Capítulo 9: Entre dúvidas e respostas

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"Combustão Humana espontânea?

Mulher encontrada carbonizada na varanda de casa assusta cidade.

Laura Souza de Almeida, 23, foi encontrada em sua casa em Londrina Paraná na manha de sexta feira com o corpo completamente carbonizado, com exceção de seus pés e mãos. O IML, ao utilizar o scaner multi-biológico constatou que as chamas começaram da cabeça da jovem e se alastraram pelo resto do corpo. No recinto não foi encontrado nenhum sinal de álcool ou outro combustível inflamável. Pesquisadores apontam o caso o estranho acontecido como combustão humana espontânea (CHE), embora céticos descartem por completo a possibilidade."

Sidney arqueou o cenho, impressionada com o relato, embora estivesse do lado dos céticos.

Não havia um resquício de parede sequer, tudo estava preenchido por informações à luz de uma lâmpada antiga. Na parede da esquerda, um mapa mundi estava com sete lugares destacados por tachinhas, todas interligadas por um barbante vermelho.

--O que isso tudo significa?—Indagou Sidney, tocando nos livros e papéis sobre a mesa.

--Nessa sala está toda a informação a respeito do que você realmente é Sidney, você e todos os outros como você...desde que temos conhecimento.—Começou ele. Logo abriu um livro cuja página estava marcada por uma caneta, ao folheá-lo, voltou a falar.— "Desde os tempos mais primordiais da humanidade, quando o homo sapiens povoou o planeta, a busca por ferramentas que garantissem sua sobrevivência foi explorada durante as eras que se seguiram. Desde a pedra lascada, até a criação da roda, o descobrimento do fogo, a máquina à vapor, as artes e filosofias, o ser humano se desenvolveu física e mentalmente para se adequar ao meio em que vivia. Não obstante, conforme a compreensão que a humanidade tinha à respeito de tais feitos, tais ideias não surgiram do pensamento coletivo, mas sim, de uma mente evoluída, capaz de guiar os demais para evolução. Tais seres foram denominados de Nous."

Terminou ele, fechando o livro de uma só vez.

--Eu não entendo...—Balbuciou ela.

--Desde muito tempo fomos guiados por pessoas como vocês à evolução, Sidney. Vocês são como a força motriz que garante que o ser humano não caia no completo caos.

Ela nada respondeu, preferiu ouvir a história com atenção, enquanto mantinha distância segura do rapaz.

--Leonardo da Vinci , Albert Einstein, Santos Dumont, Os irmãos Grimm, Steven Spielberg...O criador da Nutella...todos foram Nous.

--Criador da Nutella?—Indagou em tom de deboche.

--Brincadeira...mas eu desconfio que ele seja, já provou aquele negócio?!

--Tudo bem, que seja! Mas...todos esses caras...são gênios! Eu só uma garota comum, uma garota burra e comum. Não é possível eu ter alguma ligação com tudo isso.

--Sidney, não se trata do que a sociedade te impõe como inteligência, se trata de como você enxerga o mundo!

--Enxergar de que forma!?—Exclamou ela aflita, brigando consigo mesma para tentar entender.

--Essa é a questão, você passou e ver as coisas diferentes a partir de agora! Quando parou para pensar na vida que está levando, na sociedade que te cerca, nos padrões que não te fazem mais sentido, isso despertou o que já havia dentro de você! Finalmente está liberta, Sidney. Não precisa mais seguir o que quiseram que você fosse, seus pais...as circunstâncias. Isso é maravilhoso!

--Espera...como sabe sobre meus pais?—Indagou ela, apontando o indicador, com o olhar desconfiado.

--É...essa é outra parte da história, um tanto complicada de entender.—Disse ele, com as bochechas coradas.

--Só diz, não deve ser pior do que eu já escutei ou passei essa noite.

Ele respirou fundo, deu algumas voltas no pequeno quarto, de mãos na cintura, até que finalmente resolver dizer:

--Eu te conheço desde pequena. Bem pequena.—Revelou ele.—Desde quando morava em outros lugares, acompanhei cada mudança, desde sua escola...ou quando seu pai faleceu.

--Deus...—Balbuciou ela—Você é algum tipo de stalker ou coisa assim!?—Disse nervosa, avançando para o homem, apontando o dedo em seu peito.

--Fica calma!—Fellipo segurava as mãos da garota histérica, por sorte podia imaginar o que tudo aquilo deveria significar para a jovem, portanto, entendia sua fúria.—Fique calma...eu...eu nasci para estar ao seu lado!—Gritou Fellipo.

A frase teve algum efeito calmante, pois a feição de raiva de Sidney foi substituída pelo espanto, enquanto se afastava lentamente.

--O que quer dizer com isso?

--Eu...cresci para guiar você. Desde que nasci fui predestinado a estar do lado de um Nous e guia-lo em sua descoberta. Eu nasci pra estar ao seu lado.—Concluiu ele.

Sidney não sabia que sensação estava em seu peito, mas a única maneira de demostrar foi um choro silencioso, daqueles que as lágrimas fluem abundantes e incontroláveis. Se sentou com dificuldade na cadeira de rodinhas, enquanto passava a mãos nos cabelos.

--Por que? Por que nunca me procurou, se esteve sempre perto?

--Nós não somos permitidos aproximar enquanto vocês não despertarem, eles não permitiriam.

--Eles quem?!—Perguntava a todo tempo, sugando o máximo de informações, embora ficasse mais confusa.

--O Caleidoscópio. A organização que mantem a mitologia, a história e a vida de vocês. Eu faço parte deles desde que nasci, assuntos de família, longa história. São eles que mantem cada um em segredo, que encobre cada rastro.

Enquanto conversavam, um chiado de estática soou pelo quarto, tomando a atenção dos dois. Fellipo procurou pela sala, até descobrir sobre uma pilha de papéis, um rádio antiguíssimo, que embora empoeirado, parecia funcionar. O acontecido tomou Fellipo de espanto, enquanto tentava sintonizar o rádio de forma que pudesse captar o sinal.

Em meio aos chiados, uma voz se sobressaiu:

" O templo da visão caiu! O templo da visão caiu! Vida longa à todos que despertaram."

A mensagem se repetiu, até que se desfez novamente em estática e interferência.

--O que isso significa?

Fellipo nada respondeu, apenas arfava e passava a mãos nos cabelos cacheados.

--Um dos templos do caleidoscópio foi destruído.—Disse ele, apontando o dedo para o mapa mundi, onde estava situado a cordilheira do Himalaia.—Não temos mais tempo, Sidney, temos que ir embora daqui.

--HAHAHA! Era só o que me faltava!—Debochou ela.—Eu tenho uma vida por aqui, esqueceu? Exx? Não te lembra nada?

--Se vier comigo, vou te mostrar o que é viver de verdade. Sem mais planilhas, sem mais relatórios, sem mais prisão!

Sidney mudou de feição no mesmo momento, acabara de escutar tudo o que sempre quis escutar na vida, embora as circunstâncias a impediam de tomar uma atitude por si só, aquele talvez seria o momento de loucura que procurava. Fugir da realidade que vivia era tudo o que sempre quis, essa oportunidade veio da forma mais louca e bizarra que poderia ter imaginado, mas era tudo o que tinha.

--Quando?!—Indagou ela, decidida, pela primeira vez isso havia entrado em sua mente.

--Hoje! quando o sol se levantar. Não podemos perder tempo, eles estarão atrás de nós!

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 22, 2017 ⏰

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