- Eu sei - dou de ombros.

- Ela te contou?

- Contou. Você está feliz?

Ele deita a cabeça no encosto do sofá.

- Ela tem sido ótima comigo. Carinhosa... Gosta de filmes, de livros... - depois, me encara. - Na verdade eu queria saber o que houve hoje à tarde. Você sumiu no meio do almoço... Renata disse que você saiu sem mais nem menos.

- Ah, acabei lembrando que tinha um encontro com Fátima... Uma cliente - minto.

- Hum... - ele assente.

- Igor, eu queria te contar sobre Bruno antes... Mas não tive oportunidade - eu rio sem graça, mas ele permanece sério. - Além do mais, sua namorada é meio apressadinha.

- Pelo que ela me disse, você que pediu para ela me contar. O que achei bem estranho. Como eu já tinha dito antes, não gosto de recados.

- Eu não pedi isso exatamente - digo, confusa.

Eu pedi. De certa forma. Mas não era para ser como ela fez!

- Tudo bem. Espero que você seja bem feliz com sua escolha - ele diz.

- Vou ser - digo com veemência, talvez para que eu mesma acredite.

Olho para o relógio. Bruno deve estar chegando.

- Vou indo - ele se levanta.

- Já? - levanto também.

Não quero que ele vá. Na verdade, queria que as coisas fossem como antes. Do jeito que a gente ficava à vontade um com o outro. Mas parece que não há mais jeito. É como se tivéssemos pulado em um precipício. Não há mais volta.

- Até breve, Sarah - ele diz e sai sem olhar para trás.

É tão estranho. Não me canso de pensar. Há algum tempo ele perguntaria coisas do tipo: "O que você vai fazer amanhã? Vamos ver um filme?". Agora vai embora, certamente, se encontrar com a nova e mais perfeita namorada. Eles vão rir juntos e depois comer pizza. Talvez brinquem de adivinhar o que o outro está pensando.

De qualquer forma, tenho um namorado também. Também tenho meus programas interessantes. E eu e Igor podemos continuar amigos. Amigos que passam menos tempo juntos. Só isso. Muito normal.

  Mal ele vai embora, Bruno toca a campainha. O que me faz pensar que talvez eles tenham se esbarrado lá embaixo.

Com uma garrafa de vinho na mão e uma rosa na outra, ele lança seu olhar mais sedutor.

- Nossa... - ele diz, avaliando meu vestido. - Você está demais! -segurando meus braços para cima, ele me encosta na parede e morde meu lábio inferior.

- Calma...- digo, me afastando. - Vamos conversar um pouco.

- O que foi? - estranha. - Não gosta mais disso? - ele me agarra pela cintura e beija meu pescoço, passando a rosa pelo meu colo.

- Eu gosto - respondo. - Mas pensei que poderíamos jantar antes... Depois ver um filme. Que tal?

Ele coça a cabeça, bagunçando os cabelos, que caem sobre os olhos.

- Tudo bem - ele diz, por fim, e eu vou até a cozinha esquentar o chop suey. 

Bruno está sentado no sofá, mudando de canal.

- Está pronto! - digo, quando termino de arrumar os pratos na mesa. - Você abre o vinho?

- Abro - ele se aproxima.

Começamos a comer em silêncio.

- Como foi seu dia? - pergunto.

- Foi bom. Conseguimos um cliente potencial. Greta disse que vocês se encontrariam essa semana para comprar parte do material da reforma.

- É. Achei que você iria comigo - digo.

- Hum... Essa coisa de compras não é muito a minha praia. Prefiro deixar com ela - ele bebe um gole de vinho e faz um gesto com a boca denotando aprovação.

- Certo. E você gostou do projeto? - pergunto. Quando terminei tudo, Nestor quis levar pessoalmente e
apresentar aos clientes. O que foi meio desconfortável para mim. Como se eu não tivesse capacidade de vender uma ideia.

- Gostei. Mas só aceitei porque era seu. Ver aquele idiota tentando vender sua ideia chegou a me dar vontade de rir - Bruno critica.

Engulo seco. Apesar de tudo, não gosto de ouvi-lo ofendendo Nestor.

- Também não é assim - eu digo sem encará-lo.

- Ah, falando nisso, encontrei seu amigo lá embaixo - ele diz.

- Você falou com ele?

- Claro que não.

- Por quê? Vocês se trataram tão bem naquele dia em seu escritório -repouso a taça na mesa.

- Sou profissional, né, Sarah? - ele dá de ombros. - Mas não gosto da ideia desse cara no seu apartamento.

- Ele é meu amigo! Não vou abrir mão disso - digo, enfática.

- Tá bom. Desculpe - ele se levanta e vem para o meu lado, me abraçando e encostando o rosto no meu. - E agora? - ele beija minha orelha. - Vamos para o sofá?

Estamos deitados, apertados no sofá. Bruno quis assistir a um episódio de Law and order, como sempre.

- Amanhã nós temos uma festinha -digo.

- Festinha?

- Aniversário da minha avó.

Ele se senta e me encara.

- Não acho que eu deva ir - diz, sério.

- O quê? Por que não? - ajeito-me.

- Não acho uma boa ideia me encontrar com sua família. Não vai ser confortável.

- Mas meus pais vão aceitar... -argumento.

- Não me sinto à vontade para isso agora, Sarah - ele alisa meus cabelos.

Como é que vamos namorar se ele não convive com minha família? Quero dizer... Nós estamos namorando, não estamos? Que tipo de relacionamento sério sobrevive sem a família?

Fico em silêncio e me deito outra vez. Bruno deita e me abraça. Não estou conseguindo me concentrar na Tv. Também não estou me sentindo disposta a ficar de beijinhos e tudo o mais. Só consigo pensar no que vou dizer aos meus pais sobre o meu
namorado misterioso.

Então gente o que vocês acham de Bruno e a Sarah? Vocês apoiam esse casal? E o Igor com a Renata? 
Votem e comentem sobre o que tão achando!! bjs queridos leitores 

Do Seu LadoWhere stories live. Discover now