S i x t e e n

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S i x t e e n

O meu coração batia tão rápido que quase poderia jurar que Niall e Rose o conseguiam ouvir. Uma nuvem carregada de culpa estava em cima de mim, e o medo também. Eu queria tanto abraçar o meu irmão, mas algo dentro de mim me impedia de o fazer, algo gritava para que eu corresse para longe, pois ele iria culpar-me do seu acidente.

O meu passo tornava-se mais lento a cada segundo, eu queria adiar a chegada ao seu quarto. As paredes pálidas daquele local pareciam-me, agora, muito artísticas e dignas de serem observadas durante longos minutos. O chão azulejado por quadradinhos azuis-claros eram agora mais uma das obras-primas daquele lugar. Quando ambos os irmãos pararam, eu sabia que tinha chegado o momento.

Uma onda de desconforto percorreu o meu estômago e podia afirmar que o pequeno-almoço que tomara á menos de meia hora poderia não durar muito tempo dentro de mim. As minhas mãos suadas eram constantemente limpas às minhas pernas revestidas pelo tecido das calças de ganga que envergava. A minha boca tornou-se seca, e a minha garganta parecia impedir que qualquer barulho saísse pela minha boca.

Niall elevou a mão até á porta batucando-a com os nós dos seus dedos, fechei os olhos por momentos e só os voltei a abrir quando ouvi a voz da minha mãe de dentro do quarto.

Os meus pés colaram-se ao chão quando entrei naquele quarto, eu vi os seus olhos castanhos esverdeados presos aos meus, vi o seu brilho característico. Vi o sorriso no seu rosto pálido, direcionado a mim.

Eu não conseguia reagir, estava parada no mesmo sítio enquanto todos á minha volta esperavam uma reação minha. A minha respiração para além de estar trémula encontrava-se ofegante, e a minha visão não era a melhor pelas lágrimas acumuladas nos meus olhos. Tudo o que sentia antes de entrar neste quarto, estava agora multiplicado por três, e eu não sabia ao certo o que havia de fazer. Deveria eu correr para ele e enroscar-me no seu corpo? Deveria eu fugir e esconder-me no sítio mais longínquo que encontrar? O que é que era suposto eu fazer?

Quando abri a boca pronta para balbuciar algo, a minha garganta não cedeu, forçando-me a fechar a boca novamente. Sem conseguir controlar a emoção que percorria as minhas veias, deixei-me levar correndo em passos largos e barulhentos para junto do meu irmão. Serpenteie os meus braços em torno do seu tronco e enterrei a minha cabeça na curvatura do seu pescoço. Solucei amargamente enquanto tentava dizer-lhe o quão culpada me senti-a.

- Desculpa, desculpa, desculpa. – Murmurei entre soluços.

Ouvi múrmuros por parte da minha mãe e quando dei por isso, eu estava sozinha com ele na divisão esbranquiçada e com o típico odor de hospital.

- Hey, Laine, desculpa pelo quê? – Perguntou emoldurando a minha cara com as suas mãos pálidas decoradas com alguns fios das máquinas que o rodeavam.

Suspirei olhando para os lençóis azulados, lambi os meus lábios secos e voltei a encarar os seus olhos cobertos de curiosidade e preocupação.

- A culpa é minha. – Balbuciei entre soluços. – Eles fizeram isto por minha culpa, tu poderias ter morrido e a culpa é minha.

- A Rose contou-te, não foi? – Perguntou lentamente olhando-me fundo nos olhos. – Ouve Elaine, a culpa não foi tua. A culpa foi minha, eu aqui é que fui burro por me ter metido nessa vida á uns tempos atrás.

- Mas se não fosse por mim, tu não terias entrado naquele carro. – Murmurei num fio de voz.

- Eu entrei naquele carro porque tu és a pessoa que mais importa para mim. E não precisas de te sentir culpada, eu simplesmente não iria ser um irmão de merda e arriscar a tua vida. – Falou massajando a minha bochecha com o seu polegar. – Anda cá.

Os seus braços puxaram o meu corpo mais para si, e embrulhou-me num abraço apertado onde toda a culpa me escapava pelos dedos. Mentiria se dissesse que toda a culpa se tinha desvanecido, todavia, as suas palavras fizeram parte dela reduzir a pouco mais que cinzas.

- Não pensas mais nisso, prometes? – Esticou o seu mendinho para mim fazendo-me gargalhar levemente.

- Eu prometo. – Murmurei de imediato

Horas mais tarde, fui obrigada a voltar para casa pois o meu irmão teria de descansar, e eu também. Assim que cheguei a casa entrei no meu quarto e uma onda de escuridão embateu-me. Fechei a porta de imediato e lambi os lábios enquanto encarava tudo á minha volta.

Esta tudo igual á dias atrás, eu não havia mexido em nada; Os lençóis manchados por sangue seco, garrafas de bebida estilhaçadas na carpete felpuda de cor castanha, lâminas no chão e na cama. O grande espelho da minha cómoda encontrava-se completamente partido e o perfume que eu havia usado para o partir estava no chão, partido me dois já sem a fragância que havia evaporado com o tempo. Por fim, olhei um canto do quarto onde um monte de cigarros apagados me chamava á atenção, bem como as cinzas arrumadas num pequeno cinzeiro de cor branca.

Suspirei e agarrei os meus cabelos por entre os meus dedos, pensando em como iria arrumar isto tudo. Eu teria de arruma-lo, algum dia a minha mãe iria entrar aqui e o quarto não poderia estar neste estado. Mordisquei o lábio e sentei-me na ponta da minha cama, pensado na resolução para este enorme problema. Eu não poderia deitar as cinzas no lixo aqui de casa, ninguém fuma, e o qual seria a desculpa para o sangue seco nos meus lençóis? Para os vidros das garrafas?

Como uma pequena luzinha acendida na minha mente, lembrei-me de alguém que me poderia ajudar.
Seria um voto de confiança que lhe iria dar. Peguei no meu telemóvel, e de mãos tremelicantes procurei pelo seu nome nos meus contactos.

Niall

Suspirei sentindo medo em fazê-lo, ele iria ver todos os meus problemas, não que ele já não soubesse deles, mas ele iria ver, e isso era completamente diferente. Numa pequena onda de coragem carreguei no seu contacto iniciando uma chamada, suspirei e esperei até ouvir a sua voz.

- Elaine? – Murmurou.

Agora já não podia voltar atrás.


Cá estou eu de novo! :) 

Este capitulo não está muito grande, mas eu queria mesmo atualizar então...yah.

Espero que vocês ainda estejam desse lado para ler, votar e comentar porque eu adoro todos os comentários que me deixam ;) 

Digam-me o que acharam deste capitulo :)

A pergunta de hoje é:

- Gostam de arte? Se sim, qual é a vossa favorita?

R:. Eu amo arte, qualquer tipo de arte, mas admiro em especial a pintura e o desenho.

P.S. Vou mudar a capa de aqui a pouco, estou a pensar em algo relacionado com os demónios dela. 

Xx Biah




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