II.IV. A assinatura de Sakura

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por Uchiha Sasuke...

Karin parou abruptamente sem dizer uma única palavra. Estávamos adentrando no País da Chuva, a severa mudança de clima havia deixado o nariz dela bastante insatisfeito. No entanto, não fora por isso que congelara no meio da trilha, em uma clareira extensa. Ambos sabíamos que não era inteligente ficar tão em evidência daquela maneira, de forma que concluí que se tratava de algo importante.

– Tem um grupo se aproximando a dois quilômetros. Estão nos seguindo. – avisou, fechando os olhos ao se concentrar.

– Devem ter entrado na nossa trilha agora – ponderei. Era um raio bastante razoável para procurá-los por mim mesmo.

– Não será necessário – Karin me interrompeu, prevendo minhas intenções. – Sei exatamente de quem se trata.

Não demoraram em saltar bem a nossa frente. Ninguém menos que Naruto, Sen e mais dois ninjas das Aldeia da Folha apresentaram-se por entre toda aquela água. De início, ele pareceu animado e preste a expressar isso com a mesma gritaria de sempre, até que sua face se contorceu em confusão e logo depois em algo semelhante a raiva ao perceber que Karin estava longo atrás de mim.

A chuva quase parou para reforçar o drama da sua indignação.

– Não consigo decidir se te dou um abraço ou uma surra, seu... – avisou ele, interrompendo-se ao cruzar os braços com força. Era clara o quão séria aquela incerteza se mostrava, tendo em vista que seu corpo tremia em guerra.

– Como vai, Sen? – virei-me para a garota, com uma finalidade quase exclusiva de ignorar as acusações estúpidas de Naruto. Ela tinha se juntando a aldeia depois de que seus problemas para com sua vila foram resolvido e, pelo visto, a vida de shinobi a tinha cativado.

– Um pouco decepcionada – ela respondeu, erguendo uma sobrancelha, revezando o próprio foco entre mim e Karin.

Ótimo, até ela?

Eu certamente merecia, mas não tinha tempo para discutir de qualquer forma.

– Em minha defesa... – começou a ruiva, atrás de mim, erguendo as mãos espalmadas no nível da cabeça. – Nem que ele pedisse muito, eu daria uma nova chance.

Revirei os olhos. Aquilo iria se esticar, para a minha infelicidade...

– Kakashi lhe avisou? – questionei, de volta a Naruto, tentando desesperadamente mudar de assunto.

– Sim. Não devemos estar longe delas. Recebemos há pouco um bilhete de Gaara, elas deixaram a aldeia por uma trilha paralela a essa, mais uns mil metros ao sul e estaremos no encalço.

Elas?

– Sakura está com Temari e Hinata, talvez mais dois ninjas. Não havia muitas informações no bilhete.

– Devemos nos apressar – concluí, passando a caminhar na direção indicada, logo sairíamos para os troncos nas altas copas.

– Datte... Com sorte pegamos o final da briga – o loiro disse, dando de ombros ao me seguir, o resto da equipe vinha logo atrás.

Virei o rosto para ele, a fim de verificar se a calma na sua voz era real.

– O que foi? – ele indagou. – Todos nós sabemos o quanto elas ficam perigosas quanto estão sérias. Estou tentado a lhe impedir de continuar, Sakura vai quebrar o seu nariz. Talvez de maneira irreversível.

– Eu disse a mesma coisa, mas ele parece de acordo! – exclamou Karin, lá atrás. – O que a culpa não faz com o ser humano...

– Pois é... Maas, não vamos impedi-lo de continuar. A perspectiva de que aconteça o que temos certeza que vai acontecer vence com trocentos pontos de vantagem, então ficarei feliz em vê-la danificando esse seu rostinho perfeito.

Eu não ia explicar para ele e correr o risco de prolongar aquela discussão ainda mais, nem mesmo me daria ao trabalho de responder alguma coisa enquanto me alfinetava. Não havia nada de errado em pedir ajuda a uma velha amiga.

