Capítulo 11

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Ele a puxa para uma parede que tinha um vácuo, e logo são engolidos pela escuridão e pela poeira. O guarda passa bem perto deles e voltou por onde veio, levando consigo o diário da Milena.

Não Lis sussurra sem perceber, e após o guarda voltar, o jovem tapa a boca dela.

Pior hora para abrir a boca, Lis.

O homem dá de ombros e volta a andar pelos corredores desertos da clínica.

— Você é maluca?

— Desculpa, eu não me contive. Ele pegou o que eu mais precisava, e agora?! — suplica já impaciente.

— Tem como pedir favores em troca de algo, eu dou um jeito nisso. — faz uma pausa. — Só vamos sair daqui, eu sou meio claustrofóbico. — diz, respirando fundo ao sair do buraco que estavam.

— É, eu também sou. Teve uma vez que eu fiquei presa em um elevador e quase achei que ia desmaiar. — responde lembrando do fato que aconteceu com ela e o Felipe.

Felipe, esse nome novamente lhe vem a mente. Como era tão difícil esquecer dele? Mesmo assim, ela precisaria. Só de pensar na Milena e no Felipe, juntos...

Uma repulsa sobe em seu interior.

— Eu acho que eu vou vomitar — exclama achando uma lixeira antiga e vomitando na mesma.

— Nossa, sua fobia é bem forte. — diz o homem tapando o nariz com humor.

— Não é só isso. Depois eu te explico — responde voltando por onde eles vieram.

— E aliás, meu nome é Calebe. — responde o homem.

— Humm, prazer —responde Lis distraída.

Eles voltam respectivamente aos seus quartos, e Lis cai no chão de almofadas e dorme um sono pesado.

Ela levanta com o sol refletindo bem na porta do seu quarto. Ela ouve vozes e a porta do seu quarto se abre.

— Seu remédio matinal. — diz um enfermeiro entregando uma pílula e um copo com água a ela.

A jovem engole e é puxada pelo braço.

— Vamos aonde?

— Para onde todos os doentes ficam — diz como se ela já soubesse.

Lis queria gritar e espernear, falar que não deveria estar aqui, contudo ela já sabia que essa frase deveria ser clichê nesse lugar. Ela vê um cômodo comum, com pessoas diferentes; homens, mulheres, idosos. Um tremor toma conta do seu corpo ao pensar que sua irmã ficou presa nesse lugar com essas pessoas desde a sua infância.

O diário.

Lembrou-se do seu objetivo desde a noite passada. Deveria encontrar o Calebe, ele a ajudaria a achar o diário.

O homem a soltou e saiu normalmente.

Eram todos objetos.

Objetos caros por conta do pagamento da clinica.

Com certeza sua vó que pagou tudo, pois ela e o pai da Lis tinham herdado a fortuna do falecido pai/marido.

Como se o dinheiro comprasse tudo...

Nem a vida da sua mãe ele conseguiu suportar por muito tempo.

Lágrimas rolaram pelo seu rosto e logo sentiu uma mão confortante em seu ombro. Olhou para o lado e viu uma velinha sorridente:

— Lembra que da última vez que você chorou, e me prometeu contar tudo— diz a idosa com humor.

— Minha mãe morreu— responde Lis sem perceber.

Depois da Meia-NoiteWhere stories live. Discover now