Capítulo 6

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 Por mais que Kara parecesse tranquila em seu exterior enquanto dormia, seu inconsciente trabalhava a mil por hora, criando sonhos - ou melhor, pesadelos - agitados. Seu corpo estava inerte, mas as células da Kriptonita vermelha continuavam a se propagar por seu cérebro.

"Todos te deixaram", sua voz interior gritava a todo momento, "Você não é especial para eles, mas pode ser para outros; você pode fazer todos se ajoelharem aos seus pés, Kara Zor-El". Seus olhos, ainda que fechados, esquentavam, com a real ameaça de que ela fosse queimar todo o quarto com sua visão de calor.

Ela despertou um pouco antes de perder o controle de seus poderes, no entanto. Ainda sem abrir seus olhos, ela deixou que seus outros sentidos trabalhassem por ela.

Ainda que muitos pássaros cantassem e pessoas falassem nos arredores do castelo, Kara só conseguia se focar na respiração calma de alguém que estava bem ao seu lado. Ela sabia que era Morgana pois seu perfume estava impregnado no travesseiro onde Kara tinha dormido a noite inteira. Ela estava prestes a abrir seus olhos, quando alguém entrou no quarto.

—My Lady? Quem é essa? —Uma mulher perguntou, fazendo Kara franzir as sobrancelhas levemente.

—Guinevere...

Kara conseguia ouvir o coração de Morgana desparando, o que a fez se perguntar se deveria levantar e se explicar, mas antes que pudesse, Morgana engoliu seco e começou a falar num tom um tanto convincente.

—Ela é... uma princesa das terras do leste.

O quê?!

—Princesa? Como ela veio parar aqui?

—Você se lembra de ontem, quando eu saí para minha caminhada vespertina, um pouco antes da festa em honra a minha volta? —Ouve uma pausa, onde Kara supôs que Guinevere assentiu —Então, eu a encontrei correndo pelo mercado principal. Ela estava assustada, então eu a trouxe até o castelo, onde ela me contou quem era e que achava que alguém a estava perseguindo. Eu a escondi no meu quarto porque ela se recusava a ir a qualquer outro lugar, insistia que alguém estava querendo matá-la. Acho que foi uma sábia decisão, considerando que provavelmente quem matou o guarda na calada da noite de ontem poderia ser quem está atrás dela.

Se a Kriptoniana não estivesse fingindo ainda estar dormindo, ela teria cumprimentado Morgana por ter pensado tão rápido e ainda ter se livrado de qualquer suspeita em relação a morte do guarda.

Era uma boa mentirosa, afinal. Será que Kara precisava se preocupar?

—De qualquer forma, não acha que é melhor falar com o Rei sobre isso? Ele saberá o que fazer.

—Assim o farei, Guinevere. Agora, você poderia buscar dois cafés da manhã, por favor? Eu acordarei a princesa.

—Claro, My lady. —A porta se fechou e Kara abriu seus olhos, encontrando no mesmo momento os olhos de Morgana.

—Você esteve escutando todo esse tempo, não é? —Morgana levantou uma sobrancelha e Kara agradeceu o fato de estar deitada, porque suas pernas fraquejariam caso não estivesse.

—Talvez. De onde surgiu essa história?

—Do meu desespero.

Kara riu, antes de ficar séria novamente.

—Agora você vai ter que me apresentar para o Rei, como vai fazer?

—Felizmente, o rei não estará disposto. —Crueldade brilhou nos olhos de Morgana, o que fez os olhos de Kara brilharem também.

O quarto ficou silencioso e Kara teve a oportunidade de observar Morgana mais de perto. Agora, na luz do sol, ela parecia dez vezes mais bonita do que a luz de velas, exatamente como ela lembrava certa morena de National City.

Kara não pôde evitar que seus pensamentos voltassem para a pergunta que ela estava se fazendo desde que pousou seus olhos em Morgana Pendragon: como estaria Lena Luthor naquele exato momento?

***

—Eu achei que nós já tivéssemos passado dessa fase, Agente Danvers. —Lena sorriu com ironia —Pelo menos dessa vez sua namorada não está me algemando.

Alex franziu o cenho com o comentário.

—Como você...?

—Kara me contou. De qualquer forma, você poderia me interrogar aqui? Eu tenho uma reunião daqui a meia hora.

—Eu nunca disse que iria te interrogar, Miss Luthor. Eu apenas preciso de informação sobre seu irmão.

—Isso soa como um interrogatório para mim, mas de qualquer forma, sente-se. Vou colaborar como puder. —Lena sinalizou as cadeiras em frente a sua escrivaninha.

Alex se sentou e aclarou a garganta.

—Antes de tudo, peço que você mantenha as informações que eu contar aqui em segredo. São informações que se divulgadas, causariam muitos problemas para a nossa cidade. Eu posso contar com sua discrição?

—Não tenho interesse em divulgar informações federais, Agente. —Lena revirou os olhos, ainda mantendo sua postura de empresária.

—Pois bem, você deve saber que seu irmão ainda tem certa influência fora da cadeia, certo?

—De fato.

—Nós do FBI acreditamos que ele tem interesse em afetar a Supergirl com Kriptonita Vermelha, e é minha obrigação te perguntar se você sabe onde ele poderia encontrar ou fabricar esse tipo de Kriptonita.

—Eu conhecia alguns de seus laboratórios, todos eles foram destruídos assim que ele foi capturado.

—E sua mãe adotiva? Você sabe se ela poderia estar ajudando seu irmão?

—Eu espero sempre o pior dela, então é claro que ela poderia estar ajudando ele. Inclusive a me matar, algumas vezes.

—Algum deles tentou entrar em contato com você nas últimas 48 horas?

—Lex nunca entrou em contato comigo e minha mãe deixou de confiar em mim assim que Supergirl me salvou e provou minha inocência.

—Seu irmão já comentou com você alguma vez sobre o Multiverso? Já soltou algo sobre viajar entre frequências? —A voz de Alex se quebrou por um momento.

—Não, eu nunca ouvi falar sobre isso. Por quê?

—Supergirl passou para outra frequência faz alguns dias e nós estamos receosos de que alguém possa ter seguido-a para afetá-la com Kriptonita Vermelha, ou que esteja planejando afetá-la quando ela voltar.

Isso chamou a atenção de Lena, fazendo-a franzir a sobrancelha.

—Em outras palavras... a Supergirl desapareceu?

—Não temos certeza se ela desapareceu, ela apenas... não voltou ainda.

—Eu sabia. —Lena desviou o olhar de Alex, apertando seus lábios.

—Espera... o quê? Você sabia?

—Kara não atendeu minhas ligações e nem veio me visitar. Há dois dias atrás Krypto começou a latir para o nada e...

—Krypto? Quem é Krypto? E o que... o que a Kara tem a ver com isso?

—Krypto é o meu cachorro. Kara me deu ele de presente de aniversário. —Lena sorriu ao se lembrar de Kara com o filhote de labrador nos braços. —E você não precisa fingir comigo, Agente. Eu sei que Kara é a Supergirl.

—Você... Kara... eu não entendo. Você sabe que a Kara é a Supergirl?!

Under Control [Descontinuada]Where stories live. Discover now