– Sei no que está pensando, Sasuke – continuou Naruto. A essa altura, já voávamos sobre galhos e troncos. – Não é nada demais e tals, até porque Karin não é uma cretina como você...

– Obrigada pela confiança! – a ruiva disse.

E pela parte que me toca, quis acrescentar.

Eu podia ouvir os risinhos de Sen e dos outros em algum lugar atrás de mim. Os Uzumakis estavam decididos a me infernizar, um soco de Sakura teria sido menos perturbador.

– Mas que tipo de namorado não responde as malditas cartas, dattebayo?! – questionou, por fim.

– Eu respondi – argumentei.

– Aquilo foi um presente. Para mim! Não pra ela.

– O que só deixa a situação ainda pior... – acrescentou Karin como quem não que nada, claramente feliz com a parceria não verbal que formara com Naruto as minhas custas.

Por um momento, quis parar e fazer os dois se estrangularem por horas a fio.

– Diga-me, o que pretende dizer a ela quando estiverem frente a frente?

– Talvez nem tenhamos tempo pra isso, seu idiota.

– Ora, deixe de ser um bastardo arrogante. É fácil deduzir o que vamos encontrar junto a elas: o engraçadinho que está tentando te usurpar imobilizado sem nenhuma comunicação de chakra disponível e, muito provavelmente, alguns ossos bem quebrados... Isso julgando que Temari nem tenha precisado se manifestar!

Eu estava tão certo quanto Naruto sobre encontrarmos exatamente esse cenário quando finalmente chegássemos até elas, mas havia orgulho demais em mim para que tal certeza pudesse ser admitida em voz alta. Isso e o fato da minha intromissão não ser nada mais, nada menos do que um pretexto para vê-la diante de tamanha oportunidade. 

Como diria algum ditado estúpido: mataria dois coelhos com uma cajadada só.

– Não é da sua conta – limitei-me a responder.

– Tudo bem, não é mesmo. Mas se ela não quebrar seu nariz, eu mesmo faço isso – Naruto garantiu.

– Entra na fila, bonitão – adiantou-se Karin.

Paciência, era preciso ter paciência...

– Tem algum palpite sobre quem pode estar por trás disso? – perguntei a Naruto, dando o assunto anterior por encerrado, caso contrário, eu iria deixá-los para trás e continuar sozinho. Estava até grato pelo resto da equipe não ter lhes dado corda, mas tudo tinha um limite, especialmente para mim.

– O Hokage suspeita de Kido, mas não disse nada a ninguém. Algumas atividades que estive investigando até ser orientado para essa missão leva-nos a ele. Sensei acredita que está tudo ligado.

Kakashi nunca errava... Mas por que Kido me queria?

Então eu parei de uma vez, de forma que os outros se espalharam abruptamente nos troncos ao meu redor. Tudo dentro da minha cabeça girava em uma velocidade absurda, meus olhos doíam como o inferno ao vislumbrarem minhas conclusões.

– O quê, o que foi? – tratava-se da voz de Sen.

– Ele a quer morta – respondi, mais para mim mesmo do que para o resto da equipe.

– Você não está considerando que... – Karin tentou seguir na mesma linha de pensamento que a minha, com sucesso.

– Sim, de alguma forma ele conseguiu camuflar minhas linhas de chakra. Ele quer meu sharingan e o quer ainda mais forte.

– E para isso... laços devem ser cortados – verbalizou Naruto.

– Vocês estão mesmo desvendando um mistério a partir de um palpite? – Sen intrigou-se. – Quer dizer, eu sei que quem está cogitando é um kage e tudo o mais, mas é só um palpite!

Ela não entendia as circunstâncias como nós, no entanto, tão pouco tivemos tempo de explicar-lhe que Hatake Kakashi nunca errava em um palpite. Isso porque uma explosão soou aos arredores, o chão tremeu sob nossos pés e uma fumaça subiu para além das copas a frente, vencendo por um tempo a neblina. Troquei olhares com Naruto e Karin, sombras rápidas de preocupação e certeza foram compartilhadas naquele ato.

Sabíamos de quem era aquela assinatura.

Decisões (SasuSaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora