08- Deathly.

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Como pedido por Niall esperei 2 dias até regressar ao Quartel, em busca de respostas.

Depois de meses de Guerras e tormentas, das fugas e do perigo constante, aqueles dois dias foram como provar um pedaço do paraíso, foram como encontrar um oásis depois de meses a seco no deserto mais quente do mundo.

Ainda que cheias de pesadelos, as noites foram bastante calmas, sem indícios de tiros, sem o som ensurdecedor dos gritos desesperados, noites ausentes do cheiro a morte, a sexo forçado e sem qualquer tipo de consentimento ou sentimento, sem o cheiro agoniante a podridão ou deterioração de corpos. O melhor mesmo foi a presença constante de calor, de conforto e acolho. A casa de Niall era, sem sombra de dúvida, um paraíso não autorizado no meio do inferno.

Durante aquela minha breve estadia cheguei mesmo a cogitar esquecer e desistir da ideia quase louca de regressar à improvisada base militar das tropas inimigas, de soldados sem coração e com sangue frio. Porém, a necessidade de procurar algum resquício de vida ou, algum tipo de respostas a perguntas que nem sabia bem formular, superava qualquer obstáculo e ultrapassava os valores da razão.

Durante aqueles dias na casa do Loiro este levou-me a conhecer vários locais bastante importantes, sentimentalmente, para o mesmo. Conheci a sua agradável e extensa horta , um local cheio de magia, legumes e frutas dos mais variados. Num final de tarde descemos até ao local onde Niall dizia tomar banho nos dias mais quentes de verão, uma pequena praia fluvial. Descobri que foi nesse mesmo local onde conhecer Liam. Pela reprodução que fez da situação entendi ter sido uma cena bastante constrangedora para ambos.. Liam era curioso demais e Niall era desenvergonhado demais. Depois de algumas gargalhadas Niall foi-se calando aos poucos e deixando-se escorregar até cair no chão, desfeito em lágrimas..

A possível morte do grande amor de Niall devastava-o física e mentalmente, e vê-lo tão em baixo estava perto de ser das coisas mais tristes que tinha presenciado em todo aquele tempo de Guerra, os seus olhos perdiam toda a sua tonalidade azul, apagando toda a alegria que aquele serzinho transbordava. Desesperadamente tentei confortá-lo dizendo que talvez Liam tivesse conseguido fugir antes que algo de mal lhe acontecesse.. e que um dia, assim que possível iria regressar para os seus braços. De alguma maneira dizer-lhe isso trouxe-lhe alguma tranquilidade e eventualmente caímos em histórias sem fim de romances falhados,e com fins engraçados ou desastrosos. Niall contou-me a maneira como "descobriu" gostar de rapazes e de como o seu melhor amigo o ajudou a descobrir se gostava mais de dar beijinhos a meninos ou meninas.. e de como com 11 anos dava beijinhos ao melhor amigo escondidos atrás do pavilhão escolar. Esse seu melhor amigo da altura dava pelo nome de Nick, Nick descobriu com Niall que também gostava de rapazes, mas, ao contrário de Niall nunca foi bem aceite e com 13 anos foi enviado para o internato em Londres. Ni nunca mais soube nada dele.

Apesar de todos os bons momentos passados com Niall, um pequeno pedaço de luz em formato humano estava na hora de enfrentar a verdade, nua e crua. Uma realidade que eu preferia esquecer, mas que seria impossível.

Ao caminhar de novo pelos bosques em direção ao lugar onde me mantive presa por Styles eu podia jurar conseguir sentir o cheiro da morte.. um cheiro bastante característico e desconfortável pelo nó que fazia formar-se na garganta de qualquer um que se atrevesse a cheirar. Ao senti-lo o meu cérebro entrava de imediato em alerta e começava logo a produzir uma imensidão de informação desnecessária e possibilidades que me provocavam dores de cabeça absurdas de tão fortes.

Se naquele dia soubesse o que hoje sei teria ficado ainda mais nervosa, talvez não voltasse para trás, mas o meu nervosismo aumentaria de uma maneira abismal.

Soldier Heart. | H.S || A RESCREVERWhere stories live. Discover now