2. INSANITY.

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" - ...Quando é que ele vai, finalmente, acordar para a realidade...?".

Sussurrou uma mulher ruiva de cabelos longos e olhos muito verdes escuros. Utilizava uma bata branca com uma placa pregada e escrito a letras negras e bem redondas o seu nome - Wendy Courdoroy. 

Sentada num banquinho redondo e com rodinhas azulado, dialogava com um homem à sua frente, com muita massa muscular e a esfregar a nuca de forma nervosa. Com cabelos acastanhados e parecido com um roedor, este possuia uma outra plaquinha, escrito agora a letras tortas e quase ilegíveis azuis - Soos Ramirez.

" - Eu... Eu não sei, Wendy". - Suspirou de forma pesada, deslizando o olhar para o relógio na parede da entrada. Depois, voltou a pregar o mesmo no rapaz em pé e à frente dos dois, de punhos cerrados e quase a desfazer-se em choro.  - "Já tentamos de tudo... E estou a começar a temer o pior".

De lábios muito comprimidos e trémulos, as suas orbes rasgadas mexeram-se e a ameaçar desabrochar em lágrimas; As suas sardas quase invisíveis pelo vermelho do rosto, assim que libertou um soluço baixo.

A única mulher da sala suspirou pesadamente e baixou o olhar, como se quisesse deixar o loiro mais à vontade para chorar. Depois, observou lentamente a janela do local, que dava para a vista do hospital psiquiátrico de Mrs. Robinns.

[...]

Bill entrou lentamente no quarto, com receio do que fosse encontrar. 

Não via Dipper há dois meses. Pelo menos, pessoalmente. Porque o seu passatempo favorito para adormecer entre lágrimas quentes e reconfortantes era passar e repassar as mesmas fotos antigas de há anos atrás, com os dois como protagonistas mais a sua irmã.

Amigos de infância. Antes do... Acidente.

A sua maçã de Adão subiu e desceu lentamente ao ver um moreno deitado na cama e abraçado a um coelho de peluche que teimava em dizer que tinha o cheiro da irmã, embora só cheirasse a mofo. Por algum motivo, Pines adorava adormecer a mordiscar o dedo.

Encostou a porta atrás de si e sentou-se ao seu lado. Talvez por instinto, ou não, afagou os seus cabelos lentamente e libertou um sorriso muito pequeno e involuntário ao ouvir um som muito baixo da garganta do outro e ver-lhe formar um sorriso nos lábios avermelhados de conforto.

Percebeu que o local estava frio uns minutos depois, talvez pelos azuleijos que revestiam as paredes, talvez porque tinha pouca roupa e esquecera-se do casaco em casa.

Para previnir, decidiu tapar lentamente o mais novo e deixou-o mais confortavel ao ajeitar-lhe a almofada. Depois de satisfeito com o trabalho impecável sem o acordar, retornou ao cafuné entre os seus cabelos.

Sentiu o telemóvel vibrar-lhe no bolso e suspirou sem volume o suficiente para não acordar o outro. E, tão lentamente como tinha entrado saiu, do quarto frio e entre quatro paredes cerradas e sem uma única janela.

Atendeu o telemóvel assim que a porta se fechou e ouviu a tranca automática, como de costume e retirou o telemóvel do bolso de trás das calças.

" - Está na hora". - Ouviu a Courdoroy dizer. Suspirou pesadamente e nem disse mais nada se não um 'Está bem' tão baixo e quase nulo, desligando o telemóvel.

Entrou lentamente no chatroom com o nome "Pinetree~" e libertou um sorriso bobo involuntário. 

"Pinetree... Eu já te disse que sou o Oxigenado. Porque não acreditas em mim?".

Encostou-se lentamente à porta de ferro, a sentir as lágrimas involuntárias cairem-lhe do rosto abaixo.

Inferno.

Dear Diary... [Wattys 2017]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora