cuidado para não babar muito em taehyung

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Jeongguk não queria passar mais um dia naquela extensa fila.
Toda manhã sua mãe o obrigava a andar três quadras para comprar a droga de um café naquela cafeteria cara e ruim (pelo menos era assim na opinião de Jeongguk)
Lá ele sempre via as mesmas pessoas. Uma senhora vendendo rosas para quem passava na rua, um sorveteiro que insistentemente queria vender sorvete mesmo que estivesse fazendo 10°C na rua e a pequena menina vendedora de miçangas sentada no meio fio, coberta por seu casaco três vezes maior que ela.

Já era rotina esperar no mínimo dez minutos naquela fila para comprar o precioso café de sua mãe, que nem sempre vinha quente como ela gostaria, o que ocasionava em um sermão para Jeongguk.
"Você não sabe manter quente nem a droga de um café Jeongguk! Como quer ter outras responsabilidades?!"
Jeongguk não entendia isso que sua mãe falava, já que ele não queria ter nenhum tipo de responsabilidade. Por ele, sua vida seria resumida em jogar videogame o dia inteiro e dormir, sendo sustentado por seus pais, para ele não havia nada melhor.

Jeongguk estava no último ano da escola e ainda não tinha pensado em que faculdade faria, na realidade, ele não iria fazer faculdade, só estava enrolando sua mãe com essa história de "não se que faculdade escolher mãe, são muitas opções."
Suas notas também não lhe garantiriam vaga em lugar nenhum, e sua mãe já estava ficando cansada de esperar alguma coisa de seu filho que não fossem reclamações.

Haviam mais três pessoas a sua frente, e Jeongguk já estava dormindo em pé. Queria voltar logo para o conforto da sua cama pelo resto do dia como fazia diariamente.
Mexendo distraidamente no seu celular e só percebeu que era sua vez quando o atendente estalou seus dedos na frente de seu rosto.
— Bom dia o que vai querer? — O rapaz de expressão vazia e entediada perguntou da maneira mais desinteressada que Jeongguk já viu.
— Um expresso americano com chantilly. — O garoto respondeu automaticamente como sempre fazia.
— Um 34 por favor! — O outro gritou para trás, onde não havia ninguém. Esperou uns segundos e gritou novamente. — Taehyung! Um 34 rápido!
— Para de me apressar Yoongi! Eu não sou surdo. — Um outro rapaz surgiu sabe-se-lá de onde com uma expressão emburrada.
Jeongguk olhou para ele e sentiu suas pernas tremerem. Com toda certeza era o garoto mais bonito que ele já havia visto na vida. Seus cabelos cor-de-mel caiam graciosamente por sua testa e seu rosto parecia ter sido esculpido por anjos. Seus braços não pareciam ser os mais musculosos pelo que demonstrava pelo uniforme, mas provavelmente o tal Taehyung era atlético. Seus ombros largos flexionavam enquanto fazia o café e suas pernas – que foi o que mais chamou a atenção de Jeongguk por estarem marcadas pela jeans apertada – eram lindas. Sem falar em como ele era alto.
— Seu pedido. — Jeongguk foi tirado do transe pelo outro atendente com cara de tédio estendendo uma caixa com o café dentro. — Cuidado para não babar muito em Taehyung.— Essa última parte foi sussurrada para o garoto, que instantaneamente corou por ter sido pego encarando o deus grego. — Eu sei, ele é lindo, mas é muita areia para seu caminhãozinho, se quiser eu dou um toque a ele.
— O-obrigado. — Pagou e rapidamente saiu dali, ainda envergonhado por ter sido pego olhando o rapaz.

Ok. Jeongguk não é do tipo que se apaixona instantaneamente, mas aquele garoto ficou grudado em sua cabeça pelo resto do dia. Nem dormir direito ele conseguiu.

Ele estava deitado em sua cama possivelmente com os olhos fixado no teto ainda pensando em como sua visão fora abençoada pela manhã.

"Eu preciso ver esse homem de novo, ou vou enlouquecer." Era o que passava por sua mente.

  — Jeon Jeongguk. — A porta foi  aberta e a mãe do garoto apareceu no batente. — Venha jantar.

— Não estou com fome.

— Sem desculpas dessa vez. Eu vejo que você está muito magro e anda pulando refeições. Venha. — Jeongguk revirou os olhos para a mulher, mas se levantou e a seguiu.

Na mesa, seu pai estava sentado mexendo no celular. Ele não era muito de socializar com a família, somente em momentos obrigatórios, como natal e aniversários.

— Seu prato já está servido. — Senhora Jeon falou para o filho. — E você não sai da mesa até finalizar.

O menor naquele local bufou frustrado. Ele não queria comer e não iria, nem que ficasse ali sentado olhando para aquele prato de macarrão com almôndegas pelo resto da noite.

A verdade que Jeongguk escondia, era que ele tinha mais problemas que a preguiça.

Anorexia. Distúrbio alimentar que leva a pessoa a ter uma visão distorcida de seu corpo, que se torna uma obsessão por seu peso e aquilo que come.
Jeongguk havia descoberto que tinha o distúrbio depois de uma longa pesquisa na internet. Talvez tenha ficado só um pouco mais paranóico do que já era.

— Jeon Jeongguk. Se você não comer tudo que está nesse prato, você vai ficar sem celular por duas semanas. — A mulher diz entre duas garfadas.

— Eu só não estou com fome.

— Não importa. Coma ou sem celular.

A contra gosto, Jeongguk colocou o garfo cheio de macarrão na boca, xingando sua mãe de todos os palavrões existentes em sua mente.

— Não adianta fazer cara feia, é para seu bem. — O pai de Jeongguk finalmente se pronunciou, olhando firmemente para o filho, que engolindo em seco, continuou comendo.
A voracidade das garfadas entregavam a fome que o menino estava, por não colocar nada no estômago por mais de 12 horas seguidas.

— Terminei. Posso subir para meu quarto? — O Jeon filho largou o garfo em cima do prato limpo.

Sua mãe suspirou.
— Pode.

Como uma deixa, Jeongguk correu escada acima, passando direto pelo seu quarto em direção ao banheiro, onde trancou a porta e suspirou. Ele pegou seu celular e colocou uma música aleatória para fazer barulho e ninguém o escutar fazendo o que ele ia fazer.
O menino se inclinou na frente do vaso sanitário e trancou a respiração. Quando sentiu que iria vomitar, colocou dois dedos na garganta e despejou uma pequena quantidade de comida no buraco. Ele torceu o nariz ao ver aquilo, mas não parou. Colocou os dedos no fundo da garganta novamente e aos poucos foi despejando o conteúdo de seu estômago.
Quando achou que já estava vazio o suficiente, deu descarga e pegou uma bala de menta no bolso para disfarçar o mau cheiro que vinha de sua boca.

De fininho, ele saiu do banheiro direto pro quarto, onde deitou em sua cama e ficou mexendo no celular até adormecer.

De madrugada, seu estômago roncava, mas ele fingia não ouvir.

vogue cafe ☕️ kth + jjkWhere stories live. Discover now