— Ela não disse nada de estranho? — perguntei.

          — Bem... Ela comentou que o melhor seria que a Akari desaparecesse, por quê?

          — Quando me encontrei com ela mais cedo, ela falou que havia feito algo "muito ruim", mas não explicou nada.

          — Entendo... — disse ele enquanto me observava com os olhos sem vida de antes.

          — Entende?

          — Eu não acho que ela chegaria a esse ponto, mas... Fica difícil encontrar alguma justificativa nas ações dela... Não acha que ela seria capaz? — Ele fechou a mão com força.

          — Ainda não confirmei nada... — respondi.

          — Talvez mais alguém tenha se encontrado com a Akari de madrugada.

          Eu hesitei por um momento, tentando encontrar uma maneira de continuar a falar.

          — Quem mais poderia? — perguntei.

          — Não sei... Mas deve ter alguém, né? Alguém que tenha... — Ele disse como se realmente acreditasse na possibilidade... — Amato... Se souber de alguma coisa, eu te aviso.

          — Você ainda não parece bem...

          — Não se preocupe, eu já chorei o bastante — disse ele, tentando sorrir, mas acabou sendo um sorriso sem qualquer tipo de emoção.

          — Entendo... — respondi. — Vou procurar perto de casa, qualquer coisa, me liga.

          — Pode deixar comigo.

          Assim, eu e Liss continuamos a procurar pela Harumi pelo bairro.

2

          Eu voltei para a praça depois de algum tempo procurando a Harumi, não demorou muito para que Mirai voltasse, sem demonstrar qualquer sinal de aproximação, ela se sentou ao meu lado e, em seguida, disse:

          — Encontrou alguma coisa? — Não respondi nada. Percebendo isso, ela continuou a falar: — Perguntei pelo shopping e nas ruas próximas, mas ninguém a viu. Você não consegue pensar em nenhum lugar que ela possa ter ido?

          Parei para pensar por um momento, e então, percebi que talvez pudesse saber o lugar aonde ela poderia ter ido.

          Em grande parte, quando as pessoas se sentem arrependidas ou culpadas, elas tendem a ficar pensando ou até mesmo observando os lugares em que suas ações ocorreram. Nesse caso, existe uma pequena possibilidade de ela voltar àquele beco.

          — Tenho uma pequena ideia — respondi um pouco inseguro. — Porém, não adianta nada nós irmos lá sem pensar em algo antes.

          No estado atual dela, uma aproximação repentina só faria com que ela fugisse de novo. O melhor seria pensar em uma maneira de fazê-la parar para conversar.

          — Você tem algum plano em mente? — perguntou Mirai.

          — Nada muito concreto — respondi.

          Liss se levantou do meu lado e ficou de frente para nós dois no banco, parecia um pouco envergonhada, mas assim que respirou fundo, começou a falar com um tom tímido:

          — T-Talvez... Se nós resolvermos tudo isso, ela pode se sentir mais segura para falar com a gente...

          — Você está querendo dizer que devíamos desmascará-la? — perguntou Mirai.

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