Desculpa!

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Pisquei os olhos totalmente desorientada. Ao abri-los, notei que estava em meu quarto. Era de manhã, segunda-feira, hora de ir para a escola, mas e a vontade? Não tinha!

Em meio a suspiros, fui tomar meu banho. Não escutei o costumeiro barulho de vozes no andar de baixo, minha família não estava tão feliz naquela manhã, também não era pra menos. Deixei a água sumir com a sujeira do meu corpo e talvez ela também sumisse com o incômodo que sentia em meu peito. As palavras de Chris me atingiram profundamente ontem, mas hoje era um novo dia, não que não estivesse triste, eu estava, mas palavras como "diferente", "estranha" ou coisas do tipo, não faziam mais parte do vocabulário que eu costumava escutar e não seria agora que eu voltaria a me sentir atingida por elas.

Eu não era diferente, muito menos estranha. Nada do que alguém falasse poderia me magoar quanto á minha condição, havia aprendido isso com as diversas seções que tive com a psicóloga, mulher essa que conseguiu deixar minha mente bastante estruturada para momentos como esse. E se a mente do meu irmão que não estava estruturada o bastante para que ele me atacasse da forma que fez, o problema era dele e não meu. Ainda sim, eu estava chateada.

Chateada por sua reação, não a de me xingar ou algo do tipo, não me remoeria por causa disso, mas a de se voltar contra sua própria família por alguém tão desprezível quanto Blake, a quem ele acabara de conhecer. Estava ainda mais chateada por Camila, não por ela ter saído daquela forma daqui de casa, mas por que ela teve motivo para fazê-lo. Em seu lugar, faria o mesmo. Certo que ela pegara a história pela metade, mas as palavras de Chris não ajudaram, principalmente numa hora errada como aquela. Eu faria o mesmo. E isso doía porque eu sabia que ela estava certa em não confiar em mim. Quem confiaria? Quem confiaria quando nem o seu próprio irmão confiava? Ainda mais alguém como Camila, cuja vida tinha se tornado bastante turbulenta por conta de um idiota que não sabia o que sequer essa palavra significava: confiança.

- Filha? – Ouvi batidas em minha porta assim que havia terminado meu banho e me trocado. Minha mãe entrou pela primeira vez em meu quarto desde ontem. Assim que percebeu que Chris se fora juntamente com Blake, ela tentara me procurar para ver meu estado, mas Vero e Taylor interviram dizendo que eu precisava ficar sozinha e ela aceitou o pedido de minhas irmãs. Tanto que as duas também me deixaram sozinha desde ontem á tarde, depois de cuidarem de mim e me colocarem na cama. Eu nem fazia ideia de que havia dormido tanto. – Podemos conversar? – Clara parecia calcular cuidadosamente suas palavras, assenti e ela entrou no quarto, sentei em minha cama de frente para ela. – Hm. Você precisa ir para a escola. – Não era um pedido, muito menos uma ordem, era apenas uma observação. Clara fazendo seu papel de mãe.

- Não estou afim. Não irei hoje. – Apontei a olhando firme e ela assentiu entendendo.

- Sabe que o Chris não fez aquilo por mal, não sabe?! – Ela perguntou nervosa engolindo em seco ao ver meu olhar para ela.

- Não o defenda. – Falei cruzando os braços.

- Não estou, querida, juro que não estou. – Sua voz parecia denunciar seu estado, ela estava se partindo. Odiava ver sua família em crise e ficava aos prantos quando qualquer coisa do tipo acontecia. – Ele deve ter falado aquilo da boca pra fora, Laur, você conhece o Chris, até eu fiquei surpresa com o que ele disse.

- Não importa. Ele não está mais aqui, está?! Nem a coragem de vir pedir desculpas ele teve. – Apontei remoendo suas palavras.

Por mais duro que ele tenha sido e por mais que nunca tivéssemos qualquer discussão mais forte do que a de ontem, Chris e eu sempre voltávamos a nos falar, éramos orgulhosos, mas em menos de uma hora estávamos falando um com outro novamente. Com Taylor e Veronica sempre durava mais tempo, porque elas viviam me alfinetando quando estávamos brigadas, mas Chris e eu sempre ficávamos muito quietos quando coisas assim aconteciam e garanto que isso nos fazia pensar mais claramente sobre nossas atitudes, assim, logo um ia de encontro ao outro, para fazer as pazes.

Unpredictable LoveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora