— A vizinhança! - diz sorrindo.

Sorrio de volta e tocamos as taças, o tintilar do cristal me arrepia, tomamos um gole e volto a olhar em direção das compras tentando parar a sensação que sinto desde que pus meus olhos sobre esse homem.

Guardo tudo de que não vou precisar para o jantar.

— O que vamos cozinhar? - ele me pergunta levando a taça à boca, eu fico ali olhando para aquela cena tão mundana, mas que me fez pensar naquela boca encostando a outros lugares que não é a taça. Queria muito aqueles lábios no meu pescoço, beijando e mordendo a pele delicada. Deixando com a barba trilhas de arranhões delicados.

Ah meu Deus, Liz para de ser tarada!

— Ah, eu estava pensando em fazer uma massa com camarões e cogumelos, mas se você não gostar ou for alérgico posso fazer outra coisa, trouxe um salmão bem bonito. O que você acha?

Quando termino de falar ele está sorrindo aquele sorrisinho cínico que me deixa louca. Não sei o que é mais sexy, esse sorriso ou as mãos dele circulando a borda da taça me fazendo ter pensamentos muito ruins com esses dedos.

— Hum... Adorei a ideia. Posso te ajudar, também sei cozinhar algumas coisas.

— Ah... Não precisa, posso cuidar disso. Por que não me fala sobre seu dia enquanto arrumo tudo?

— Tudo bem, mas a louça é toda minha, faço questão. – Gustavo pisca pra mim e eu coro.

Começo a pegar as panelas que vou precisar e a colocar a água no fogo para a massa. Enquanto a água ferve começo a picar os cogumelos, a cebola e o alho. Sinto que ele está me olhando atentamente a cada movimento que faço, o que me deixa bastante nervosa e desconfortável.

— Então? - pergunto querendo tirar o foco de mim, pedindo pra ele começar a falar.

— Liz, você já teve que tomar uma decisão que iria mudar tudo a respeito das suas convicções e do que é justo para você?

— Hum... Não lido muito bem com grandes decisões. Sou uma pessoa alheia a riscos. Mas as poucas que já tomei, foram assertivas. - digo sinceramente olhando pra ele.

— E se dessa decisão dependesse a vida de outra pessoa? - ele me pergunta com os olhos brilhando, se a luz me ajudasse, poderia jurar que vi lágrimas neles, o castanho âmbar queimando em ondas pela minha pele como um eletrodo, dissolvendo qualquer possibilidade de uma resposta racional.

— O que você quer dizer com isso Gustavo?

— Eu estou tão confuso, eu não sei o que pensar Liz. Minha cabeça está uma enorme confusão, e meus pensamentos não me levam a lugar nenhum.

— Você só precisa ser maior e mais forte que os seus medos, às vezes optar pela loucura é a nossa melhor decisão a se tomar. Nem sempre a resposta está na razão. Se você quiser me contar, talvez eu possa te ajudar, Gustavo, sei que a gente se conhece a menos de 24 horas, mas, você pode confiar em mim, afinal não conheço ninguém nessa cidade, então não poderia fazer fofoca, pode ficar tranquilo. Eu só conheço a Cris mas, ela é muito minha amiga e não sou muito de fofocar de toda maneira então...

Quando vou terminando minha divagação ele pega o meu braço fazendo-me virar de frente pra ele. Nós estamos tão próximos que, se eu me afastar uns centímetros vamos estar nos beijando. Gustavo olha dentro dos meus olhos tão intensamente que me sinto derreter pelo toque.

Seus dedos apertam suavemente um pouco a cima do meu cotovelo e um calor vai subindo pelas minhas costas causando espasmos por todo o meu corpo. Como eu queria que ele me beijasse agora.

Azul Profundo ( Livro 1 Série Cores) SEM REVISÃOWhere stories live. Discover now