Capítulo 7

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Lis sentia o clima pesar cada vez mais, os olhares dos três se cruzavam na espera de uma resposta.

— Ah, quer saber? Eu não vou ficar aqui aturando isso. — Lis finalmente se manifesta, saindo do quarto onde estava e indo em direção a porta da frente, não antes de ouvir os passos de Felipe ecoando atrás de si.

— Não, Lis, não vá — Ele pede segurando o seu braço com carinho.

— Resolva a sua vida, depois pensamos na nossa amizade. ela propõe abrindo a porta e saindo.

Ouve ele suspirar e seus passos se afastam.
Uma avalanche de sentimentos a invade, ela lembra da morte da sua mãe, da sua irmã perdida... e ela faria isso, a encontraria e tentaria entender a confusão que está acontecendo na sua vida, talvez fosse o único jeito, mergulhar de vez nessa loucura.

∆∆∆

Felipe anda até o quarto onde vê Giovana sentada na sua cama.

. Agora me conte o que você faz aqui e porque mentiu — manda com o maxilar trincado.

— Eu queria te ver. Estava com saudade dos velhos tempos — diz levantando e passando a mão pelo seu cabelo, como ela sempre fazia para conseguir algo dele.

Felipe lembra de quando conheceu a Giovana. Ela era uma menina linda e doce, e ele estragou isso, por nada. Queria namorar alguém só para dizer aos seus pais que não estava sozinho, e logo escolheu ela. No começo os pais adoraram, até verem que a menininha doce não era a mesma. O namoro deles foi proibido, contudo os encontros noturnos não.
Felipe já tinha acabado com isso, desde que conhecera Lis.
Mas a Giovana não tinha aceitado tão bem.

— Não posso, Gi. Eu parei com tudo isso, é melhor para nós dois— diz afastando as suas duas mãos de perto dele.
Ela pega a sua bolsa irritada e sai do apartamento bufando de raiva.
Felipe havia estressado e perdido duas pessoas em um curto período de tempo, era um recorde.

∆∆∆

Na clinica de São Luis, estava Milena, a irmã gêmea da Lis.
A jovem lia um livro enquanto esperava a visita da sua vó — a única parente que a visitava, e que para Milena sabia da sua existência. 

A enfermeira entrou no quarto anunciando uma visita, logo Milena se alegrou, só que essa euforia foi embora ao perceber que era um homem que entrava no cômodo, e que ela não o conhecia.

— Oi, filha— cumprimenta o homem.

Filha? Milena nunca soube quem era a sua mãe, muitos menos o seu pai.
O mundo pesa sobre os ombros da jovem ao perceber o que acontecia ao seu redor. Era a segunda pessoa da sua família que ela conhecia.

— O-oi — responde surpresa.

— Eu preciso da sua ajuda, e em troca te dou as respostas que você tanto almeja — ele diz fechando a porta atrás de si.

Eles estavam a sós e agora mais que nunca o pai da Lis iria conseguir a atenção da sua filha, da sua favorita.

∆∆∆

Felipe bate na porta do apartamento da Lis, queria pedir desculpas e finalmente contar a verdade, achava que estava pronto para isso. Contaria sem medo a pessoa que ele já foi, pois hoje era totalmente diferente do Felipe do passado.
A porta estava entreaberta, então o jovem entrou com cautela, olhando ao redor para não encontrar a Lis em uma situação embaraçosa.

Isso já aconteceu com ele e com outra garota.
E é uma longa história.

— Oi! — cumprimentou ao vê-la sentada em cima da cama com algumas fotografias espalhadas pela mesma.

Ela assustou-se, talvez estivesse irritada com ele, ou não esperasse a sua visita. Ele tratou de esconder o seu nervosismo e sentou-se ao lado dela.

— D-desculpa, eu preciso sair...— ela diz nervosa.

— Sair para onde? Você está no seu apartamento. — ele responde com humor.

Ela ri tensa e logo relaxa ao perceber que ele não era ameaçador.

Não nesse instante.

— E então, o que você faz no meu apartamento? — pergunta a jovem com humor.

Felipe cai na cama dela e logo a puxa pelo braço com delicadeza para deitar-se ao seu lado.
Parecia que ela não estava tão irritada quanto ele esperava, talvez ela soubesse que ele traria um bom motivo para ela não se preocupar com a situação que presenciou.

— Vim pedir desculpa pelo imprevisto lá no meu apartamento. Já está tudo resolvido... só não estou pronto para te contar agora — ele diz depositando um beijo na bochecha dela.

De repente um simples beijo inocente vira um beijo de verdade. A jovem começa o beijo e logo surpreso, Felipe retribui. Suas mãos passeiam pela barriga fina e esbelta da jovem, e ele nunca se sentiu tão contente como nesse momento. Ela sobe em seu colo enquanto tira a sua camisa. Felipe estava surpreso, contudo estava gostando, seu maior medo era que depois de tudo ela desistisse.

Contudo não foi isso que aconteceu.

Logo os beijos se misturaram com carícias, e logos as carícias viraram algo mais. Felipe olha nos olhos de Lis antes de tudo, e sente que algo crescia em seu peito, ele só não sabia dizer ainda o que era.
Felipe acordou feliz e satisfeito ao lado da menina que ele sabia que estava sentindo algo, e talvez fosse recíproco. Ele passou a mão pelos cabelos cor de mel dela e achou uma mecha branca, algo que ele nunca tinha visto.
Ela dormia tranquilamente, como se há muito tempo não dormisse bem. Ele avistou uma pequena cicatriz na perna descoberta dela, bem perto da sua coxa.

Ele nunca tinha visto essa cicatriz.

Estava tudo muito estranho.

Parando para pensar, Lis sempre era muito tímida, não fazia muito sentido como ela havia agido assim que ele chegou.
Ele pega as suas roupas, e mesmo contra a sua vontade ele se veste e vai embora. Ele precisava pensar. Precisava de um tempo para analisar tudo que estava acontecendo ao seu redor. Felipe fechou a porta e andou até o seu carro, o que o impressionou foi ver Max indo em direção ao apartamento da Lis.

Mais o que...

Ele se escondeu dentro do carro, e quando viu que o jovem estava subindo as escadas, o seguiu.

— Oi, Lis. Por que me chamou? — pergunta Max entrando no apartamento.

Quando o jovem para e olha a sua paixão com só um fino lençol cobrindo o seu lindo corpo angelical, ele congela.
A raiva estava subindo cada vez mais a cabeça do Felipe. Não queria que Max olhasse assim para a Lis, eles não tinha mais nada. Contudo ele não agiu, pois pelo que o jovem disse, a própria Lis o havia chamado.

— Lis — chama Max balançando os ombros dela com delicadeza tentando acordá-la.

Espere só mais um pouco. Não vá para cima dele.

Ela acorda assustada e quando vê o amigo cobre o corpo com susto.

Pelo menos isso.

— Ah, oi. Precisamos conversar, só deixe eu me vestir — pede envergonhada.

Após comprovar que tudo estava correndo bem, Felipe se retirou e foi para a sua casa. Não para o seu apartamento. E sim para a casa dos seus pais. Precisava um pouco dos conselhos da sua mãe.                           Pobre Felipe, se houvesse ficado mais alguns segundos perceberia que estava totalmente enganado. Não estava tudo bem, nem um pouco bem.
A jovem levantou e deixou o lençol cair, Max perplexo não reagiu, contudo ela o puxou e logo o beijou.

O que está acontecendo com ela?!

Pensou Max confuso. Ele retribuiu o beijo, pois era algo que ele queria há tempos. Logo ela se aproximou​ e se entregou a ele.
Max não poderia estar mais feliz.
Contudo tudo era uma mentira.
Duas pessoas já foram ludibriadas, só faltava a mais importante.
A porta se fechou com o vento, guardando mais um segredo.
Pobre homens, enganados pela mesma mulher.
Ou não.

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