III.II. Confusão dos fatos

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por Uchiha Sasuke...

Três anos se passaram em exatos três segundos, de modo que os oponentes cairam a minha frente em choque pelas torturas sofridas no genjutsu. Ficaria bem mais fácil de levá-los até a vila da areia, visto que precisariam de uma semana para se recuperarem do trauma, isso sendo bem otimista.

– Sasuke! – Naruto chamou, ao aterrissar a alguns metros, sua preocupação foi a primeira coisa que notei. Um dos pássaros de Sai pairava sobre nós.

– O que aconteceu? – Questionei no segundo seguinte.

– Precisamos ir para a Folha. Agora.

– A ordem é levar os prisioneiros para Suna.

– Pare de me questionar por pelo menos uma vez na sua vida. Dattebayo! Konoha está mais perto, precisamos ir para lá.

A pressa nos olhos de Naruto, sua inconstância de foco, a mudança abrupta de plano... Por mais que ele tentasse parecer calmo – habilidade essa um tanto quanto difícil a ser conquistada, especialmente quando se tratava de alguém como ele –, era visível para bons observadores que alguma coisa estava muito, muito errada.

– Você chega a assustar quando faz essa cara – comentei, tentando faze-lo relaxar em primeiro momento e me convencer de que minhas suposições eram ridículas.

– Tome – ele disse, lançando um pergaminho em minha direção – Sai deu a idéia de selá-los aí, diminui a carga.

Abri o mesmo, estendendo-o no chão na frente dos corpos em choque.

– É uma boa hora para me dizer o que está havendo – sugeri enquanto preparava os selos de aprisionamento. Meu tom de voz soava quase que como uma ordem, irredutível ao fato dele me ignorar.

– A dupla que lutava contra Ino e Hinata conseguiu fugir, o que as fez vir até nós – Naruto começou, sua narrativa parecia pisar em ovos.

Respirei devagar, tentando não perder a paciência. No fundo, eu sabia aonde aquilo ia dar. Precisava me concentrar nos selos ao mesmo tempo que me preparava para ouvir sua conclusão, e de certo não ia ser fácil.

– Já tínhamos aprisionado os nossos alvos quando elas chegaram. Sai desenhou um pássaro para que buscassem por Sen e Sakura enquanto nós dois íamos atrás de você...

– Quão grave? – Fui direto ao ponto, arruinado meu exercício de paciência. Naruto respirou com pensar e algo dentro de mim sentiu o que aquilo significava, e como esperado, não era nada bom.

Rasguei o polegar com os dentes, riscando uma linha de sangue no círculo indicado, chocando minha palma em seguida contra a faixa de papel. Os prisioneiros sumiram do campo em pequenas nuvens de fumaça e seus nomes surgiram no centro do selo.

– Tudo o que eu sei é que Sakura está inconsciente, tem várias escoriações sérias nas costas e contusão no abdômen, acho que algum órgão importante está comprometido... A essa altura já devem estar aterrizando em Konoha.

Engoli em seco, fechando os olhos ao respirar fundo. Pus-me de pé, enrolando o pergaminho e o jogando de volta para Naruto. Pelo momento seguinte, fui incapaz de dizer alguma coisa.

A sensação aterradora que senti no dia do massacre do meu clã, era a mesma que me assaltou no momento em que descobri a verdade sobre Itachi... E agora, lá estava ela de novo, cercando-me, esperando a hora certa para me atacar.

Tinha sido isso que eu evitara a vida toda: estar sujeito a perder a partir do momento em que se tem. Minhas experiências anteriores guardaram-me por muito tempo contra esse destino, mas tudo tinha ruído com o cheiro dela...

– Sakura-chan vai ficar bem. Para ela é como uma gripe, não é? – Naruto tentou, diante do meu silêncio. Não sabíamos a quem ele estava tentando convercer mais ao dizer aquilo.

– Sim, é sim – terminei por dizer. Mas a verdade era que não, eu não fazia idéia.

Hinata veio até nós assim que tivemos acesso ao hall de uma das enfermarias do hospital de Konoha.

– Sai está com Kakashi-sama – avisou – Ele não queria que vocês precisassem sair daqui para atualiza-lo.


Os lábios dela, sempre tomados por um sorriso tímido e gentil, estavam agora pressionados em um semblante tenso. Naruto, passou um dos polegares por um pequeno arranhão acima de suas sobrancelhas. Se eu estivesse menos impaciente, teria apreciado em silêncio aquele simples gesto de cuidado para com sua esposa, mas não era o caso.

– Aonde ela está? – eu quis saber, fazendo a aflição de Hinata voltar-se para mim. Seu olhar apreensivo me deixou ainda mais desconfortável.

– Ino a levou para o centro cirúrgico...

– É tão ruim assim? – Naruto questionou,  franzindo o cenho.

– Houveran algumas hemorragias. Precisavam de uma sala bem equipada para ampará-la. Seu esforço consciente não foi o suficiente para ativar o selo do renascimento...

Havia alguma coisa que Hinata não estava nós contando. Quando a avaliei atentamente sobre isso, ela baixou a cabeça, evitando-me. Mantive minha própria expressão séria, sem nenhuma alteração, como uma armadura para com tudo aquilo.

– Hinata... – pedi, decidindo colocar a cabeça em ordem para que minha voz não se mostrasse tão autoritária – Preciso saber o que está acontecendo.

A Uzumaki estava prestes a me responder, ainda que o receio fosse visível no seu olhar, rasgando-me a cada segundo que passava.  No entanto, Ino passou pelas portas duplas que separavam a estação de visitas das áreas restritas a médicos do hospital.

– Sakura está estável, mas ainda desacordada – informou assim que nos viu, com uma postura profissional quase impecável, não fosse pela mesma sombra de angústia que atravessava os olhos de Hinata. – Seu corpo perdeu muito sangue, ela precisa se recuperar do estresse. Então ficará aqui até amanhã.

– O que houve? – questionei, esperando que daquela vez eu conseguisse uma resposta plausível.

– Algumas shurikens em pontos quase vitais e logo depois um ataque contra toda a extensão do seu abdômen, alguns órgãos foram severamente contundidos.

– Haverá outro procedimento?

– Não. Consegui estabilizar tudo... Confesso que não dá nem para imaginar o que teria acontecido se tivéssemos chegado um pouco mais tarde em Konoha.

Era uma resposta, todavia, ainda assim não fazia sentido. Os inimigos em questão eram perigosos, mas nada que ameaçasse o nível de Sakura daquela maneira. Era, no mínimo, estranho o fato dela ter sido a única a retornar tão machucada.

– Você tem que assinar isso para mim – Ino disse, entregando-me um termo de responsabilidade – Precisei submete-la a cirurgia sem sua autorização, mas sua assinatura ainda é necessária para o sistema. Isso também vai te permitir acompanhá-la durante toda a internação.

Encarei a prancheta apoiando o termo como se não os visse. Ino não parecia satisfeita com o sucesso do próprio trabalho, pesarosa ao olhar para mim, era como se Sakura estar viva não fosse o melhor resultado.

Tinha alguma coisa muito errada...

– Por que tenho a sensação que está faltando alguma coisa? – perguntei, muito perto de força-la a responder.

Naruto, no segundo seguinte, pós-se entre nós.

– Guarde seus malditos olhos para outra hora! – Ele me avisou, fuzilando-me – Vamos, você vai esfriar sua cabeça lá fora...

Decisões (SasuSaku)Where stories live. Discover now