh! Jonas! Como seus braços são fortes! — repete a frase da menina em tom feminino.

Felipe dá um soco em seu braço rindo.

— E aquela loira? Viu como ela olhava para você? Cara, essa foi uma das melhores festas que eu já fui! — seu primo não era muito de sair, contudo o Felipe estava o levando para todos os lugares com ele.

— Claro que vi. Mas ela não é o meu tipo, nem o seu né?! Se me lembro bem você deixou uma namorada lá no Amazonas — Felipe ri enquanto passam por um trilho de trem.

— Sabe que eu não gosto desse assunto. Eu a amo, mas preciso ser livre — diz já irritado.

Felipe para de dirigir e não percebe que está bem onde os trens passam.

— Ela merece alguém melhor que você. Ela é tão boa e você a trata como um lixo! — Felipe diz já exasperado.

— Então fique com ela! — grita o primo.

— Nós íamos te contar juntos, mas eu não aguento mais. Eu fiquei​ com ela, Jonas, eu dormi com ela — comenta sentindo o peso da verdade.