Prólogo

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Me levanto da mesa e ando até o bar do restaurante. Não estou nem um pouco afim de ouvir sobre o chefe cretino de Carrie. Mesmo não o conhecendo, tenho a sensação de que ele é um filho da mãe incorrigível, com um ego do tamanho da quinta avenida.

Me sento em uma das banquetas vazias do bar e espero o barman se virar para  fazer meu pedido. Enquanto aguardo ele atender outra pessoa, fico brincando com os meus fios de cabelos castanhos.

- O que a senhorita vai querer? - o barman pergunta se voltando para mim. Seus punhos estão fechados e apoiados na pia do outro lado do balcão, ele me olha como se eu fosse algum pedaço de carne, tento parecer gentil e não ligar, mas não duraria por muito tempo. - E então...?

- Uma Gin tônica para mim e uma margarita para a moça. - uma voz grave masculina soa atrás de mim. O barman olha para o alguém além de mim, com uma cara não muito boa e se vira para fazer os pedidos. Obrigado. Viro minha cabeça para saber quem tinha acabado de escolher uma bebida para mim.

Por uma fração de segundos acho que estou em outra dimensão. Impossível não ficar vidrada nos olhos verdes, os cabelos de um castanho claro penteados para trás, a elegância do terno em seu corpo. Obrigado rápida análise de três segundos. Sorrio.

- Se eu não tivesse chegado, ele provavelmente teria te engolido. - o homem elegante fala. Definitivamente é meu dia de sorte.

- Obrigado então. - agradeço olhando para seus olhos maravilhada.

O rapaz se senta na banqueta ao lado e continua a me olhar. Desvio meus olhos de sua imagem e tento continuar minha brincadeira com minhas madeixas que agora não me distraem de jeito nenhum. Vejo pela visão periférica que ele continua a me olhar, mas agora um sorriso foi acrescentado a suas feições.

- Você tende a ser tão mau educada com as pessoas que te pagam uma bebida? - sua voz mais uma vez soa no ambiente, mas dessa vez com um pouco de humor.

Não, na verdade, só não quero olhar para você que com certeza é um pedaço de mal caminho. Mas não foi isso que falei.

- Não estou acostumada a ter bebidas pagas por um homem. Geralmente sou eu quem paga. - respondo ainda envergonhada.

O barman coloca nossas bebidas no balcão e sai do meu campo de visão. Olho para o homem ao meu lado que bebê a Gin tônica e mesmo assim não tira os olhos de mim.

- Sua mãe não te ensinou que é feio encarar?

Ele abre o lindo sorriso e descansa o copo no mármore.

- Ela me ensinou a apreciar esculturas.

Ok, isso foi ótimo. Olho no meu relógio de pulso para conferir a hora e eu estou dez minutos atrasada, isso com certeza fará a Sra. Hernandez me dar uma bronca, mas por míseros segundos eu não ligo. O joguinho bobo de flerte com esse cara está bom e eu quero ver no que vai dar.

- É assim que você consegue transar com as mulheres? - pergunto ao provar da bebida escolhida por ele.

- Essa eu nunca tinha tentado antes. Admito que foi feita especialmente para você.

Reviro os olhos. Não mesmo. Olho para a mesa em que eu estava sentada e vi as meninas rirem de algo que provavelmente é relacionado a Carrie, já que ela está se escondendo atrás de um cardápio.

- Procurando alguém?

Volto a olhar pra ele e faço que não com a cabeça. Qual as chances de um dia entediante em Nova York se tornar um dia particularmente bom, por causa de um homem estranho que conheci no bar do restaurante, quando eu fugia do assunto Bennet Carter e sua arrogância?

Ele se levanta e se aproxima de mim. Natalie, seja firme. Sorria e dispense-o, ou saia para conversar. Qual as chances de isso acontecer de novo? Nenhuma.

- Talvez se você disser seu nome, podemos sair daqui e conversar em outro lugar. - ele sugere. Contenho meu sorriso e travo os lábios no canudo preto.

- Não funciona assim. - falo.

Ele dá um sorriso de canto e deixa a cabeça cair um pouco para o lado.

Dou meu último gole na bebida de vodca com algo de limão e laranja com meu canudo, e olho para ele.

- Natalie. - estendo minha mão.

Ele lentamente pega minha mão com a sua um tanto áspera, vira minha palma para baixo, aproximando de sua boca. Ele não vai fazer isso. Seus labios de aproximam da minha mão e e encostam na base dos dedos. Sinto meu rosto queimar. Todo o processo que em minha mente durou meia hora, ele fez me encarando de um jeito que certamente foi o motivo de um longo arrepio.

- Prazer, sou William. - murmura ele.

Finalmente um nome para um rosto que certamente lhe servia bem. Retiro minha mão da sua e me levanto da banqueta. Vamos trabalhar, chega de fantasias!

Pego minha carteira em cima do mármore, me levanto e passo a mão pela minha calça como de hábito. William abotoa o casaco de seu terno e apenas fica esperando. Será que eu devia sair com ele? E se eu não fizesse? Muita coisa mudaria? Droga, de dúvidas. Vamos apenas sair do restaurante e ver o que acontece.

Saio do restaurante e ele continua a vir atrás de mim. O ar de Nova York está quente nessa tarde, talvez eu deveria ter vindo de vestido ao invés de um terninho preto. Na calçada do restaurante me viro para ele para me despedir, definitivamente vamos voltar para a realidade.

- Foi um prazer te conhecer, William. Mas, tenho voltar para meu trabalho, então...

Ele coloca as mãos dentro do bolsos da calça, uma em cada um. Seu sorriso largo se abre de novo. Isso por algum acaso é a cantada dele? Porque porra, o sorriso dele é matador? Os dentes brancos com os lábios meio avermelhados.

- Talvez eu possa te acompanhar - ele chega mais perto.

Isso é bom, certo? Ele só vai me acompanhar e nada mais. Vamos chegar no meu trabalho e vou dizer a minha chefe que o trânsito estava de matar - o que não deixa de ser verdade.

Ergo minha mão na altura de seu peito para impedir que ele chegue mais perto.

- Você vai me acompanhar e só isso. - falo.

- Vou tentar me comportar - e mais uma vez ele sorri, me dando a conhecida sensação de "Estou fudida".

Puta merda.

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Para vocês que queriam muito o segundo livro, aqui está o prólogo para deixar vocês animadinhas, mas ainda não tenho uma data para começar a postar.

Bjo na alma.

Diamante Imperfeito Onde as histórias ganham vida. Descobre agora