Katherine - Um Dia Inesperado

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    Estava indo tudo bem quando alguma coisa fez com que Miguel me ligasse em plena madrugada. Eu não sabia o que estava acontecendo, sempre que ele me ligava era porque havia algum problema grave, mais parecia que não.

- Estou com um pressentimento ruim, acho que alguma coisa vai acontecer. - ele me diz com uma voz preocupante - você pode vir aqui me ajudar a descobrir o que é?

- Mais eu já sai da cidade, como vou voltar assim, sem mais nem menos? - respondi deitando na minha cama, que por sinal, ainda estava cheia de roupa. Por causa da mudança, estava tudo uma bagunça.

- Eu dou um jeito deles não perceberem você aqui. Mais por favor venha rápido. - ele diz meio desconfiado. Nunca o vi daquele jeito. Mais sempre que ele tinha uma intensão, alguma coisa acontecia.

- Tudo bem então, logo estou aí! - desligo o telefone e levanto da cama.
Confesso, estava meio ansiosa, pois já o não via fazia uma semana. Peguei minha bolsa e desci a sala. Meus pais haviam saido, foram as compras para a nova casa. Pelo menos essa casa não é grande como a outra. Voltar para Gold Black seria muita irresponsabilidade, já que fomos expulsos de lá. Mas Miguel precisava de mim, não tinha como recusar esse pedido. Peguei o carro do meu pai e fui. Demorou nem tanto, pois havia ido as pressas.
   Cheguei perto dos portões do conselho e lá estava Miguel parado, como se fosse um guarda. Sai do carro e fui logo lhe dar um abraço. Parecia que havia anos que não ganhava um abraço gostoso, - o abraço dele na verdade -. Estava meio ansioso como se algo realmente fosse acontecer.
 
- Não sei ao certo, mais acho que iremos receber visitas nessa cidade. - ele me olha sério -

- Porque diz isso? - pergunto sem exitar. Enquanto isso caminhamos pelo jardim que o conselho tinha logo ao lado. O conselho estava bem iluminado, como de costume. Várias luzes ligadas no meio do jardim era o que dava mais charme em tudo aquilo.

- Porque quando sinto é porque realmente vai acontecer. E acho que não vai ser nada bom. Eu até ando sentindo uma presença estranha no meio da estrada. - ele fala sentando em um banco. Sento ao seu lado.

- Então você já andou por aí procurando alguma coisa ou alguém? - o olho -

- Mais é claro, queria ter a certeza, mais não achei nada. - diz meio preocupado. Passando a mão pela cabeça continua - mais eu tenho quase certeza que alguém está vindo pra cá. Não para causar confusão, mais pelo menos fugir de algo. Mais se Alex descobrir, ela irá ficar furiosa, porque não se espera nada dela.

- Então você me chamou pra te ajudar a procurar quem é, e também a descobrir o que esse intruso quer? - pergunto -

- Exatamente! - ele exclama num tom de voz mais alto -

- Então vamos pelo menos dormir, amanhã nós vemos isso. - levanto me alongando -

- Ah sim! Vamos. Sua sorte é que tem um quarto sobrando em casa. - ele levanta e sai andando, então eu o acompanho.

   Sua casa fica quase ao lado do conselho, então nem demorou muito para chegarmos lá.
   Depois de alguns minutos me mostrando o quarto que eu teria de dormir, ele me deu um beijo e saiu. Deitei na cama e dormi até o dia seguinte, estava cansada.
   O dia ainda nem havia clareado direito e eu já estava ouvindo uma voz de longe. Uma voz meio rouca me chamando, abri os olhos lentamente e vi que Miguel já estava me chamando para acordar.

- Bom dia! - ele fala me olhando fixamente -

- Bom dia, eu acho. - respondo meio sonolenta. Ainda estava com sono e nem com um pingo de coragem pra levantar -

- Acho bom levantar logo, temos um longo dia pela frente! - ele se levanta, da um beijo em minha testa e sai do quarto. Sento na cama e fico parada por um bom tempo antes de ir me arrumar para sair.
   Vou para a cozinha e vejo que ele está preparando um café reforçado. Até parece que a gente vai para alguma caçada ou algo do tipo. Puxo a cadeira e sento em um lado da mesa.

