Cap 8

39.4K 2.6K 396
                                    

Assim que chego, me sento em uma das mesas vazias do fundo, não quero que ninguém perturbe nossa conversa. Temos muito o que dizer.

No tempo em que espero, começo a caçar pontas duplas em minhas madeixas para me distrair e quem sabe o tempo decida passar mais rápido. Depois de quase cortar meu cabelo pela metade e ver o garçom passar por minha mesa umas dez vezes, ouço o barulho do sino da porta, indicando que alguém entrou. De imediato levanto minha cabeça e lá vem ela. Está diferente, obviamente porquê não está deitada em uma cama. Os cabelos castanhos estão soltos, o braço está envolto de faixa, para cobrir o curativo, não está de salto, o que me faz querer rir por um instante. Carrie sempre foi pequena e eu acostumei vê-la de salto, dessa vez ela está com sapatilhas. Algo em seu pescoço me chama a atenção. O terço que o pequeno Scott e eu compramos para ela. Não consigo evitar sentir um turbilhão de sentimentos ao mesmo tempo. Alívio por ver que ela está bem. Medo por não saber onde nossa conversa irá acabar. Ansiedade para que esse fase toda acabe e voltemos a ser o que éramos.

Ela olha para os lados tentando me encontrar. Penso em não levantar a mão e apenas sair pelos fundos, mas eu não me perdoaria por isso, então apenas ergo a mão para que ela possa ver onde estou. Sinto um pouco de tensão quando seus olhos encontram os meus, mas ela não hesita, apenas vem andando até mim.

- Oi - falo com um pequeno sorriso nos lábios. Isso está horrível. Desde quando somos tímidas para falar com a outra?

- Oi. - ela responde com o mesmo sorriso morno antes em mim.

Nada de abraços. Nada de risadas. Apenas nos sentamos e ficamos olhando uma para outra esperando a primeira palavra. E penso se sou eu quem tem que começar, mas ela que me convidou, então...

- Vocês estão prontas para pedir? - o garçom volta a mesa e finalmente pergunta ao parar do nosso lado, com o cardápio na mão.

- Ainda não. Volte daqui a meia hora e se não tivermos conversando nos expulse. - Carrie responde e me surpreendo com o que ela pede. Curta e grossa.

O garçom fica alguns segundos digerindo e me olhando para saber se procede o que ela disse, apenas faço que sim com a cabeça e ele nos deixa sozinhas.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Ficamos cinco minutos olhando uma para a outra sem trocar uma palavra. Até passou pela minha cabeça que ficaríamos mais de dez, vinte ou talvez trinta minutos sem nos falar, mas uma de nós atirou a primeira pedra.

- Não tem um jeito fácil de fazer isso. - ela atira a primeira pedra - Não sei por onde começar... Eu sei que os últimos dias têm sido uma loucura e eu não tenho noção nenhuma do que você e Bennet passaram naquele hospital, sei que...

- Carrie... - tento interrompe-la, mas ela resiste.

- Me deixe falar, estou com isso preso e preciso terminar. Sei que eu fui uma vaca, por não ter te contado sobre o que estava acontecendo. Eu estava tentando te proteger, na minha cabeça tudo ia acabar e você não ia precisar enfrentar a ex do William. Você não ia se desgastar, não ia achar que a vida estava brincando de novo.

Uau. Me proteger? Ela sabe que eu sei me cuidar, que se ela tivesse me contado eu poderia ter ajudado. Poderíamos ter evitado tantas coisas.

- Quando eu soube que a ex de Bennet estava na cidade, eu me senti estranha. Descobrir que ela já foi a ex de Will me fez ficar com a cara no chão. A história em si, dela trocar de irmão e achar que isso ia ser normal, sumir e retornar achando que as coisas voltariam a ser o que eram, isso... Eu estive no seu lugar. Descobri que meu noivo tem um filho de uma mulher desprezível, mas ambas sabemos que isso não é algo de outro mundo. Eu só quero que você entenda que mesmo não demonstrando nos últimos dias, você é e sempre será minha melhor amiga. Ninguém vai ocupar esse lugar a não ser você.

Diamante Imperfeito Onde as histórias ganham vida. Descobre agora