EPÍLOGO

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EPILOGO

A felicidade é um sentimento forte que todos já sentiram, aquela vontade incontrolável de gritar, saltar, espernear. Aquele sorriso difícil de conter, o coração cheio e quente como se algum ser fantástico tivesse tricotado uma manta de lã e coberto o nosso principal órgão vital. Aquela vontade miudinha de deixar a corrente de histeria escapulir pelos olhos. Tudo isto são efeitos colaterais daquele sentimento que todos querem sentir uma vez na vida, e se possível guardá-lo eternamente para o vestirem pelo resto das suas fatigantes vidas. Esse sentimento deveria ser grátis, dado afavelmente por todos a todos, independentemente da sua classe social, da sua raça, da sua sexualidade ou da sua cultura. A felicidade é um sentimento enorme, que pode ser doado com gestos simples; um pequeno sorriso, uma pequena palavra e às vezes com um simples e insignificante olhar. É simples fazer alguém feliz e engane-se aquele que diz o contrário. Não necessitamos de uma mina de diamantes, afinal quanto vale um abraço quente num dia de inverno? Ou, quanto vale um pedaço de pão quando não temos o que comer? Para mim, a felicidade resume-se a muito pouco.

Tirei os olhos do computador, e espreguicei-me na cadeira do escritório enquanto ouvia os meus ossos estalarem um por um. Já há horas que me encontrava debruçada sobre o teclado, os meus dedos doíam bem como as minhas têmporas.

- Elaine olha o que eu encontrei no sótão! – Niall entrou disparado pelo escritório em ao menos bater á porta.

O sorriso no seu rosto era enorme, e os seus olhos brilhavam imenso enquanto ele caminhava para junto de mim com o que me pareceu um álbum de fotos antigo julgando pela sua cor desbotada e as teias de aranha limpas á pressa.

- Tu vais ficar estasiada! – Exclamou novamente arrastando a cadeira junto de mim, sentando-se.

- O que é isso? – Sorri levemente enquanto o loiro abria o álbum de fotografias.

"Elaine&Niall, melhores amigos para sempre."

Os meus olhos arregalaram-se quando li as palavras escritas na capa, a minha boca abriu num círculo quando vi a primeira foto. Uma menina pequena com cabelos cacheados e um tom de pele escuro, e um menino com cabelos loiros e branco como neve. A menina abraçava o pescoço do jovem moço, enquanto o mesmo fazia uma careta com a sua língua fora da boca.

- Mas isso...isso somos nós. – Murmurei num fio de voz contendo a emoção que se apoderava de mim.

- Eu sei, Lainy. – Sussurrou massajando a minha bochecha com o seu polegar.

O meu corpo estremeceu, estava arrepiada dos pés á cabeça, sentia-me zonza enquanto várias memórias se apoderavam da minha mente. Memórias á muito arquivadas nas profundezas do meu cérebro.

20-07-2004

Tudo começa com o som marítimo, o cheiro da maré, e os salpicos da água salgada que me cutucavam de cada vez que uma onda rebentavam na areia. A areia fina e quente que se entranhava pelos meus dedos dos pés fazendo-me gargalhar levemente. A brisa fresca que despenteava os meus cachos e me obrigava a fechar os olhos. Eu era apaixonada pela praia, e por tudo o que ela significava, e para mim a praia significava família e amigos.

- Não me apanhas, Ni! – Gritei para o rapaz loiro que logo pousou o seu sumo e começou a correr atrás de mim pelo areal limpo.

- Oh, isso é o que vamos ver, Lainy!

Talvez eu fosse muito desastrada naquele tempo, ou talvez fosse e seja ainda, a verdade é que tropecei em algas cuspidas pelo mar e acabei estatelada no chão e com areia na boca. Sei que acabei a tarde a enxaguar a boca na casa de banho masculina com o Niall a segurar os meus cabelos. E os meus pais a resmungar por eu ser alguém tão desastrada.

Naquele momento eu percebi, eu percebi que a vida é complicada e o mundo minúsculo. Niall, ou Ni como eu lhe chamava, era o meu melhor amigo a pessoa que me deixou para voltar com os pais para a terra natal, e foi também quem voltou, me ajudou e me fez apaixonar por ele. Niall foi o homem com quem casei e com quem fiz um filho que em breve vai nascer. Senti-me um peixe emaranhado na rede da vida. Ele tinha estado este tempo todo a viver mesmo debaixo do meu nariz. A verdade sempre esteve destapada mas nunca fui perspicaz o suficiente para a compreender.

- Meu Deus. – Sussurrei quando uma lágrima escorreu lentamente pela minha bochecha.

- Eu sabia. – Ele falou encarando os meus olhos, aqueles olhos azuis sempre me foram familiares. – Eu soube quando visitei a tua casa pela primeira vez e vi uma foto nossa na tua sala de estar.

- Niall, porque é que nunca me disseste que eras tu?

Ele sorriu e mordiscou o lábio.

- Acho que queria conquistar-te pelo meu eu de agora, queria que gostasses de mim por ser o Niall o homem crescido, e não o Ni o teu melhor amigo de infância. – Sussurrou.

- A vida é complicada. – Suspirei sorrindo para ele. – Quem diria...

A vida era complicada, a vida é complicada e isso é um facto. Mas não importa quantas vezes eu tenha que tropeçar, eu vou sempre levantar-me porque afinal, eu tenho Niall comigo. O homem da minha vida. Se me dessem a escolher, eu viveria tudo novamente, porque a realidade é que toda a dor que senti foi necessária para me transformar naquilo que sou hoje, uma mulher negra com orgulho na sua pele e em si mesma. Uma jornalista conceituada e reconhecida pelo seu trabalho. E em breve, serei mãe de um menino que será tão forte quanto os seus pais.

A minha história termina aqui, mas não a tua, por isso nunca te esqueças de amar o teu corpo independentemente de tudo. Não há nada mais bonito que amor-próprio, e no final de contas, como seremos capazes de amar alguém se não nos amamos a nós mesmos?

Fica a dica,

Elaine. 

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OKAY AQUI ESTÁ O EPÍLOGO 

Vou ser sincera, eu acho que não ficou nada de especial mas os fins não são o meu forte, e eu realmente senti que já estava na hora de terminar esta história. Eu tive uma branca, imenso tempo a abrir e fechar o word porque simplesmente não saía nada. Então, eu tenho plena noção que este fim não era o fim que vocês esperavam.
Mas enfim, está terminada. Vocês têm o direito de perguntar pelas outras personagens, aquelas que eu não referi exatamente como terminava as suas histórias. Mas, isso fica a vosso critério, vocês podem imaginar o fim como quiserem. 

Enfim, vou pedir desculpa por este epílogo bem estranho e fraco, mas eu sinceramente não sabia como terminar a história e também não o queria fazer de maneira cliché. Então pronto, aqui está. :)

Neste momento, se ainda existir alguém a ler esta história, só posso agradecer-vos por serem incríveis e me terem acompanhado ao longo destes 2 anos de história. SIM PESSOAL, 2 ANOS.  Vocês foram incensáveis!! ^^
Muito, muito, muito obrigada por tudo! Cada comentário vosso, cada voto foi um sorriso na minha cara, então muito obrigada a todos! (:
Obrigada por terem feito desta história, A HISTÓRIA, obrigada por me terem deixado escrever esta história e dar a minha lição moral, no fundo, tentar mudar um pouco o modo de pensar. Eu acredito que esta história vai fazer a diferença na vida de alguém. Então, muito obrigada por me terem acompanhado e me darem motivação para continuar. 

Eu adoro-vos a todos, mesmo.

E pronto, vemo-nos por aí.

helz. 

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