- E então o que temos de bom pra hoje!? - o olho curiosa -

- Muitas coisas! - ele sorri de lado. Eu contemplo esse seu sorriso, ainda mais de manhã, um horário que raramente ele sorri. Então continua - Como você vai ficar até o almoço aqui comigo, um café reforçado é o mínimo que posso fazer por você!

- Nossa até me senti especial agora! - sorrio de lado o olhando -

   Então ele coloca as coisas na mesa e tomamos o café da manhã com uma longa conversa, falamos sobre os dias que ficamos longe um do outro e o que aconteceu nesses dias.
    Saímos e fomos pra floresta. Estava um pouco frio, por ainda ser de manhã e o dia não ter clareado ainda, a floresta estava com um pouco de neblina. Uma estação ótima, minha preferida aliás. Ficamos lá por um tempo esperando e vigiando para ver se algo de estranho acontecia.
   Eu ainda estava preocupada com meus pais porque eu havia saído sem avisar. Pensando nisso eles me ligam, minha mãe na verdade. O som do celular ecoou entre o silêncio das árvores.

- Filha, tá tudo bem? Onde você está? - ela pergunta em um tom nervoso e preocupante ao mesmo tempo. Não sei porque, mais mesmo depois de adulta ela insiste em querer cuidar tanto de mim como criança.

- Oi mãe, estou bem. Eu estou aqui com Miguel, ele me chamou pra lhe ajudar em uma caçada ou algo do tipo. - digo calma enquanto olho Miguel. Ele ri pela minha calma ao responder minha mãe que praticamente estava furiosa.

- Não deve sair assim do nada. Me deixou preocupada. - ela fala um pouco mais baixo e aliviada - Pelo menos está com alguém confiável - ela continua -

- Aí mãe, não sou tão doida de sair por aí sozinha né! - reviro os olhos começando a andar por uma lado e do outro enquanto falo com ela -

- Não é, então o que foi isso que você fez?.. Vê se não faz isso de novo! - ela me alerta -

- Tudo bem mãe, não vou sair assim de novo! - falo respirando fundo.
 
- Então ok, até mais tarde! - ela fala se despedindo e desliga o telefone -
Miguel começa a rir de mim como se eu tivesse feito algo engraçado. O encaro e pergunto:

- O que foi? Até parece que nunca teve mãe? - levanto uma sombrancelha enquanto cruzo os braços -

- Não é nada. Parece que você é uma criança mimada falando com a mamãe! - então ele começa a caçoar de mim enquanto ri - Até parece uma menininha de 10 anos!

- Ah é. Não vou nem comentar nada sobre "Melzinho" dá mamãe! - sorrio de lado enquanto enfatizo o melzinho. Ele logo fecha a cara e me encara. Parecia estar furioso comigo. Melzinho era um apelido que sua mãe havia lhe dado quando criança, ele o odiava. Outros zoavam ele por causa disso. Mais pra mim ele era o mel dá minha vida, deixava tudo melhor. Ele não respondeu nada, ficou calado -. Agora quem não gostou foi você né, viu como é bom caçoar dos outros!

   Ele continua me encarando sem falar nada com a cara fechada e sem parar de rir de seu comportamento, encosto em uma árvore. Com rapidez ele me prende nela entre seus braços e fica parado em minha frente:

- Você é muito astuciosa sabia! Nunca imaginei que você fosse falar isso pra mim, não sabe o perigo que corre. - com o rosto bem perto do meu, ele olha bem fundo dos meus olhos -

- Você pode esperar tudo de mim, você me conhece mais do que ninguém, então já era pra saber disso! - o encaro sem nenhum medo ou preocupação -

    Então nesse momento ouvimos um barulho bem longe dali. Olhamos para a direção e então voltamos a nos encarar.

- Essa conversa não acaba por aqui senhorita Katherine. - ele da uns passos pra trás ainda me encarando. Seu olhar está meio divertido com a situação, se fosse outra pessoa provavelmente ela já estaria sem o coração. Mais aposto que ele não faria nada comigo por eu ter falado aquilo.
   Então andamos em direção ao barulho que ouvimos.

The Dark Dream - Separados por um DestinoWhere stories live. Discover now