Stephany - A alcatéia

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Sendo uma imortal sempre foi difícil me acostumar com minha vida. Principalmente para mim, que queria ser livre ou pior que isso queria ter uma vida humana. Enfim meu nome é Stephany, uma adolescente ... ou qualquer um poderia imaginar isso pela minha aparência de dezessete anos, que na verdade tenho cem. Isso mesmo, cem anos e esclarecendo sou uma loba, sim uma loba, digo isso porque é mais bonitinho do que pronunciar o correto que seria "lobisomen".

Desde quando nasci fui colocada pra seguir ordens do Líder sem questionar, assim como todos os outros da alcatéia, é difícil não seguir as regras de um Líder. Minha mãe me contou coisas absurdas sobre as punições pra esse tipo de coisa, assim como todos também ouviram essas histórias, faria qualquer criancinha que chorava por apenas ralar o joelho ter pesadelos ou enlouquecer, ela sempre me aconselhou a não retrucar nem perguntar nada que seja arriscado para criar dúvidas no conselho, se houvesse desconfiança não haveria clemência.

Falando do conselho ele era formado apenas por três membros, "Os mais antigos", Michael o líder dá alcatéia, com certeza o cara mais duro e impiedoso daqui. Lexie que era o braço direito do Michael, tinha grandes habilidades na luta, diziam que ela salvou o Líder de várias situações arriscadas. E tinha Robert o cara que cuidava pra nada dar errado, ou seja, o cara que controlava as atividades da alcatéia e cuidava das punições também, eu acho que ele podia ser o líder, pois, tinha mais cara de impiedoso e duro que Michael.

A noite nos reuníamos numa colina e contávamos algumas histórias, contos de mais de séculos atrás, a guerra contra os seres místicos. Michael sendo o mais velho de nós, mais de quatro séculos pra ter uma noção, participou dessa guerra, sendo o braço direito do nosso falecido líder que morreu durante uma das guerra, o único momento que gostava dele é quando contava essas histórias. Eu sempre ficava em dúvida sobre a dos famosos sugadores de sangue:

- "Desde muito tempo os vampiros se achavam os donos de todas as terras, o mundo para eles era como um banquete, humanos viviam horrorizados, trancados em suas casas com medo de quem poderia ser a próxima vítima, até um dia eles cometeram um erro e mataram mais de um da nossa alcatéia e alegaram ser um acidente, mas não íamos permitir que acontecesse de novo. Reunimos um exército e atacamos, causando uma guerra trágica e sangrenta, que durou anos, até que a líder de um clã chamada Alex resolveu fazer um acordo, se acabasse a matança os humanos viveriam seguros, e as espécies em paz, mas separadas de um certo modo(...)" - essa história é de certo modo encantadora.

Bom não mencionei praticamente nada do modo que vivemos, uma área no meio da floresta onde não tinha tantas árvores, do lado de um rio, como um acampamento. Em vez de barracas tínhamos algumas casas, como as de humanos mesmo, éramos em trinta pessoas. Mais é claro que havia mais, espalhados pelas florestas em vários cantos do país. Bom em uma das casas vivia eu, meus pais Hilary e Bruce, meus dois irmãos, o Dylan que era dez anos mais velho que eu. E meu irmão o mais novo dá alcatéia Jimmy, ele tinha dez anos, isso basicamente o torna um "bebê", ainda tinha muito que aprender.

Dividimos a casa com mais duas pessoas, um garoto chamado Luke e uma garota chamada Liza eles eram irmãos e perderam os pais na guerra, Liza era mais velha, tinha quinhentos anos enquanto Luke tinha a idade do meu irmão.

Luke era o mais próximo que eu tinha como amigo, ele era inteligente, legal e lindo com o tempo fomos nos tornando próximos. Isso me fez bem já que não tinha nenhum outro amigo, e não falava com ninguém. Sempre o via como irmão e ele me considerava uma irmã também. Mas com o tempo, parece que as coisas mudam e talvez um dia eu pudesse ter uma chance com ele.

Saía duas vezes na semana pra caçar, geralmente era um grupo com cinco pessoas, sendo que, cada uma ia para o seu lado. Luke sempre sabia dos meus planos, era uma desculpa, eu na verdade saía pra observar a cidade próxima. Eu era fascinada pelos humanos

Era arriscado, mais eu não tenho culpa. Parecia que alguma coisa naquela cidade me atraia, talvez o jeito social deles, ou quem sabe suas tecnologias não sei, era completamente diferente da nossa vida. Eu contava tudo ao Luke, o meu desejo era sair da alcatéia e viver naquela vida, e como eu costumava demorar mais de quatro horas caçando, era a última a chegar, isso me custou muito.

Eu demorava mais que o previsto e isso causou uma certa desconfiança. Pra eles duas horas de caça já bastava. Não podia caçar sozinha, era seguida e observada, parecia que estava sendo testada, estão fui forçada a agir normalmente, se eles descobrissem, eu estava ferrada.

Acordei de manhã pra minha rotina normal, escovar os dentes, pentear o cabelo, tomar um banho, tomar café, e seguir com as atividades da alcatéia. Minha mãe estava lá fora pegando o que precisava para fazer o almoço. Fui até ela e lhe dei um beijo:

- "Bom dia mãe."

- "Bom dia meu amor, como você está?" - Minha mãe sabia que algo vinha me deixando inquieta a muito tempo, acho que é uma coisa que as mães sentem. Respondi depois de um suspiro:

- "Estou bem mãe, só estou um pouco entediada..." - ela me olhou bem.

- "Tem certeza ?

- "Tenho mãe" - menti - "Não se preocupe."

- "Hum. Venha me ajudar a fazer o almoço então, mais antes pegue os galões e encha-os para mim.

- "Tudo bem então."

Conhecendo minha mãe aquilo ia levar em uma grande conversa na volta, mais não liguei, peguei os galões e fui até o rio. Quando acabei e me virei pra voltar, Lexie apareceu do nada e me bloqueou. Congelei, nunca tinha conversado com ela, e muito menos ela parava pra conversar se não fosse algo sério. Reuni minha coragem e perguntei:

- "O que eu fiz de errado?" - me arrependi logo depois de perguntar isso. Ela foi direta.

- "Aqui temos regras que devem ser seguidas." - Indagou. Fiquei intrigada e retruquei.

- "O que exatamente acham que eu estou fazendo?"

- "Não sabemos, e é isso que eu quero saber"

- "Pois saiba que não estou fazendo nada de errado!" - Rebati.

- "Isso vamos ver mais tarde, você sabe o que acontece com os traidores e aqueles que não seguem as regras..." - ela deu um leve sorriso que me irritou.

- "Sei, e sei também que não sou um deles." - peguei meus galões e sai, encarando Lexie com um olhar matador que ela provavelmente não esqueceu.

De uma coisa eu tinha certeza, ela sabia de alguma coisa.

The Dark Dream - Separados por um DestinoWhere stories live. Discover now