I'm so into Michael Clifford

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– E aí, Mike? – respondo. Sinceramente, o que se deve responder qual alguém diz "e aí"?

– Por que não viu minha livestream ontem? – ele pergunta e eu sei que estou ferrado. – Você sempre deixa alguns comentários – posso jurar que vi um pequeno bico se formar em seus lábios vermelhos (não somente avermelhados, realmente vermelhos, tanto que já correu um boato de que ele usava batom) e é ali que meu olhar se perde pelos segundos que se seguem.

Quando volto a olhar em volta, vejo que Michael me encara com expectativa e quase sorrio, porém a expressão curiosa de Nia, juntamente com a mão na cintura e o dedo próximo à boca de forma questionadora me faz recuar e me preparar para o julgamento e as mentiras que terei de inventar.

– Você me disse que tinha visto a live dele – constata minha melhor amiga. Os dois me olham intrigados, mas de jeito algum posso dizer a verdade. Na melhor das hipóteses, eles iriam pensar que eu estava brincando, na pior, me levariam até o conselheiro do colégio alegando a minha insanidade.

Acho que nesse momento devo esclarecer as coisas: Michael tem um canal no YouTube. Pelas costas dele, todos comentam o quanto os vídeos são bestas e de má qualidade, mas Michael é realmente popular (mais sobre isso mais tarde) e ninguém se atreve a dizer na cara dele o que pensa. Eu, particularmente, acho os vídeos fofos. Acho que esse não era bem o esperado, mas o rosto dele é tão adorável que eu fico surdo enquanto o assisto e só consigo pensar em como eu gostaria de dormir de conchinha com ele, fazer carinho no cabelo, beijar aqueles lábios tão lindos e... Acho melhor parar por aqui antes que a minha insanidade seja confirmada.

Sobre o canal: Michael joga, canta e faz desafios. Um homem de mil e uma utilidades, por assim dizer.

– Tudo bem, irei revelar a verdade – olho para o lado, balançando a cabeça num sinal de vergonha ensaiada. Cubro o rosto com as mãos. – Tive que sair com meus pais, eles me obrigaram! Sou apenas um pobre adolescente envergonhado, me perdoem.

– Seus pais? – pergunta Michael, franzindo o cenho numa expressão fofa de confusão. Ele não percebeu que eu estava apenas brincando, mas Nia sim. Ela revira os olhos.

– Ele só está brincando – ela diz. Michael abre a boca, concordando com a cabeça enquanto sua face transmite compreensão atrasada. – Você é tão lento, Michael.

Michael dá de ombros, sem discutir. Ele sabe que Nia não está errada. Não acho que ele seja lento, acho que ele é apenas ingênuo e isso é tão fofo. Ugh, Michael tem um rosto tão fofinho que, se ele arrancasse as minhas bolas com os dentes, eu provavelmente só diria "oh, que gracinha!" e nem ligaria para o sangue. Todos concordam que ele tem um rosto fofo, mas todos também dizem que isso só é embrulho e que o conteúdo é bem diferente – ainda não tive a chance de descobrir por mim mesmo, mas já ouvi histórias bem legais que me deixaram excitado e com ciúmes ao mesmo tempo.

– Estava jogando tabuleiro ouija, mas não funcionou de novo – dou de ombros. – Aí fiquei frustrado e fui dormir cedo.

– Essa é a sua rotina – diz Nia, acreditando. Ela sabe que sou maluco por espíritos e pelo tabuleiro, mas não sabe bem o motivo.

– Você tem um tabuleiro ouija? – questiona Michael, abrindo um enorme sorriso. – Cara, isso é tão maneiro! Você podia aparecer com ele qualquer dia em uma festa.

– Não costumo ir a festas – digo. Acho que ele já devia ter notado isso.

– Então você podia só aparecer lá em casa mesmo – ele diz, saindo de nosso pequeno triângulo social recém-formado com um sorriso ladino impregnado em seu rosto.

Observo-o sumir pelo corredor, que já começa a se encher de alunos. Sempre o vejo fazendo coisas do tipo com outras pessoas (dizer uma frase sugestiva e então sair sem se despedir), mas ele nunca havia falado assim comigo. O que ele quis dizer com esse sorriso?

white wings • au!cashtonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora